Professores do DF seguem na luta por valorização
Greve dos professores

Professores do DF seguem na luta por valorização

Em greve há nove dias, educadores exigem reestruturação da carreira e denunciam falta de diálogo do governo; deputado Fábio Felix reforça que movimento é por dignidade, não ideologia

Tatiana Py Dutra 11 jun 2025, 09:19

Foto: Alê Bastos/Ascom Fábio Felix

A greve dos professores e professoras da rede pública do Distrito Federal, que já dura nove dias, escancara a negligência histórica do governo Ibaneis Rocha (MDB) com a educação pública e com os profissionais que sustentam a base do serviço público mais essencial do país. Em assembleia realizada nesta terça-feira (10), a categoria decidiu pela continuidade da paralisação, após mais uma rodada frustrada de negociações com o governo – que insiste em propostas vagas e em posturas autoritárias.

Organizados pelo Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), os trabalhadores e trabalhadoras da educação se concentraram em frente à Funarte, no centro de Brasília, e marcharam até o Palácio do Buriti, para protestar em frente à sede do governo distrital. 

A principal demanda da categoria é a reestruturação da carreira, com ênfase na valorização do vencimento-base, que o Sinpro-DF propõe dobrar. Mas os educadores não pedem apenas salários: exigem respeito ao tempo de serviço dos temporários que forem efetivados, aumento real nas progressões de carreira e reconhecimento da qualificação acadêmica – muitos com especialização, mestrado e doutorado, mas recebendo salários defasados.

Entre as reivindicações estão:

  • Dobrar o salário-base da categoria;
  • Contar o tempo de serviço dos professores temporários efetivados para efeitos de progressão;
  • Aumentar os percentuais de reajuste nas mudanças de padrão;
  • Reconhecer a progressão horizontal com ampliação real dos salários para quem tem qualificação (especialização, mestrado, doutorado).

A resposta do governo Ibaneis, até agora, tem sido irrisória. O GDF propôs:

  • Convocar apenas 3 mil docentes em dezembro de 2025;
  • Prorrogar a validade do concurso de 2022;
  • Realizar novo concurso apenas no segundo semestre deste ano;
  • Construir um cronograma de reestruturação da carreira em até 90 dias, mediado pelo TJDFT.

Diante da falta de propostas concretas para a valorização salarial, a categoria rejeitou o plano. Em vez de negociar, o governo escalou o conflito: recorreu ao Judiciário, conseguiu que o TJDFT declarasse a greve ilegal e impôs uma multa absurda de R$ 1 milhão por dia ao sindicato. A criminalização da mobilização só foi revertida graças à decisão do ministro do STF, Flávio Dino, que derrubou a multa, mas manteve o corte de ponto e a ordem para encerrar a greve – um duro golpe para os servidores.

Na Câmara Legislativa, o deputado distrital Fábio Felix (PSOL) tem sido uma das poucas vozes a defender publicamente a greve e enfrentar os ataques da extrema-direita, que tenta desqualificar o movimento. 

“Não é uma greve de esquerda ou uma greve de direita. É uma greve em defesa da educação pública”, afirmou o parlamentar, rebatendo o discurso ideológico usado para deslegitimar a mobilização.

Fábio Felix também expôs o abismo entre o discurso e a prática do governo Ibaneis: 

“Carreira que não tem reestruturação, com salário médio de R$ 5,7 mil, e é a que mais tem doutores. Não dá pra fazer discurso dizendo que valoriza a educação enquanto vira as costas pros professores e professoras”. Para ele, a responsabilidade é clara: “Se a escola está fechada, se o professor está parado hoje, a culpa não é do educador, não é da escola, não é do sindicato. A culpa é do governador Ibaneis Rocha”.

Enquanto isso, a Secretaria de Educação do DF se mantém alheia ao caos. Em nota burocrática, disse apenas que “acompanha o movimento com atenção”, mas que não se manifestará até o fim da greve – um silêncio que beira a covardia institucional.

Segundo a própria pasta, apenas 102 das 713 escolas públicas aderiram integralmente à greve, mas esse número não reflete a força do movimento: milhares de educadores seguem mobilizados, mesmo com as ameaças e o corte de salários. A greve continua porque há algo maior em jogo: a dignidade de quem educa e a qualidade da escola pública que atende a maioria da população.


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Camila Souza