Roberto Robaina lança livro que faz raio-x da ascensão da extrema direita
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Roberto Robaina lança livro que faz raio-x da ascensão da extrema direita

“A Ascensão da Extrema Direita e o Freio de Emergência” teve lançamento sexta-feira, em Porto Alegre, com participação do filósofo Vladimir Safatle

Tatiana Py Dutra 23 jun 2025, 11:23

Fotos: Bruna Porciúncula e Tatiana Py Dutra/Revista Movimento

“A extrema direita não caiu do céu. Ela é filha direta da crise do capitalismo”, afirma o vereador e militante socialista Roberto Robaina, autor do recém-lançado “A Ascensão da Extrema Direita e o Freio de Emergência ” (Editora Movimento). O livro, apresentado ao público na última sexta-feira (20), no Clube de Cultura, em Porto Alegre, reúne reflexões políticas e teóricas sobre o avanço autoritário em escala global, e propõe um ponto de virada: entender, nomear e combater o fascismo com organização e elaboração estratégica.

A atividade de lançamento contou com a participação do filósofo e professor da USP Vladimir Safatle, que destacou o caráter corajoso da obra. 

“É um livro muito importante, porque é raro. Rara é a figura de alguém como o Roberto, que é um líder político vinculado à sua prática, mas também um pesquisador preciso e minucioso como ele demonstra neste livro”, afirmou Safatle, saudando a ousadia de Robaina em “dar nome ao problema”. 

Segundo o professor, a recusa em nomear o fascismo como tal é uma operação constante, tanto na academia quanto na grande imprensa: 

“Falam em ultradireita, em iliberalismo – o que é curioso, como se o padrão fosse o liberalismo – em populismo, conservadorismo… tudo para não dizer o que o povo grita nas ruas: é fascismo”.

Robaina endossa a crítica e aponta que o livro surgiu de uma necessidade concreta: fornecer instrumentos para enfrentar politicamente esse inimigo, não só nas urnas, mas no cotidiano das disputas sociais. 

“Senti como uma obrigação contribuir para o debate sobre o momento em que vivemos. É um pequeno apanhado de ideias, de pensadores que considero fundamentais para entender a dinâmica dos movimentos autoritários no passado e no presente”, explicou.

A obra tem prefácio de Michael Löwy, intelectual marxista de referência internacional, e é atravessada por leituras de autores como Adorno, Freud, Reich, Trotsky e Enzo Traverso, além do próprio Safatle. Mas, longe de ser um exercício meramente acadêmico, Robaina estrutura o texto como um “mosaico político-pedagógico” que busca “resgatar elaborações anteriores, conectar com a realidade atual e oferecer uma bússola para as lutas que vêm”.

Safatle reforçou esse aspecto militante do livro: 

“É uma obra que tem coragem de sair da retórica vaga e pensar a extrema direita como aquilo que ela é: uma força com projeto de massas, que se conecta com a subjetividade autoritária presente no senso comum”. 

Ele relembrou a importância da pesquisa empírica da Escola de Frankfurt sobre a personalidade autoritária e alertou: 

“A adesão ao fascismo não é apenas ideológica; ela está enraizada na formação afetiva e social das massas”.

Robaina foi ainda mais direto ao relacionar o crescimento da extrema direita às traições e retrocessos das experiências de esquerda após a crise de 2008. Citou as mobilizações do Syriza na Grécia, o Podemos na Espanha, a Primavera Árabe e as jornadas de Junho de 2013 no Brasil como momentos de resposta popular à crise do capitalismo, que foram reprimidos ou traídos pelos próprios governos. 

“Não foi junho de 2013 que criou a extrema direita no Brasil. Foi a derrota de junho, a repressão que se seguiu, a desorientação que veio depois”, afirmou.

Para ele, não basta combater o neofascismo no plano moral. É preciso uma nova articulação da esquerda radical, com estratégia e unidade real. 

“Hoje todos sabem que a extrema direita é forte. Mas poucos se perguntam: por que ela é forte? O que a alimenta? O que permitiu sua ascensão? Essa análise é chave para saber o que fazer”, declarou, mencionando também a importância de recuperar a tática da frente única como defendida por Trotsky e Ernest Mandel.

O lançamento reuniu figuras históricas da esquerda gaúcha e nacional, movimentos sociais, militantes do PSOL, lideranças do movimento sindical, educadores e ativistas da moradia. Em sua fala de encerramento, Robaina foi enfático: 

“Temos que construir um polo político de esquerda que enfrente a extrema direita com radicalidade, mas também com projeto. Precisamos reagir à melancolia da derrota organizando a esperança – e isso só se faz com ideias, luta e unidade”.


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