Terrorista é o governo Cláudio Castro
Governador do Rio de Janeiro se apoia em Trump e na extrema direita para seguir uma política genocida
Foto: Manifestação do Morro de Santo Amaro. (DE/Reprodução)
Poucos dias após o assassinato de Herus Guimarães, trabalhador baleado pela polícia em uma festa junina no Morro de Santo Amaro, o Rio de Janeiro amanheceu paralisado por conta de uma operação no Complexo de Israel, deixando pelo menos cinco pessoas feridas. Em seu pronunciamento, Castro e seus representantes fazem questão de chamar os traficantes que entraram em confronte de “narcoterroristas”: um termo que não é ocasional.
Ainda esse ano, o governador do Estado do Rio de Janeiro fez uma viagem para os Estados Unidos com o objetivo principal de fazer com que o país classificasse organizações como o Comando Vermelho como organizações terroristas. Com isso, o governador tem dois objetivos principais: o primeiro é ampliar uma parceria com os norte-americanos na agenda de segurança pública e a segunda é construir uma narrativa e sentido que justifique sua política genocida.
Ao classificar essas facções como terroristas e não como empresas criminosas que são, o governo quer inserir sua política genocida contra a juventude negra em um vocabulário da extrema-direita internacional. Ou seja, ao invés de se preocupar com os problemas objetivos que permitem a ampliação do tráfico de drogas no país (ampliação de sua atuação em bancos, lavagem de dinheiro, tráfico de armas), que construir um “inimigo comum” em uma guerra que só pode ser resolvido mantendo e ampliando a lógica do Estado genocida. Usa a mesma narrativa que o Estado de Israel utiliza sobre a Faixa de Gaza para justificar uma política de domínio sobre os palestinos e manutenção da extrema-direita no poder.
A consequência é lógica. Ao aplicar a narrativa do combate ao terrorismo, Castro expõe o que é seu governo: uma gestão que utiliza da morte e do terror para se manter no poder. Construindo um plano de domínio político pelo Estado do Rio de Janeiro que mantém as favelas e a juventude negra como reféns, Castro usa o terror e a política de sangue como instrumento. Adota o discurso e narrativa que se assemelha a ao Estado terrorista de Israel, escancarando a política terrorista também de sua gestão do Rio de Janeiro.
O combate às grandes estruturas criminosas é um debate que precisa ser feita também pela esquerda. As grandes facções e milícias se tornam cada vez mais empresas monopolistas capitalistas que dominam desde a extração de madeira na Amazônia até a venda de gás nas comunidades cariocas, como faz o CV.
Porém, ignorar que são uma estrutura econômica altamente conectada à economia capitalista formal e declará-las como terrorista não vai produzir nada além de mortes e na busca de votos para os executores.
Um programa sério de segurança precisa debater sobre lavagem de dinheiro: a fundação de um banco pelo PCC, que movimentava bilhões em criptomoedas e que também foi usado pelo CV (4TBank) demonstra isso. Precisa falar sobre as armas compradas legalmente nos EUA e trazidas para nosso país ou mesmo do contrabando facilitado pelo agronegócio. Ou seja, precisa de um programa que enfrente os interesses econômicos de quem lucra com o crime, inclusive os que tem suas confortáveis casas na Faria Lima.
Castro não se preocupa em fazer isso, ele quer manter um sistema de dominação pelo terror. Não debate segurança pública, mas sim seguir em uma política de genocídio que usa o palavreado de Netanyahu e busca o apoio de Trump para tentar se fortalecer em seu projeto de poder. Ao usar e repetir o termo terrorista ao que está acontecendo em seu próprio Estado mostra sua cara: um genocida que constrói uma política terrorista de Estado para manter seus privilégios. Por isso precisa ter seu mandato cassado e precisa ser responsabilizado: é preciso uma resposta a esse genocídio!