Sobre o processo eleitoral no Sindicato do Metroviários de SP e a continuidade da luta contra a privatização
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Sobre o processo eleitoral no Sindicato do Metroviários de SP e a continuidade da luta contra a privatização

Declaração dos metroviarios do MES/TLS-SP sobre a conjuntura e as táticas de luta da categoria em São Paulo

Metroviarios do MES/TLS SP 11 jul 2025, 16:03

A categoria metroviária passará por uma importante etapa da sua organização interna, a eleição da gestão que estará a frente da entidade no próximo período. O papel definidor do nosso sindicato nas lutas contra as privatizações e o desmonte do serviço público tem uma importância gigante na organização da classe trabalhadora em São Paulo, estando sempre na vanguarda da defesa dos direitos do nosso povo. São décadas de ofensiva privatista às empresas públicas, atravessando diversos governos. Mas inegavelmente, abriu-se um momento muito duro dessa ofensiva a partir do governo Tarcísio de Freitas – marcado por um aprofundamento brutal dos ataques aos serviços públicos visando remodelar toda a estrutura estatal do Estado. Se utilizando de todos as formas possíveis de privatização à curto e médio prazo (concessões, desvinculações, terceirizações, etc.) como método permanente dessa remodelação. Começando, evidentemente, pela administração indireta do Estado na forma das empresas públicas como SABESP, CPTM e Metrô.

Então não é pouco dizer que nosso sindicato tem uma importância enorme tanto na resistência contra toda essa agenda de destruição através da luta contra a privatização, mas também como ponto de apoio aos movimentos sociais das mais diversas frentes de atuação. E também não é pouco afirmar que esse será o período mais desafiador da nossa história como categoria, exigindo que a próxima gestão do sindicato aposte de forma incisiva na luta política direta e que seja parte ativa da luta ideológica para disputar a consciência do conjunto da população que utiliza o Metrô e outros serviços públicos essenciais que estão ameaçados. Denunciando a extrema-direita e direita tradicional que expressam um programa agressivo de entrega de todo o patrimônio do povo de São Paulo à iniciativa privada e grandes conglomerados econômicos. Mas também as privatizações operadas nacionalmente pelo governo federal, que privatiza Metrôs federais e segue direcionando recursos robustos via BNDES para o financiamento das privatizações implementadas por Tarcísio.

O cenário político no Metrô demonstra a existência de oportunidades e dificuldades, que devem ser reconhecidas para avançarmos no “que fazer”. Entre as oportunidades estão as campanhas e iniciativas que unificam a categoria – como o boicote ao plano de fim de carreira que tem se demonstrado bastante forte. A questão do financiamento da Metrus também se mostrou como um ponto sensível de preocupação coletiva, ainda mais após o aumento abusivo da mensalidade dos empregados aposentados que ocorreu nesse ano. Mas principalmente a fundamental luta por abertura imediata de concurso público – é incontornável a situação drástica da falta de quadro e o efeito cascata que isso gera em todas as áreas que dependem de movimentação interna. As dificuldades se dão no campo da capacidade de mobilização da categoria, que por fatores objetivos e subjetivos não consegue avançar para lutas mais radicalizadas. Assim como as debilidades tanto da gestão do sindicato quantos dos setores de oposição em fazer o trabalho de base e mobilizar a categoria.

A campanha salarial desse ano mostrou essa contradição entre oportunidades e dificuldades, onde foi possível arrancar uma conquista fundamental: a renovação do nosso ACT por 2 anos após o fim da sentença normativa de 2021 que o assegurava por 4 anos. Porém, não foi possível avançar em outros pontos importantes como a retirada dos operadores de trem na Linha-15, as terceirizações que seguem crescendo em praticamente todas as áreas e abertura de negociação sobre o plano de carreira. Estamos entre aqueles que defenderam o fechamento da campanha, mas através de uma política de mobilização permanente e retorno às bases para discutir as perspectivas com a categoria.

Do ponto de vista da reconstrução do ativismo e a disputa dos rumos do nosso movimento, seguimos apostando na construção do campo do Alternativa Sindical de Base como polo de independência, combatividade e consequência. Consideramos que essa segue sendo a melhor localização para dialogar com a base e a vanguarda da categoria, e batalharemos para que esse campo cresça e tenha capilaridade nas diversas áreas. Sobre as eleições para o sindicato, houve no Alternativa uma posição majoritária pela formação de uma chapa com a composição atual da diretoria. Também houve acordo na defesa de um processo democrático de escolha da cabeça de chapa, como prévias.

Essa também foi a nossa posição do MES/TLS desde as primeiras elaborações, uma chapa de reeleição com renovação dos nomes à frente da gestão. E entre os nomes, defendemos o do companheiro Altino do PSTU como aquele que reúne as melhores condições para unificar nosso campo, a chapa e dialogar com a categoria. Não concordamos com a posição de costurar um “chapão” com as principais forças políticas que atuam na categoria. No último congresso, fizemos uma defesa importante em defesa do formato majoritário para a gestão do sindicato justamente pelo balanço do que foram as gestões proporcionais e o engessamento provocado pelas concepções totalmente opostas entre os setores. Não acreditamos que, nesse momento, seja possível construir uma unidade de gestão com setores como CUT e CTB. Setores que não faz muito tempo que defenderam reduzir nosso ACT ao invés de organizar a luta para defendê-lo. Que preferem negociar a luz do trânsito que um membro ou outro tem com a direção da empresa ao invés de apostar na democracia de base. Isso não quer dizer, de forma alguma, que não possa haver unidade de ação e ombro a ombro nos mais diversos enfrentamentos com a direção da empresa e o governo do Estado. Aliás, a defesa da unidade da classe contra os ataques dos governos e patrões é um princípio inegociável para nós e se mostra como parte fundamental da luta do nosso tempo – marcada por muita fragmentação. Mas unidade para gestão de um sindicato com a importância do nosso é algo bastante diferente.

Fazemos esse debate com os companheiros do Chega de Sufoco e militantes da Resistência que, ainda que tenhamos muitas diferenças, possuem um enraizamento importante em áreas onde reconhecemos a debilidade do nosso campo e sabemos que fazem a defesa dos direitos conquistados pela categoria, além de construirem a luta política para além das questões internas aos metroviários. Reivindicamos o principal balanço positivo da gestão, que foi a aposta no plebiscito popular contra as privatizações, as greves unificadas em 2023 (as maiores em muitos anos, onde o Metrô não conseguiu implementar a contingência devido a alta adesão) e a construção de fóruns em comum com as outras empresas ameaçadas pela privatização como SABESP e CPTM. Com a definição da construção de uma chapa nesses marcos, acreditamos que temos que colocar o bloco na rua e começar a nossa campanha. Utilizar o espaço e a audiência do pleito para conversar com os trabalhadores sobre as tarefas que temos e a importância do envolvimento massivo de todas e todos em cada etapa da luta política. Também consideramos equivocada a fragmentação do campo combativo e a aposta em tentar igualar a atual gestão com setores ligados a burocracia sindical como CTB e CUT, como fizeram os companheiros da Unidos Pra Lutar e Sindicato nos Trilhos. Essa aposta pode ter como efeito, justamente, o fortalecimento destes setores (CTB/CUT) no processo eleitoral.

Compartilhamos essas avaliações e posições para o conjunto da categoria e da vanguarda, na intenção de publicizar aquilo que consideramos serem fundamentais para politizar essa construção e apontar os rumos que vemos como os melhores para defendermos nossos empregos, nossos direitos conquistados e a empresa pública. Mas longe de apresentá-las como respostas prontas e únicas aos nossos desafios, isso a gente constrói no dia a dia, na coletividade e nas experiências concretas que fazemos. Não à privatização!


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Camila Souza