É preciso levar o anti-imperialismo até as últimas consequências
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É preciso levar o anti-imperialismo até as últimas consequências

Por uma agenda de mobilização e um programa para derrotar a extrema direita

Juntos! 5 ago 2025, 18:55

A guerra comercial travada por Trump se acelerou nas últimas semanas, com novas taxações em diversos países, entre os quais o principal caso é o brasileiro. A carta do presidente norte-americano, apesar de recuar na taxação de diversos produtos, manteve a maior porcentagem do mundo para o Brasil e explicitou ainda mais sua agenda política: a liberação de Jair Bolsonaro.

Essa disputa que vive o Brasil, porém, é um exemplo de uma dinâmica internacional que está mudando também a partir da reorganização da extrema direita. A perspectiva liberal das últimas décadas de um mundo equilibrado por organismos internacionais se mostra completamente distinta da realidade com a impossibilidade da OMC em lidar com a guerra tarifária e, principalmente, com a continuidade do genocídio em Gaza, hoje marcado agora também pela fome em massa.

Nesse cenário, importantes setores sociais pelo mundo chega à conclusão da necessidade encontrar saídas pelas ruas. As mobilizações em defesa de Gaza, como o ato de mais de 300.000 pessoas neste domingo na Austrália, são parte desse exemplo. Mas as lutas do povo norte-americano contra Donald Trump, construindo a maior manifestação da história do país nesse junho e as mobilizações no leste europeu, como a Sérvia, mas em especial a recente onda de mobilização da juventude ucraniana, demonstram que nesse período de instabilidade, é necessário refletir onde podem surgir novas saídas por meio da luta política direta.

No caso brasileiro, essa necessidade toma um caráter especial. Os atos de deste domingo pró-Bolsonaro e anistia, mesmo estando longe de chegar ao auge que a extrema direita foi capaz de mobilizar no país, demonstram que esse setor ainda precisa ser derrotado. Em um momento onde estão sofrendo um isolamento social exatamente pela decisão de Trump incentivada pela família Bolsonaro, precisamos construir saídas para fazer desse cenário uma derrota de longo prazo. Com o anúncio da prisão domiciliar de Bolsonaro nesta segunda, esse tema fica ainda mais relevante.

As manifestações do primeiro de agosto foram importantes em demonstrar uma unidade antifascista, marcando uma resposta à taxação com protagonismo da juventude. Mas também demonstraram limitações, ao serem a única articulação, ainda com perspectiva defensiva, com pretensão de pautar nas ruas a necessidade de mobilização dos setores anti-bolsonaristas. Essa situação nos demonstra um desafio: é necessário, em conjunto com a construção de iniciativas unitárias, debater como podemos construir saídas que vão além dos limites do próprio governo federal.

Para derrotar a extrema direita, especialmente nesse período de isolamento, precisamos construir um programa político que empurre a crise para uma nova alternativa popular. Que reflita como defender nossa soberania, levando essa defesa às últimas consequências: uma verdadeira soberania popular conectada às mobilizações dos de baixo pelo mundo e à luta nas ruas.

texto de Victor Luccas, na revista Movimento aponta pontos fundamentais que ajudam a construir um debate nesse sentido, que reproduzimos resumidamente aqui:

  1. Sem Anistia! Prisão para Bolsonaro e os golpistas!
  2. Aprova PL da Soberania 3.387/2025, que endurece a Lei da Reciprocidade Econômica!
  3. Romper relações com israel! Palestina Livre!
  4. Quebrar todas as patentes americanas!
  5. Taxar remessa de lucros e dividendos para o estrangeiro!
  6. Veta PL da Devastação! Reforma Agrária Já!
  7. Romper com a Austeridade e derrubar o Arcabouço Fiscal!
  8. Redução da taxa de juros e Auditoria da Dívida Pública!
  9. Regulamentação das Big Techs!


Construir um programa de soberania popular também é fundamental no momento atual. O debate sobre as terras raras no país e sua possibilidade de cessão à exploração nos Estados Unidos como moeda de troca já se encaixam nesse debate: a ofensiva imperialista de Trump ressalta a importância de defesa do território e do meio ambiente brasileiro com centralidade.

Esses pontos, porém, precisam estar conectados a uma compreensão: se nosso objetivo estratégico é a derrota da extrema direita, é preciso combater os pontos estruturantes que permitem ela se reproduzir. Enfrentar o agronegócio e seu projeto de desmonte ambiental com o PL da Devastação, acabar com o projeto econômico que tem se mantido de cortes na educação, romper relações com israel: tudo isso só é possível mudando a concepção de luta política que a esquerda tem feito no último período.

Ou seja, precisamos incentivar todas as mobilizações possíveis contra Trump e Bolsonaro de forma mais unitária possível, mas apontando que é preciso dar um passo além, construindo um programa que não permita que o Brasil siga refém não só do imperialismo diretamente, mas indiretamente com o desmonte de suas terras e a austeridade fiscal. Isso significa levar a luta antifascista e anti-imperialista até as últimas consequências.

A construção do dia 14 de agosto pode cumprir um papel importante nesse sentido, podendo se tornar um momento para que o movimento estudantil coloque à sociedade a necessidade de ir às ruas por Bolsonaro na cadeia, mas também para apresentar um programa próprio antifascista. Mas precisamos construir a disputa em cada universidade e escola de que a juventude precisa ser protagonista nesse momento, apontando uma saída pelas ruas, conectada com as experiências pelo mundo que tem demonstrado a necessidade da construção de uma alternativa pelas nossas próprias mãos.


TV Movimento

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