Se toca um, toca todos – O Brasil deve proteger seus cidadãos na Flotilha
Os olhos do mundo estão em Gaza; os olhos do Brasil sobre a Flotilla, cuja delegação brasileira enfrenta agora os maiores riscos ao chegar na zona vermelha a 150 milhas de Gaza
As próximas 24 horas serão decisivas. Enquanto o genocídio do povo palestino segue gerando indignação por todo planeta, a Global Sumud Flotilha, maior iniciativa humanitária construída nesses termos, avança rumo às águas de Gaza.
Depois de passar por todo tipo de sabotagem, acosso internacional e agressões motivadas por drones, saindo de Barcelona, passando por Túnez, chegando à Grécia para navegar rumo à etapa final, a Flotilha já é um fato mundial.
Liderada por Greta Thumberg, Thiago Ávila e outros ativistas palestinos, a Flotilha leva alimentos, remédios e outros itens de ajuda humanitária com o nítido intuito de romper o cerco do sionismo.
O Brasil conta com 16 ativistas a bordo. Temos deputados e senadores da Europa e América Latina, como Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda português e Celeste Fierro do MST da Argentina. Dentre os brasileiros, além dos três camaradas do MES, Mariana Conti (Vereadora de Campinas pelo PSOL-SP), Gabi Tolloti (Presidente do PSOL RS) e Nico Calabrese (Coordenador da Rede Emancipa e tripulante), temos figuras como Luzianne Lins (Deputada Federal pelo PT-CE), Mohamed Kadri(dirigente do Fórum Palestino), Bruno Gilga e Magno Carvalho (do Sintusp), além de ativistas e militantes.
O Estado Sionista de Israel promete interceptar nos próximos dias e horas a flotilha, acusando-a de terrorismo e usando todos os meios de tortura psicológica e ameaças. Quer impedir que a indignação diante do maior genocídio do século XXI possa transbordar em solidariedade e apoio internacional.
As manifestações que percorrem o mundo dobraram governos e fizeram valer: a Espanha se levantou e levou Sanchez a enviar o barco Furor e anunciar vários embargos comerciais em relação ao Estado de Israel; a greve geral política por Gaza paralisou a Itália e obrigou o governo de extrema direita a mandar também um navio até a costa grega. Outros países como Turquia e Grécia também se tensionam para fazer o mesmo. O mundo está com todos os olhos em Gaza.
A assembleia da ONU foi uma ilustração desse momento de tensão política. A fala de Lula foi um exemplo de crítica à Trump, resgatando a denúncia do genocídio transmitido ao vivo; a retirada de delegados dos países em protesto à fala de Netanyahu e por fim, a heroica intervenção de Petro que defendeu que o mundo precisa parar o genocídio, inclusive convocando a necessidade de um exército voluntário para combater em defesa da Palestina. Por conta dessa declaração e por participar em seguida da manifestação em defesa de Gaza, Petro teve seu visto retido, sendo proibido de voltar aos Estados Unidos. A ONU foi um retrato da situação mundial.
Na tarde ontem, após algumas horas de reunião, Trump e Netanyahu deram uma entrevista coletiva anunciando um “acordo” e instaram o Hamas a aceitar, sob pena de sofrer as consequências da “solução final”.
O acordo foi recebido com indignação por parte do ativismo palestino e da resistência, como a esquerda inglesa que atacou a postura de Blair cotado como responsável político pela nova fase da ocupação.
Por agora, temos que seguir mobilizados no Brasil, tomando os membros da flotilha que estão em alto risco. A escola estatal italiana e espanhol não ultrapassou a zona vermelha (a 150 milhas do destino final), pela qual as embarcações da flotilla devem passar para chegar à Gaza com a ajuda humanitária. Vamos seguir demandando do Itamaraty, com o conteúdo das notas que tanto os deputados levaram adiante, quanto a própria documento que a Global Summud Flotilha. Seguimos o exemplo dos estivadores e secundaristas italianos que já definiram- se toca a flotilha, bloqueia tudo.
O movimento estudantil está convocando vigílias e ações para o dia 2 de outubro. A frente palestina convoca grandes atos no final de semana, especialmente para o domingo, 5 de outubro.
As universidades brasileiras estão mobilizadas. Após acampamentos, foram aprovadas na Unicamp e na UFF a ruptura de relações comerciais e acadêmicas com o Estado de Israel.
Os olhos do mundo estão em Gaza. E estaremos com os olhos do Brasil sobre a Flotilha.
O Brasil deve se responsabilizar pelos seus cidadãos, garantindo a segurança, a repatriação e a integridade dos participantes.
Seguimos a luta pela Palestina livre, do Rio ao Mar, defendida e organizada pelos Palestinos!