Plenária convoca à construção da 1ª Conferência Internacional Antifascista
Evento reunirá forças progressistas e entidades populares em março de 2026 para discutir estratégias globais contra o neofascismo e o imperialismo
Foto: Hugo Scotte/Divulgação
Na noite de terça-feira (14), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul foi palco de um encontro que promete marcar o calendário das lutas progressistas internacionais. A Plenária Geral de Construção da 1ª Conferência Internacional Antifascista reuniu militantes, parlamentares e representantes de entidades populares para dar forma a um evento que ocorrerá de 26 a 29 de março de 2026, em Porto Alegre.
O propósito central da plenária foi ampliar e incorporar, de forma imediata, novas organizações, entidades, movimentos sociais e sindicatos ao processo de construção da conferência. A mensagem foi clara: o comitê organizador atual – composto por PSOL, PT, PCdoB, Cpers, Adufrgs e MST – é apenas o núcleo inicial que convocou o encontro, mas a 1ª Conferência Internacional Antifascista será uma construção coletiva e aberta a todas as forças dispostas a participar.
A partir desta plenária, a conferência passa a ser chamada e fortalecida por um número crescente de entidades e organizações que já manifestaram apoio e adesão à iniciativa (veja abaixo).
Após uma série de debates, o comitê chegou a seis eixos que podem basear as mesas principais da programação. Mas trata-se ainda de uma definição inicial que deve ser compartilhada e discutida pelos parceiros internacionais da iniciativa. Será com eles que serão finalmente resolvido o formato. São eles:
- A Ofensiva da Extrema Direita no Mundo: Causas, Consequências e Desafios
- A Luta Anti-imperialista e o Internacionalismo Entre os Povos
- O Brasil sob o Ataque do Imperialismo e do Neofascismo
- O Combate à Extrema Direita na América
- A Questão Palestina
- Resistências, Articulações e Alternativas
As demais atividades, conforme explicaram os participantes, serão construídas de forma colaborativa pelas entidades aderentes.
“A ideia é que essas pessoas que estão aqui, essas entidades que se somam, realmente tomem para si a conferência e façam outras atividades no centro, nas periferias, nas universidades, nas ocupações”, destacou a presidente do PSOL do Rio Grande do Sul, Gabi Tolotti, militante que recentemente integrou a Flotilha Global pela Palestina. “Em breve serão abertas as inscrições para as atividades autogestionadas. Quanto mais atividades tiver, mais forte e mais gente vamos envolver”, completou.
O vereador Roberto Robaina (PSOL-RS) relembrou que a conferência já havia sido planejada para 2024, mas precisou ser suspensa devido às enchentes no estado. Agora, com a retomada, a meta é ampliar o alcance e o engajamento internacional.
“O mais importante dessa reunião é incorporarmos as organizações, entidades e partidos que queiram ser parte. A conferência antifascista deve ser ampla, unir muitas forças, porque não há campo mais decisivo que o antifascista”, explicou.
Robaina destacou ainda que Porto Alegre tem condições simbólicas e históricas para sediar o encontro.
“Não tem como vencer o fascismo simplesmente no terreno eleitoral. O fascismo se derrota na relação de forças, e, em última instância, é a rua que decide. Precisamos politizar a sociedade, colocar o conceito da luta antifascista e anti-imperialista na rua”, afirmou.
O dirigente comunista Raul Carrion (PCdoB) defendeu que a conferência una as lutas contra o fascismo e o imperialismo, que ele definiu como “irmãos siameses”.
“O imperialismo norte-americano se tornou avassalador, belicista. Por isso, chegamos a um consenso de que esta conferência também deve afirmar a soberania dos povos. Ela será, portanto, a 1ª Conferência Internacional Antifascista pela Soberania dos Povos”, disse.
Carrion também antecipou a intenção de criar espaços temáticos sobre juventude, educação, opressão racial e feminina, além da luta dos trabalhadores contra o neoliberalismo.
O presidente do PT de Porto Alegre, Rodrigo Dilélio, destacou que o processo de construção da conferência será coletivo e plural.
“Vamos dar início a um processo de consultas, sedimentação de uma programação mais ampla e que possa ser palco também de ações autogestionadas, tal como na ocasião do Fórum Social Mundial”, afirmou.
A plenária também serviu como espaço para coletar apoios de instituições, sindicatos e organizações populares que desejam participar da construção do evento – seja com infraestrutura, força de trabalho ou propostas de atividades.
Mais do que um encontro, a 1ª Conferência Internacional Antifascista nasce como uma trincheira de resistência e esperança, disposta a retomar o espírito do Fórum Social Mundial e a reafirmar Porto Alegre como território de luta, solidariedade e organização popular global.
Entidades que vão construir a 1ª Conferência Internacional Antifascista:
Sindicato dos Professores de Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul (Adufrgs)
Sindisaúde-RS
Sindicato dos Metroviários (Sindimetrô)
Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz)
Associação dos Servidores do HPS (ASHPS)
Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa)
Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM)
Associação dos Servidores do Grupo Hospitalar Conceição (Aserghc)
Associação das Servidoras e Servidores do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (ASSERPV)
Federação Gaúcha das Associações de Moradores e Entidades Comunitárias (Fegamec)
Movimento SUS Mais Brasil
União Brasileira de Mulheres (UBM)
Coletivo Nacional de Mulheres pelo Direito à Cidade
Associação de Ex-Presos e Perseguidos Políticos
Juventude do PT
Juntos
Juntas
Emancipa
Cpers
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
AGT
Força Sindical
União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro)
Andes
JPL
Mães e Pais pela Democracia
União Nacional por Moradia Popular
Policiais Antirracistas
Associação das Mulheres dos Correios
Universidade Livre e Popular Teko Porã
Sindisaúde Vale dos Sinos
Associação Gaúcha dos Trabalhadores da Saúde (AGTS-RS)
Coletivo Alicerce
Internacional da Educação da América Latina