Uma reestruturação que expulsa os clientes das agências e ataca os direitos dos funcionários
O Banco do Brasil vai fechar 112 agências, 242 postos de atendimento e 7 escritórios de negócio.
O Banco do Brasil vai fechar 112 agências, 242 postos de atendimento e 7 escritórios de negócio. Também vai transformar 243 agências em postos de atendimento e 145 agências passarão a ser “lojas do Banco do Brasil”, onde não existe a figura do caixa. O quadro será reduzido em 5.000 funcionários através do Programa de Adequação de Quadros (PAQ) e Programa de Desligamento Extraordinário (PDE).
A justificativa é que o atendimento via Internet Banking ou Smartphone é muito mais barato que o atendimento presencial (inclusive para o banco), que uma operação feita em Caixa Eletrônico. Ignoram que o Brasil é um país extremamente desigual, o que faz com que os mais pobres tenham dificuldade de acesso a um smartphone ou à internet, praticamente impedindo de fazer operações bancárias online. Além disso, em muitas cidades no interior a única agência bancária que existe é a do Banco do Brasil. A política do banco é empurrar esses clientes para serem atendidos nos correspondentes bancários, mas é preciso lembrar que o BB rompeu o convênio com os Correios e com as lotéricas. Desta forma, o correspondente bancário muitas vezes é a padaria da esquina, o mercado ou açougue. E milhares de brasileiros(as) serão atendidos por pessoas que não foram treinadas para fazer operações financeiras e, pior, sem nenhuma segurança. O que podemos ver com este cenário é que, em vez de o BB estar dando acesso ao micro crédito para 48% dos(as) brasileiros(as) que trabalham com informais e micro empreendedores(as) individuais (MEIs) com baixíssima formalização e garantindo para a população em geral sem teto a oportunidade da tão sonhada “casa própria”, com o aumento do crédito imobiliário a menor taxas de juros, ele está excluindo milhares de pessoas do acesso a esses serviços e a outros do sistema financeiro.
Estamos vivendo uma pandemia que já matou mais de 200 mil pessoas no Brasil e paralisou a economia, com chances de depressão econômica no primeiro trimestre e taxas de desemprego chegando a 17%. Nesse momento o papel do BB seria incluir mais gente no acesso ao credito, aumentando sua rede de atendimento e não fazer o caminho inverso.
Outra face desse ataque aos funcionários do banco é o fato de que milhares de bancários terão seus locais de trabalho alterados e terão uma importante redução de salário. O banco acabou com a comissão de caixa, que agora será acionada conforme a demanda diária na unidade. No Brasil são mais de 10.000 caixas que trabalham no BB que perderam esta comissão e os que continuarem recebendo, serão remunerados por dia trabalhado no caixa. Além disso, o fechamento dessas unidades representa o fim de centenas de comissões de gerentes gerais e funções intermediárias e, numa postura que a Justiça já impediu outras vezes, o banco também pretende transferir funcionários de forma compulsória para fora do seu município de trabalho.
Os(as) bancários(as) do BB já estão arriscando sua vida para garantir o atendimento em meio à pandemia. O banco continua lucrando bilhões e mesmo assim vai transformar em um inferno a vida de milhares de funcionários(as) com redução salarial e mudança de local de trabalho.
Exigimos um calendário nacional de mobilização da CONTRAF/CUT construído pelo conjunto dos(as) funcionários(as) do BB. Nesse sentido, precisamos que seja convocada uma rodada imediata de assembleias do BB. Esse calendário precisa envolver o conjunto da população na defesa do banco.
Nós militantes das oposições bancárias estaremos realizando uma live para debater a reestruturação no dia 21 de janeiro, às 19 horas, com a presença da líder da bancada do PSOL na Câmara Federal, Sâmia Bomfim, Paulo Tonon (Diretor do SEEB-Bauru) e Juliana Selbach (Oposição bancária de BH). A transmissão vai ser feita pela página do MOVER – Plataforma Sindical Anticapitalista.