Nem bala, nem vírus e nem fome: fora Bolsonaro genocida!
Vivi Reis analisa a situação do Brasil, com o agravamento da crise e a liderança genocida de Bolsonaro. Ao final, faz um chamado à mobilização dos dias 13 e 18.
As desigualdades sociais se aprofundam no Brasil da pandemia. Quando sai de casa para trabalhar, o povo enfrenta o vírus. Se fica em casa, encontra a bala das chacinas como a ocorrida na favela do Jacarezinho, na última semana, onde 28 pessoas morreram com seus nomes e histórias negadas, suspeitos simplesmente por serem pobres, pretos e moradores de favela. Não podemos mais assistir a população brasileira morrer de fome, bala ou vírus, como resultado da política genocida do governo Bolsonaro que não apresenta escapatória para a grande maioria dos brasileiros.
Embora tenha chegado ao Brasil pelas elites, são os trabalhadores, negros e negras que, após um ano de pandemia, estão entre a maioria esmagadora dos afetados pelo vírus. De acordo com pesquisa realizada pelo IPEA, apenas 9% das pessoas empregadas no país foram liberadas pelas empresas para o home office. E deste contingente de 7,3 milhões de brasileiros trabalhando em casa, 65% são pessoas brancas, 76% completaram o ensino superior e 84% têm contrato ou carteira assinada.
Para a maior parte dos trabalhadores brasileiros a realidade é a cruel escolha entre o vírus e a fome, com índices de mortalidade apontando para um verdadeiro extermínio da população preta e pobre das periferias. É emblemático que a primeira vítima da Covid-19 no Brasil tenha sido Rosana Urbano, uma trabalhadora doméstica contaminada por seus patrões. Os dados em relação aos desligamentos por morte escancaram, ainda, o abismo entre as classes sociais no Brasil. Morrem mais porteiros, motoristas, trabalhadoras domésticas, entregadores de aplicativo e toda uma população de trabalhadores essenciais apenas na hora de colocarem suas vidas em risco, mas invisíveis nos planos de imunização.
Bolsonaro, que desde a sua atuação parlamentar demonstra desprezo por trabalhadoras domésticas e por trabalhadores informais, nunca priorizou a aquisição de doses de vacina, num plano perverso de enfraquecimento da força das massas. Com o adoecimento psíquico da população, sente-se à vontade de seguir com seus desmandos, ameaças autoritárias e esquemas de corrupção, como o mais recente revelado neste domingo (10), com a liberação de R$ 3 bilhões em emendas para a sua base de apoio no Congresso, valor que compraria mais de 50 milhões de doses de vacina e pagaria 5 milhões de auxílios emergenciais a R$ 600.
O fato das mortes se concentrarem nestes trabalhadores e nesta classe social é demonstrativo, também, de que o governo não vai se mover para freiar a situação. Está cada vez mais evidente: precisamos lutar por vacina no braço e comida no prato. A chacina ocorrida no Jacarezinho é o símbolo de que, para o Estado, algumas vidas valem menos do que outras. Façamos do nosso luto a nossa luta. Somente a mobilização popular será capaz de derrotar os genocidas que estão no poder.
Nesse sentido, as mobilizações que vem sendo puxadas pelo movimento negro para os próximos dias, com foco principal nos dias 13 e 18 de maio, devem ser fortalecidas – a exemplo da resistência colombiana contra a reforma tributária e do movimento negro americano que clamou justiça por George Floyd. É preciso, com cuidado e medidas sanitárias, manifestar nossa indignação contra quem despreza a vida. Quando o governo é mais perigoso que o vírus, nas ruas devemos nos encontrar.