Parlamentares do PSOL veem ‘motivo político’ da polícia na conclusão de inquérito da morte de petista no PR
Polícia Civil indiciou bolsonarista por homicídio duplamente qualificado e descartou motivação política.
“Não há provas de que ele voltou para cometer crime político”, afirmou a delegada Camila Cecconello, responsável pela investigação do assassinato do dirigente petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu. O guarda municipal foi atacado durante sua festa de aniversário, que tinha temática lulista, no sábado (9).
Em entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (15), para relatar as conclusões do inquérito, ela anunciou o indiciamento do o policial penal Jorge José da Rocha Guaranho por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas. E por mais que admitisse que o assassino foi ao local por “para provocar” os participantes da festa, já que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), disse não haver provas suficientes para constatar que houve crime de ódio.
A conclusão está gerando debate em todo o país. Isso porque, de acordo com a investigação, Guaranho só foi ao local após ver, em imagens de câmeras de segurança, que no clube que frequentava estava sendo realizada uma festa petista. Além disso, o desfecho do inquérito em menos de sete dias, sem a avaliação de laudos periciais, é considerado apressado por juristas, pela família das vítimas e por políticos.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) qualificou a situação como “escandalosa”
“A Polícia Civil concluiu que não houve motivação política no assassinato de Marcelo Arruda. O homem gritou “aqui é BOLSONARO” antes de atirar na vítima, mas isso nada tem a ver com política??? Me poupe! Não pode haver impunidade! Esse foi um assassinato político!”
A deputada Vivi Reis (PSOL-PA) acredita que a rapidez da Polícia Civil em indicar uma motivação para o crime – como ocorreu nos assassinatos de Bruno e Dom, no Amazonas -, esconde um desejo de negar que o discurso de ódio de Jair Bolsonaro insufle seus seguidores.
“Essa conclusão já demonstra que a motivação é política, sim!”, escreveu a parlamentar em suas redes sociais.
O deputado distrital Fábio Felix (PSOL-DF) ainda protestou contra a justificativa da delegada para não apontar crime de ódio. Para ela, Guaranho só retornou armado ao local porque se sentiu “humilhado” por Arruda, que havia revidado a invasão jogando terra em seu carro, atingindo sua esposa e um bebê.”
A polícia do Paraná tá culpando o Marcelo Arruda, que não tá mais vivo para se defender, por ele ter sido assassinado”, concluiu Felix.