MES-PSOL celebra resultados nas eleições proporcionais, mas mantém mobilização
Candidatos da corrente tiveram expressivas votações no RS, SP e DF. Militantes foram conclamados a lutar pela eleição de Lula no segundo turno.
Passado o primeiro turno eleitoral, o PSOL colhe os frutos do trabalho de sua militância, especialmente nas candidaturas proporcionais. Na Câmara dos Deputados, a bancada do partido terá 12 cadeiras na próxima legislatura – duas a cadeiras e mais que em 2018 – a maior da história da sigla. Além disso, o PSOL elegeu 20 deputados estaduais pelo Brasil, e dois deputados distritais no Distrito Federal.
O Movimento Esquerda Socialista (MES) pode comemorar a expressiva votação dos representantes da corrente. É o caso do distrital Fábio Felix, reeleito com mais de 51 mil votos na conservadora Brasília, tornando-se o deputado distrital mais votado da história do DF, o que o credencia a liderar a bancada da oposição ao governo do bolsonarista Ibaneis Rocha (MDB).
Sâmia Bomfim recebeu 226.187 votos, sendo a quinta mulher mais votada para a Câmara dos Deputados por São Paulo, e está reeleita. No Rio de Janeiro, Professor Josemar, deixará a Câmara de Vereadores de São Gonçalo para assumir uma vaga na Alerj. Ele recebeu 28.409 votos.
No Rio Grande do Sul, Luciana Genro obteve a segunda maior votação para a Assembleia Legislativa, somando 111.126 votos, reeleita como a mulher mais bem votada do Estado. E a deputada federal Fernanda Melchionna foi reeleita, com 199.894 votos, a quarta maior votação do Rio Grande do Sul, e a maior votação entre as candidatas mulheres.
Militância reunida
Na tarde de domingo (2), centenas de militantes se reuniram em frente ao comitê eleitoral de Fernanda Melchionna, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, para acompanhar a apuração. À medida que o resultado das urnas se configurava, os presentes se dividiam entre a comemoração e a certeza de que há muito trabalho pela frente – especialmente na luta por uma vitória de Lula no segundo turno.
Presidente municipal do PSOL e liderança do MES, Roberto Robaina discursou aos militantes antes ainda da totalização dos números, mas antecipou a necessidade de manter a mobilização.
“Sei que a extrema direita teve os seus resultados, mas eles vão ter que ter muita força ainda para nos derrubar. Isso é evidente. Nós estamos muito fortes na capital do Estados. Não é pouca força, é muita força. Se nós tivéssemos a força orgânica que nós temos como força eleitoral, ninguém nos seguraria. Porque se força orgânica e não só de votos, é outro patamar de disputa. E nós sabemos que a disputa no Brasil não vai ser só no voto, vai ser na rua, na luta é e por isso que estamos aqui”, afirmou.
A deputada federal reeleita Fernanda Melchionna também conclamou a militância para o combate e destacou as qualidades do partido
“Amanhã estaremos de banho tomado, na luta política para derrotar eleitoralmente o Bolsonaro. Nós sabemos de nossas responsabilidades, mas não deixamos de comemorar nossas vitórias. Porque para um partido independente como o PSOL, para um partido que não capitula para o regime político, que não capitula para o oportunismo de buscar de forma fácil os votos, mas que apresenta de forma a independente seu projeto, de forma generosa, sabendo que Lula é o maior instrumento possível para derrotar o Bolsonaro, mas que tem uma esquerda com cara própria. Uma esquerda sem medo de dizer seu nome, sem medo de defender o socialismo, a reforma urbana, a reforma agrária radical, sem medo de defender as mulheres, sem medo de defender a luta contra o racismo estrutural, sem medo de se posicionar nas pautas históricas, das minorias sociais que muitas vezes são a maioria do nosso povo”, disse Fernanda.
A parlamentar ainda valorizou o esforço dos militantes incansáveis, a quem atribuiu a vitória.
“É o resultado da luta de cada uma e de cada um que foi para a banca entregar panfleto às 6h30min, que nos finais de semana iam para os parques”.
Contra o fascismo
Com a segunda vaga para o segundo turno ao governo do Estado sendo decidida voto a voto entre Eduardo Leite (PSDB) e Edegar Pretto (PT), ante a retumbante vitória do Bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), Fernanda destacou:
“Nós podemos ter uma outra disputa do governo do Estado, mas a nossa parte foi feita. Quem viu a nossa luta sabe que o PSOL se apresentou para o combate para defender o seu projeto e para enfrentar a extrema direita em todas as esferas. Nós estávamos na linha de frente. Sabemos das necessidades históricas de lutar contra a extrema direita, saímos mais fortalecidos como projeto independente político”, pontuou.
Presidente estadual do PSOL e deputada estadual reeleita, Luciana Genro valorizou as vitórias conquistadas.
“Essa não é uma vitória pessoal, é uma vitória coletiva. A vitória de uma organização política em primeiro lugar, que é o MES, chefiado por Roberto Robaina, é uma vitória da militância que enfrentou máquinas da direita, dos candidatos que só tinham gente paga na rua, que não acreditavam no que estava fazendo. A nossa militância mostrou que faz a diferença”, iniciou.
Luciana relembrou que o segundo turno das eleições será um grande desafio para a esquerda, ante a uma extrema direita que cresceu silenciosamente e mostrou sua face nas urnas.
“A gente sabe que a luta é dura e o resultado nacional dessa eleição mostra isso, que a extrema direita segue dando as cartas. E o fato de não termos conseguido vencer em primeiro turno com o Lula nos acende uma luz vermelha. E ela tem de servir para nos dar mais força, mais energia, porque nós, do PSOL, somos fundamentais no enfrentamento à extrema direita. Porque a gente sabe que o fascismo é uma expressão do descontentamento do povo com a política, e só a extrema esquerda consequente pode fazer frente ao crescimento do fasismo. Só o PSol, sendo um partido independente, um partido que afirma a consciência de classe, que afirma a necessidade de a classe trabalhadora se organizar para lutar pelos seus direitos é que pode derrotar o fascismo, a extrema direita. Então, nós, do PSOL, temos uma tarefa fundamental nos próximos dias. Vamos seguir a luta de forma muito firme, com coragem, porque nenhuma direita vai nos intimidar”, garantiu.
Após o ato em frente ao comitê de Fernanda Melchionna, os militantes se deslocaram em caminhada para o comitê do Partido dos Trabalhadores, a poucos quarteirões dali, onde milhares de pessoas se concentraram para acompanhar a apuração. A partir dessa semana, a luta recomeça.