Adolescente que planejava atacar escola é apreendido no RS
Jovem integrava grupo extremista na internet e colecionava itens nazistas. Pais do adolescente também foram detidos
Foto: Polícia Civil/Divulgação
O trabalho de inteligência coordenado entre as polícias do Rio Grande do Sul e do Paraná levaram a apreensão de um adolescente de 14 anos na noite de ontem (11), em Maquiné, litoral gaúcho. O jovem planejava um ataque contra uma escola da cidade. O pai e a mãe do menino também foram presos.
Conforme o diretor da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, delegado Marco Antônio de Souza, a investigação chegou até o adolescente a partir da apreensão de outro jovem, no Paraná, que estaria orientando o gaúcho a atacar uma escola nesta semana. O adolescente de Maquiné, apreendido por ato análogo a terrorismo, admitiu o plano.
“Ele já participava desses grupos que fomentavam e discutiam esses tipos de ataques, mas ele também tinha uma razão de ordem pessoal envolvendo o adolescente e a escola, algo que a gente acaba preservando pela investigação. Ele acabou admitindo que esse ataque era iminente, e razões da investigação nos levam a crer que esse ataque seria perpetrado na manhã desta quarta”, informou Souza.
Bandeira nazista foi presente do pai
Agentes da Polícia Civil e da BM fizeam buscas na casa da família do adolescente. No local, foram encontradas bandeiras e fotos nazistas e fascistas, imagens de Adolf Hitler e Benito Mussolini, simulacro de arma de fogo, facas, canivetes, fardas camufladas e capacetes.
“A quantidade de material foi tão farta que a gente apresentou o adolescente e os pais, o pai e a mãe, à delegacia de polícia. Exatamente porque não tinha como não estar sabendo o que estava acontecendo naquela casa dada o farto material que foi apreendido”, disse o delegado.
Conforme Marco Antônio, o pai do adolescente estimulava a inclinação nazista do filho.
“Entrevistando o pessoal na casa, a gente conseguiu descobrir que a bandeira que faz apologia ao nazismo teria sido dada pelo pai para o adolescente. Então, eles foram apresentados na delegacia, e a autoridade policial plantonista entendeu por autuar os dois maiores por apologia ao nazismo, e o menor deve ser apreendido por ato infracional análogo a terrorismo”, comentou.
A investigação da Polícia Civil ainda quer descobrir se o ataque que ocorreria em Maquiné teria ligação com outros no Brasil e com grupos neonazistas. Isso porque, no submundo dos grupos radicalizados unidos pela internet, o mês de abril marca o massacre de Columbine. Ocorrido em 1999, o episódio fez 15 vítimas (incluindo os assassinos). A notoriedade mundial da tragédia é perseguida por integrantes desses grupos, que planejam repetir o feito.
“Agir com inteligência e, sobretudo, cortando na raiz os movimentos neonazistas e neofascistas que estão por trás disso é fundamental para salvar a vida de crianças, jovens e professores”, elogiou a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS).
Combatendo grupos de ódio
Na semana passada, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) protocolou na Câmara dos Deputados um projeto de lei que pretende criminalizar toda forma de manifestação ou apologia nazista e neonazista no pais, com pena superior a grupos organizados pela internet.
A parlamentar, inclusive, faz parte do protesto virtual “Twitter Apoia Massacres”, que exige que a plataforma exclua conteúdos com mensagens supremacistas, bem como um perfil com fotos de perpetradores de massacres em escolas. Em recente reunião com o governo federal, uma advogada da rede social afirmou que tal perfil não violava os termos de uso da rede e que não se tratava de apologia ao crime.
“Ameaças e ataques a escolas no Brasil seguem ocorrendo sem que o Twitter colabore na investigação e supressão desses conteúdos. Todas as autoridades precisam atuar pela imediata mudança de postura da BigTech. É pelo que trabalharemos na Câmara, internet não é terra sem lei!”, comentou a deputada Sâmia Bomfim.
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