Educação feminista para combater a violência nas escolas!
Qual seria a solução para conter esses ataques e porque esse deve ser um tema para as feministas?
Foto: Juntas!
Via Juntas!
Nas últimas semanas acompanhamos pelos noticiários uma série de ataques em escolas. Um destes ataques aconteceu na Vila Sônia, em São Paulo, por um menino de apenas 13 anos. O alvo foi uma professora que acabou morrendo após levar facadas entre outros que ficaram feridos. Em Blumenau (SC), um crime bárbaro cometido por um homem que invadiu a creche também deixou muita tristeza e indignação. Vários outros casos foram mapeados pelo país.
Além de casos como este, tornou-se comum “avisos” como o que foi encontrado em uma escola primária na zona leste de também em São Paulo que dizia “Ataque Nazi dia 24 as 9h”. Felizmente, nada aconteceu. Não é possível saber se foi apenas uma brincadeira de mal gosto ou o autor teria desistido da ação, mas o clima escolar têm sido de muita angústia para professores, estudantes, e mesmo para a família, principalmente, para mães que agoniadas mandam os filhos para a escola com a sensação de insegurança e medo.
Esse debate revela a insuficiência da estrutura escolar para resolver sozinha esta e outras questões sociais. As escolas públicas são também um espaço de precarização, desde a desvalorização de professores, o desamparo em relação a profissionais como assistentes sociais e psicólogos, e até mesmo a Reforma do Ensino Médio que é um dificultador para avançar na superação dessa escalada de ataques.
Qual seria a solução para conter esses ataques e porque esse deve ser um tema para as feministas?
Tentando responder a última pergunta, é imprescindível que as feministas se envolvam neste debate afinal esses ataques possuem também um princípio misógino, são as mulheres as principais vítimas, pois a grande parte de trabalhadoras na rede de educação básica e também de mães aflitas que temem pela segurança de seus filhos. Além de ser um problema que muitas mulheres têm de enfrentar, existe nas profundezas desses ataques uma questão política, pois é inegável a ligação desses ataques com a influência da extrema-direita. As feministas foram e ainda são a linha de frente contra um projeto bolsonarista, que é por essência neoliberal, reacionário e conservador. Por isso, não só devemos refletir esse fenômeno, como pensar formas de intervir nas escolas.
Ainda que Bolsonaro tenha sido derrotado nas últimas eleições, o bolsonarismo é um movimento que segue organizando um setor reacionário em nosso país. Não apenas como uma alternativa política institucional, mas também como uma disputa de projeto subjetivo. Isto é, pretende dialogar com os homens que se sentem ameaçados com o ascenso do feminismo, da negritude, das LGBT´s. Não atoa o símbolo do homem para eles deve ser o “imbrochavel”, o “viril”, o patriarca da família cuja mulher lhe deve serviência e submissão. Por isso, também movimentos como Redphill, Incel, MGTOW, são inspirados neste tipo de discurso onde principalmente as mulheres são as inimigas ou mesmo o outro que não ele mesmo. Ou seja, são influenciados por uma lógica patriarcal de sociedade, modelo este que têm sido questionado pelas feministas e outros movimentos.
Não é de hoje que os bolsonarismo tentam influenciar nas escolas, lembramos do Escola Sem Partido como uma tentativa de proibir debates de gênero, sexualidade e outros sobre direitos humanos e intimidar professores que defendem uma edução critica, emancipatória, incluem em sua prática debates sobre machismo, racismo e desigualdade.
Com a Reforma do Ensino Médio disciplinas fundamentais como História, Filosofia, Sociologia que estimulam o pensamento crítico e que ensinam sobre as tragédias da história da humanidade foram cortadas como obrigatórias. Não deve ser opcional saber ou não sobre o que foi a Ditadura Militar, o que foi o nazismo e o fascismo, e também a contribuição das revoltas e revoluções para nosso mundo. Além da desigualdade educacional que aumenta entre ensino público e ensino privado.
Porém, não apenas por ideologia esse movimento reacionário tem crescido, estamos vivendo um período muito duro de crise do capitalismo no mundo todo. A juventude trabalhadora que antes tinha esperança em ascensão pelos estudos, cada vez se vê mais distante desse futuro próspero. A precarização da vida, é uma realidade. Os empregos são cada vez mais precários, mesmo com um diploma que aliás se conquistou às custas de muita dívida estudantil. Precarização essa que atinge famílias inteiras e cuja resposta dentro de casa acaba sendo também a violência. Responder com violência a violência que se sofre, seja contra o outro ou mesmo contra si. Por isso depressão e suicidio são parte de um debate urgente a ser feito.
Em síntese, podemos dizer que Bolsonaro nos últimos anos estimulou esse projeto subjetivo-politico, para também disputar um modelo de poder. Ou seja, para eles o problema de governança do país tem que ser resolvido por medidas autoritárias, onde um homem deve ter mais poder sobre a nação, onde a vida do povo e os direitos humanos não importam, o que importa é que o capital volte a acumular. Não contraditoriamente no Brasil e no mundo são as mulheres, a negritude as LGBTs os principais sujeitos em luta contra a extrema-direita.
Pois bem, até aqui tentamos falar um pouco sobre como esse tema da escalada de ataques de violência nas escolas não é uma questão simples e principalmente não se trata, apenas, de uma questão de segurança pública. A proposta de militarização das escolas e aumento do armamento da população não são a resposta necessária para este problema. Isso não significa não ter algum grau de patrulhamento policial, principalmente nesse momento diante de tanta insegurança e ameaça, mas, para além das rondas já feitas e na região das escolas, é preciso capacitar e formar esses profissionais para que não se repita, na escola, o que já presenciamos fora dela: a ação policial siganificar mais repressão e violência, especialmente, quando estamos falando de jovens periféricos e negros.
Assim, para responder a pergunta inicial de como resolver essa questão? O que fazer para nos somar a combater o avanço do fascismo nas escolas? Longe de nós acreditar que sozinhas faremos milagres, mas é fundamental nos incorporarmos aos atos pela revogação da Reforma do Ensino Médio, defender que se tenham assistentes sociais e psicólogos nas escolas, oferecer oficinas feministas nas escolas que debatam o machismo, racismo e LGBTfobia e qualificar assim o é genericamente tratado como “bullying”, estimular e onde pudermos construir assembleias nas escolas junto a comunidade debater saídas, principalmente, não tornar a questão da violência nas escolas apenas um caso de polícia.
Construir um futuro feminista, passa por também combater o fascismo nas escolas!