RS distribuirá dinheiro do Pix para famílias flageladas. Mas nem todas
‘Injustiça inaceitável’, diz Roberto Robaina sobre critério de compartilhamento do benefício
Foto: Mauro Nascimento/Secom
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou na segunda-feira (13) que parte dos R$ 93,4 milhões arrecadados com doações de todo o Brasil e do exterior via Pix serão destinados diretamente a famílias atingidas pelas enchentes, em forma de auxílio emergencial.
A ideia é distribuir R$ 2 mil para grupos familiares desabrigados ou desalojados de cidades em situação de calamidade pública reconhecida pela Defesa Civil. Porém, para ser contemplada, a família não pode ter renda superior a três salários mínimos, nem ser beneficiária do programa estadual Volta Por Cima, que destina R$ 2,5 mil para famílias pobres e extremamente pobres.
Em suas redes sociais, o presidente do PSOL em Porto Alegre, vereador Roberto Robaina, saudou a iniciativa, mas com reservas. Segundo ele, o valor é pequeno, ainda mais considerando que o governo federal suspendeu por três anos o pagamento da dívida do estado com a União, o que representa uma economia de R$ 10 bilhões.
“Mas o que é mais grave é que Eduardo Leite apresentou uma limitação de que as famílias que receberão esses recursos são só aquelas que recebem até três salários mínimos. Assim, quem ganha quatro ou cinco salários mínimos não vai receber nada? Eu considero isso uma injustiça inaceitável”, observou o parlamentar.
Robaina acrescentou ainda o aceno do governo Lula (PT) de prestar auxílio emergencial de R$ 5 mil por família vítima das inundações. O presidente da República deve viajar ao Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (15) para anunciar um novo pacote de medidas de apoio ao Estado, nas quais esse recurso estaria incluído. Sabe-se que a equipe econômica elaborou nos últimos dias uma proposta para atender diretamente aos flagelados, mas se os valores serão pagos em cota única ou de forma parcelada ainda é incerto.
“Nós vamos ficar na expectativa de que isso se confirme e vamos cobrar também que o governo federal garanta esse recurso básico, mínimo. Porque é necessário que as famílias recebam os recursos diretamente. Além, obviamente, dos bilhões de reais necessários para a reconstrução do Estado, da sua infraestrutura e dos investimentos do crédito, para a pequena agricultura, para os pequenos comerciantes. É preciso investir no Rio Grande do Sul”, afirma Robaina.
Auxílio gaúcho
O governo Eduardo Leite estima que R$ 45 mil famílias sejam beneficiadas com R$ 2 mil. O auxílio será creditado em um cartão pré-pago emitido pela Caixa, podendo ser sacado em agências ou lotéricas. O auxílio também poderá ser solicitado por famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) ou no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar.