Luana Alves é a primeira negra reeleita em SP
Vereadora do PSOL recebeu mais de 83 mil votos no pleito de domingo
Foto: Divulgação
Reportagem da revista Exame destacou, nesta segunda-feira, um feito marcante da participação de negros na política: a vereadora Luana Alves do PSOL é a a primeira mulher negra a ser reeleita para a Câmara Municipal. Em 72 anos, o maior colégio eleitoral do Brasil havia elegeu apenas seis vereadoras da etnia e nenhuma foi reconduzida ao cargo.
“Fizemos história!! Em 2020, eu fui eleita a vereadora mais jovem da história de São Paulo. Agora, em 2024, fui a primeira mulher negra da história a conseguir se reeleger como vereadora dessa cidade. Vamos continuar fazendo história e construir um futuro de justiça para o povo trabalhador de São Paulo!”, comemorou Luana nas redes sociais.
No pleito de domingo, a vereadora recebeu mais de 83 mil votos, sendo a oitava parlamentar mais votada no município. Foi um aumento expressivo em relação a eleição passada, quando Luana recebeu 37.550 votos.
O sucesso da psicóloga se deve muito à atuação combativa na Câmara, pautada na defesa dos direitos LGBTQIA+ e das mulheres, educação e justiça climática. O primeiro mandato também ficou marcado pela inédita cassação do vereador Camilo Cristófaro (Avante) por racismo. Luana foi a responsável pela representação contra o parlamentar, que em maio do ano passado, foi flagrado dizendo, em uma sessão na Câmara, que “não lavar a calçada […] é coisa de preto”.
“Agora eu pergunto para os senhores. Falar a seguinte frase: ‘não lavar a calçada não é coisa de preto’, é brincadeira? É piada? O que ‘coisa de preto’ significa? Alguém explica o que está contido nessa piada? Vou dizer para os senhores o que ‘coisa de preto’ significa. É uma piada que trabalha com elemento narrativo de estereótipo de que pessoas negras fazem coisas erradas, de que pessoas negras fazem coisas mal feitas, de que as pessoas negras não seriam competentes para ocupar espaços de intelectualidade, de poder”, denunciou Luana na tribuna.
A própria Luana foi alvo de pedido de suspensão de mandato depois de se envolver em uma discussão com a vereadora Rute Costa (PL), sobre a Parada do Orgulho LGBQIA+. O pedido foi protocolado em junho por vereadores bolsonaristas depois que Rute deu um show de ignorância e preconceito em uma fala sobre a presença de crianças no evento.
“O que é orgulho para uns é tristeza para outros. No domingo, houve passeata na Paulista, e eu vi com muita tristeza crianças sendo levadas pela mão, no meio daquele movimento”, disse Rute na tribuna. As pessoas são livres para fazer da vida delas o que quiserem, mas utilizar a infância, isso para mim é infame e covarde”, afirmou, pedindo que autoridades públicas e o Conselho Tutelar se posicionassem sobre o tema.
Luana, que é bissexual, qualificou a fala como “absurdo” que contribuíam com a LGBTfobia.
“Se vossa excelência for ao Conselho Tutelar questionar pessoas que levaram seus filhos para a Parada LGBT+, que é direito delas, Vossa Excelência vai responder criminalmente. É isso o que vai acontecer”, rebateu a vereadora do PSOL.
A Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo marcou para o último dia 27 a análise do pedido de suspensão do mandato. A decisão acabou transferida para esta semana por um pedido de vistas. Luana atribui a situação à uma perseguição implacável de parlamentares de direita.
“A base do Ricardo Nunes na Câmara está perseguindo os vereadores do PSOL. A votação do processo contra mim, foi passada para a próxima semana. Não vão me intimidar! Vamos para cima!!!”, diz a vereadora reeleita.
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