Aumenta a pressão pela prisão de Bolsonaro
Novas acusações e falta de apoio na direita complicam ainda mais a situação do ex-presidente inelegível
Foto: Bolsonaro visita quartel em 2020 (Flickr/Reprodução)
As recentes revelações da Polícia Federal sobre os golpistas de extrema direita, que levaram a prisões de militares integrantes do grupo “kids pretos” (em alusão às boinas utilizadas pelos militares de forças especiais), colocaram o bolsonarismo numa nova defensiva que pode culminar com a prisão de Bolsonaro e de seu ex-ministro general Braga Netto por participação na conspiração golpista.
Segundo as investigações, o grupo golpista planejava inclusive o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. Além disso, as propostas da sublevação contavam também com o estímulo aos acampamentos de extrema direita em frente aos quartéis, campanhas de desinformação na midia e impeachment de ministros do STF.
Tudo indica que Bolsonaro tinha total conhecimento do plano e vacilou em sua aplicação devido a falta de apoio interno e externo ao golpe, cuja articulação culminou nos ataques realizados em Brasília no 8 de janeiro de 2023 e na posterior prisão de dezenas de ativistas reacionários envolvidos na ação. O último reflexo desse movimento teria sido as explosões e posterior suicídio cometido pelo bolsonarista “Tio França” na Esplanada dos Ministérios há poucos dias.
Perante a repercussão das novas revelações e prisões, a antiga base de apoio de Bolsonaro teve uma reação bastante aquém do esperado pelo ex-presidente, sem mobilizações significativas a seu favor e o aprofundamento do distanciamento de figuras emblemáticas da extrema direita com Bolsonaro. Um exemplo disso foi Ronaldo Caiado, governador de Goiás e possível presidenciável, que declarou: “Fica só essa discussão, mas já não foi indiciado? E daí? A vida continua”. Outros governadores apoiadores de Bolsonaro, como Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Júnior (Paraná), não se manifestaram, enquanto o também presidenciável Tarcísio de Freitas (São Paulo) declarou que as acusações “carecem de provas”.
Estas acusações se acumulam a outras que o inelegível Bolsonaro carrega depois de sua derrota em 2022, como a falsificação dos dados de seu cartão de vacinação e o roubo de jóias de propriedade da presidência. Diversos juristas já se declararam pela prisão preventiva do ex-presidente, que ainda pode operar no sentido de destruir provas e influenciar as investigações, e a deputada do PSOL Sâmia Bomfim solicitou a prisão preventiva por meio de ofício enviado à Alexandre de Moraes.
Diversos movimentos sociais e organizações sociais já convocam manifestações pela prisão de Bolsonaro, que serão realizadas no próximo dia 10 de dezembro em várias cidades do país.