Argentina: marcha antifascista reúne milhares nas ruas em resposta às declarações de Milei

Argentina: marcha antifascista reúne milhares nas ruas em resposta às declarações de Milei

No último sábado (01), cententas de milhares de argentinas foram às ruas para marcha antifascista em resposta ao governo de Javier Milei

Vitor Cesario 3 fev 2025, 10:19

Neste sábado (01/02/2025) centenas de milhares de argentinos ocuparam as ruas de dezenas de cidades tanto no país vizinho quanto no exterior contra o fascismo, materializado na figura reacionária de Javier Milei. A mobilização e resistência callejera é resultado de um processo verdadeiramente democrático e popular: assembleias comunitárias. Não é de hoje que os argentinos vêm colocando obstáculos para o governo de extrema direita, mas as consignas da marcha – antifascista, anti-racista e orgulho lgbt – foram justas e necessárias para reunir diversos setores da classe trabalhadora e embalar uma mobilizaçao gigante.

Assistimos ao crescimento da extrema-direita no mundo inteiro. A vitória de Trump nos EUA, de Meloni na Itália, Orban na Hungria, Milei na Argentina, o crescimento de partidos de extrema direita em Portugal, Espanha, Alemanha, a manutenção de poder de Erdogan na Turquia e Netanyahu no Estado ilegítimo e genocida de Israel são alguns exemplos concretos do crescimento do fascismo. Em contrapartida, há mobilizações de caráter democrático e anti-fascista no mundo inteiro. Há poucos dias, Alemanha e Sérvia protagonizaram marchas contra a extrema-direita e contra o neoliberalismo. Além disso, o ano passado foi marcado por um forte apoio internacional à resistência palestina e múltiplas marchas que abraçavam as mais diversas pautas democráticas como direitos de pessoas LGBTs, das mulheres, de negros e negras e em defesa dos trabalhadores imigrantes.

No país hermano a situação não é diferente. 2024 foi um ano marcado por muita luta e resistência, paralisações e greves. Em novembro, por exemplo, uma multidão tomou as ruas do país em defesa da educação pública, reivindicando não somente sua gratuidade, mas, também, a qualidade e a universalidade do ensino superior. Hoje, novamente o país foi tomado por centenas de milhares de pessoas que gritavam não ao fascismo e às políticas reacionárias do governo.

Esse levante mais recente que culminou na marcha começou após um anúncio de Milei que cortaria alguns direitos conquistados pelo povo. Entre os recortes estão: o fim do documento de identidade não- binário, o fim da agravação da pena por feminicídio e o fim das cotas para pessoas transsexuais nos postos de trabalho. Somado a isso, em Davos, o presidente argentino fez uma fala extremamente problemática, relacionando a homessexualidade à pedofilia.

Imediatamente, a comunidade LGBT se organizou junto a movimentos sociais, movimentos feministas e partidos políticos e chamaram assembleias espontâneas em todo o país. No sábado, 25/01, essas assembleias aconteceram e decidiram por convocar um grande ato com a consigna “marcha anti-fascista” para dali uma semana. É importante ressaltar que, apesar de serem um espaço embrionário, as assembleias estavam cheias. Só na capital Buenos Aires, por exemplo, havia mais de 5 mil pessoas.

Ao longo do decorrer da semana houve muita mobilização. Artistas nacionalmente conhecidos divulgaram o flyer do ato em suas redes sociais, convocatória nos bairros e divulgação da marcha até por páginas de memes. O resultado não podia ser diferente, a manifestação contou com a presença de centenas de milhares de argentinos em dezenas de cidades argentinas e nas embaixadas de diversos países como Espanha, França, Brasil e Portugal.

É importante ressaltar que o mote anti-fascista foi fundamental para a unificação de diversas pautas que hoje afetam diretamente o povo argentino. No ato viu-se muitas bandeiras palestinas, palavras de ordem contra o ajuste fiscal, cartazes que pediam a reincorporação de trabalhadores que foram vítimas de demissão em massa tanto no Estado quanto em empresas privadas, pautas anti-racistas e pela manutenção e ampliação dos direitos das mulheres de toda a comunidade LGBT.

O povo argentino dá uma lição de que com o fascismo não há diálogo. O fascismo se combate e se combate nas ruas, com organização coletiva. Por isso, gostaria de ressaltar a importância de construir uma conferência anti-fascista, congregar diversas organizações de esquerda e armar um plano de enfrentamento, ainda que seja no espectro da unidade de ação. É possível resistir, e mais que isso, é possível contra-atacar.


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Pedro Micussi