Liberais europeus vencem eleições do fim de semana, mas extrema direita cresce
Portugal, Romênia e Polônia foram às urnas no último domingo.
Foto: Campanha do candidato derrotado da extrema direita romena, George Simion. (dfrlab/Reprodução)
Nesse último domingo (18/05), três países da considerada periferia da Europa tiveram eleições nacionais marcadas por vitórias de partidos liberais e forte presença da extrema direita. Na Romênia e na Polônia, o cenário político já normalmente à direita assistiu uma contraditória derrota eleitoral da extrema direita marcada pelo seu crescimento. Já em Portugal, cuja presença da esquerda foi muito mais significativa nas últimas décadas, esta amargou uma diminuição em meio à crise política geral – um parlamentarismo que teve três eleições em três anos – ao mesmo tempo que o neofascismo local continua crescendo.
A mais importante eleição foi a da Romênia, onde o ultradireitista George Simion foi derrotado pelo atual prefeito liberal de Bucareste, Nicusor Dan, mesmo estando a frente nas pesquisas. Uma vitória de Simion tornaria o cenário político ainda pior no Leste Europeu, onde Viktor Orbán governa a Hungria desde 2010 e figura hoje como grande aliado tanto de Trump como de Putin.
Na Polônia, o candidato da também liberal Coalizão Cívica, Rafal Trzaskowski, venceu o conservador Karol Nawrocki por menos de 2% no primeiro turno, mas tanto o terceiro como quarto colocados na eleição são da extrema direita e acumularam mais de 20% dos votos, complicando o segundo turno para Trzaskowski. A esquerda polonesa recebeu 8% ao todo, divididos entre Adrian Zandberg do partido Razem (“Juntos”, mais independente) e Magdalena Biejat do Lewica (“Esquerda”, que faz parte da coalizão liberal de governo).
Em Portugal, a direita tradicional do atual primeiro ministro Luís Montenegro venceu as eleições, com seu Partido Social Democrata (PSD) conquistando 9 cadeiras a mais no parlamento enquanto o Partido Socialista (PS) perdeu 20. Já a extrema direita do Chega aumentou sua bancada em 8 deputados e a esquerda diminuiu, com o Bloco de Esquerda perdendo 4 mandatos (ficando apenas com um) e o Partido Comunista perdendo um (e ficando com 3). Já o ecologista LIVRE aumentou a bancada e chega a 6 parlamentares.
Ainda que tais resultados demonstrem principalmente as incertezas do cenário europeu, o crescimento da extrema direita sinaliza um avanço de Trump e Putin sobre o continente. E, mesmo que Putin trate sua guerra imperialista contra a Ucrânia como “antifascista”, seu apoio por parte da crescente extrema direita europeia demonstra os interesses comuns desse bloco político que encontra ressonância no regime russo também de extrema direita.
A direita tradicional, por outro lado, também não tem respostas concretas à profunda crise da União Europeia e acaba incorporando muitas das pautas da própria extrema direita, como na questão da imigração (incluindo nisso até os Social Democratas alemães e os Trabalhistas britânicos), nos direitos civis, nos temas ambientais, entre outros, naturalizando este campo e rompendo os “cordões sanitários” para sua própria sobrevivência.
Nesse contexto, a esquerda europeia se encontra numa profunda crise de projeto e dividada em temas centrais como o genocídio palestino, a guerra da Ucrânia, emergência climática, a austeridade fiscal e a participação em governos de coalizão. O grande exemplo positivo contra essa tendência está na França, onde a Nova Frente Popular representou uma política de unidade contra a extrema direita através de projeto político mais claro e radical.
Outras eleições importantes ainda acontecerão no continente este ano. Itália, Irlanda, Noruega e Croácia são alguns dos países que terão disputas nos próximos meses, mas tudo indica que o cenário eleitoral geral continuará contraditório e indefinido enquanto não as lutas de massas não se generalizam, como se viu recente com a juventude da Sérvia.