Há uma guerra em curso contra o meio ambiente
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Há uma guerra em curso contra o meio ambiente

As respostas à emergência climática tornam-se lutas cada vez mais centrais perante os ataques do capital e dos governos

Israel Dutra 31 maio 2025, 08:42

Às vésperas da COP-30, considerada a mais importante reunião que tratará dos temas ambientais da atualidade, o Brasil volta à discussão acerca de medidas para evitar o colapso climático. E o faz de forma dramática: o Senado acabou de aprovar um projeto de lei que destroça o licenciamento ambiental, legalizando a destruição da natureza em nosso país.

Isso acontece no mesmo momento que o governo Lula mede forças para “apressar os trâmites técnicos” da exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

A virulência contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, verificada no Senado e protagonizada por trogloditas da extrema direita, como Marcos Rogério do PL, é a ilustração de até onde vai a sanha da bancada ruralista e da mineração.

A convocatória de ações e protestos para o dia 1 de junho é um sintoma de que existe disposição em setores dinâmicos da sociedade para evitar o pior e lutar contra o projeto de lei da devastação ambiental. Esse é centro de uma ampla batalha que evidencia uma guerra em curso contra a vida e os interesses das maiorias sociais.

A profundidade do problema

A reação da sociedade foi imediata. Além da convocatória dos protestos de rua para o final de semana, centenas de organizações e entidades se pronunciaram publicamente contra o PL 2159, já batizado de “PL da devastação”.

Vozes amplas como a CNBB, artistas como a cantora Anitta, movimentos sociais e populares, já entraram na campanha para que o projeto seja vetado pela presidência. Pesquisas de opinião como a Quaest indicam que há amplo espaço para luta política contrária ao PL da devastação.

A essência do retrocesso é liquidar o papel regulador e decisório de órgãos como o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e o ICMBio para flexibilizar licenciamentos. Tudo isso a serviço dos interesses do agronegócio e da mineração, que são os responsáveis pelas maiores tragédias ambientais brasileiras como se viu em Maceió, Brumadinho e Mariana, apesar de citar os casos mais reconhecidos.

E tudo isso tendo como pano de fundo os alertas da comunidade científica internacional: é preciso puxar o freio de emergência do aquecimento global. Se não forem revertidas as taxas de aceleração do aquecimento global, hoje em cerca de mais 0, 3 graus celsius por década, as novas gerações não terão lugar no mundo. Apenas um punhado de bilionários e privilegiados vai poder sobreviver ao colapso climático que se aprofunda. Essa é a raiz do problema ambiental, geral, para além de retóricas desenvolvimentistas ou de ocasião.

O papel do governo

Acuado pelo crescimento da impopularidade, o governo Lula não só não combate a lógica de desmonte do meio ambiente, como está sendo acusado de omissão no caso do PL da devastação. A recente reportagem do site Sumaúma desvenda os bastidores da colaboração da base do governo com os interesses dos ruralistas, como no caso do licenciamento de áreas na região Amazônica.

O site qualifica o PL da devastação como “mãe de todas as boiadas”, no que seria o maior ataque à proteção ambiental no Brasil nos últimos 40 anos.

O governo que embaralha nova troca nos ministérios para facilitar o licenciamento da exploração de petróleo, segue abrindo caminho para políticas que beneficiam a extrema direita, como no patético caso em que presidente da Petrobras repetiu o mantra trumpista de “Perfurar, perfurar” para justificar a celeridade na exploração da Foz do Amazonas.

Nesse quadro e quando se completa mais de 20 anos de legalização do Partido, a decisão de Boulos de querer uma vaga no ministério de Lula é a expressão da tentativa de subordinar o PSOL ao governo. A ala esquerda do partido não aceitará essa lógica de colaboração de classes. Não foi com ela que o PSOL cresceu e se tornou um partido necessário.

Cabe à esquerda militante, em ampla aliança com movimentos sociais e de resistência ambiental, de norte a sul do país, apoiados na juventude e mesmo nas camadas médias, impor à agenda da resistência à devastação. Esse deve ser o lugar do PSOL.

Agir e agir

Como já tínhamos prognosticado, o ano “político” estará marcado pelas ações daqui até a COP 30. Importantes articulações e seminários vem sendo realizados, como o Encontro Internacional “Povos, Territórios e Natureza Frente ao Caos Global”, que aconteceu em São Paulo para tratar e preparar a agenda da luta ambiental ecossocialista.

Diante da verdadeira guerra em curso contra a natureza, o futuro e os interesses dos povos, é fundamental apostar na mobilização e na defesa de um programa ambiental sustentável e Ecossocialista, ganhando os setores mais corajosos e avançados da juventude para essa bandeira. As manifestações marcadas para o dia 1 ° e o dia 7 serão datas importantes nessa luta, que recém começa.

O exemplo da jovem Greta Thunberg inspira ao planeta, ao relacionar a defesa da vida com a solidariedade incondicional com a causa palestina. Com essa força e exemplo, seguimos, enfrentando e derrotando o PL da devastação, à exploração do petróleo na Foz do Amazonas, com a força de um programa Ecossocialista, contemporâneo e capaz de mover multidões.


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