Agora é lei: Rio Grande do Sul tem o Dia Estadual do Tamboreiro, Alabê, Ogã e Tata
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Agora é lei: Rio Grande do Sul tem o Dia Estadual do Tamboreiro, Alabê, Ogã e Tata

Data foi instituída a partir de projeto de lei de autoria da deputada estadual Luciana Genro (PSOL)

Mandato Luciana Genro 15 set 2025, 09:57

Desde abril de 2024, o dia 15 de setembro passou a integrar oficialmente o Calendário de Eventos do Rio Grande do Sul como o Dia Estadual do Tamboreiro, do Alabê, do Ogã e do Tata. A data foi instituída por meio da Lei nº 16.083/2024, sancionada pelo governador, a partir do Projeto de Lei 73/2023, de autoria da deputada estadual Luciana Genro (PSOL).

O PL, que foi montado a partir da escuta ativa dos religiosos, é um marco na valorização das religiões de matriz africana e seus agentes culturais, especialmente os que mantêm viva a tradição dos toques sagrados. A escolha do mês de setembro se deve à celebração de Xangô, orixá da justiça e senhor dos tambores, cuja relação com o som e o ritmo é reverenciada em diversas nações afro-religiosas.

“Ter um dia estadual para homenagear os tamboreiros é, além de uma forma de valorizar a cultura dos povos tradicionais, uma ferramenta de combate à intolerância religiosa. Meu mandato é um grande parceiro dessa luta!”, declarou Luciana Genro.

O som dos atabaques é parte fundamental da vida nos terreiros e barracões. O toque é um chamado ao sagrado, um código de comunicação entre o mundo espiritual e o mundo físico. Quem faz essa ponte são os Tamboreiros, também conhecidos como Ogãs ou Alabês (do iorubá Alagbê), nas tradições jeje-nagô, ou Tatas, nos candomblés de origem Kongo-Angola — mais especificamente chamados de Tata Xikarengoma, quando são os tocadores de Ngoma.

No Batuque Gaúcho, também conhecido como Nação, o Alabê é responsável não apenas pelos toques rituais, mas também pela alimentação espiritual, conservação e cuidado com os instrumentos sagrados de percussão. Na Umbanda, o tamboreiro tem função semelhante, regendo os toques que conduzem as giras espirituais.

Para o Candomblé, o Ogã é aquele que auxilia o babalorixá ou ialorixá com a força do som. O Ogã Alabê assume o comando dos atabaques e dos cânticos sagrados — seja nos idiomas das nações (Ketu, Ijexá, Jeje, Angola) ou em português, nos cultos de Umbanda e Quimbanda.

Com a sanção da lei, o Rio Grande do Sul dá um passo importante no reconhecimento do legado ancestral afro-brasileiro e na luta contra o racismo religioso. Mais do que uma data comemorativa, o Dia Estadual do Tamboreiro, Alabê, Ogã e Tata é uma afirmação de respeito, memória e resistência.

A trajetória de Mauricinho de Xapanã, assessor da deputada Luciana Genro, é um testemunho vivo da importância e da ancestralidade que o tambor carrega, com mais de 30 anos dedicados aos toques sagrados. Começou ainda na infância a tocar com o pai nos rituais, aos oito anos já tinha seu próprio tambor, feito sob medida, e desde os 12 passou a conduzir o toque de sessões sozinho. Atuante nas tradições de Umbanda, Kimbanda e Batuque, destaca que o tambor é mais que música.

“O tambor dentro do terreiro significa a vida, o movimento e a energia. É ele quem chama os ancestrais à terra e, com o mesmo respeito, sinaliza o momento de sua partida, pois cada sessão tem um começo e um fim sagrados. Esse ciclo, do abrir ao fechar das obrigações espirituais, é guiado pelo som do tambor – sob a condução do alabê, em parceria com o Pai ou Mãe de Santo,” explica.

Para ele, a criação do Dia Estadual do Tamboreiro é um marco de reconhecimento fundamental. “A lei traz visibilidade, marca nossa existência e valoriza o trabalho que fazemos dentro dos terreiros. Nós, alabês, muitas vezes somos esquecidos, mesmo tendo tantas responsabilidades espirituais. Essa lei vem para nos afirmar como cidadãos, com fé, com direitos, com religião de matriz africana que merece respeito”, explicou.

Ressalta que a iniciativa também ajuda a combater a intolerância religiosa, ao marcar no calendário oficial do Estado a importância das tradições afro-brasileiras. Mauricinho também vê no tambor um elemento de transformação pessoal e coletiva. O tamboreiro reforça que sua atuação não é apenas musical: é espiritual, educativa e política.


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