Temos lado!
Luciana Genro reflete sobre sua diplomação para deputada estadual (RS) e os desafios dos mandatos do PSOL.
Minha primeira diplomação de deputada estadual ocorreu em dezembro de 1994. Eu tinha 23 anos e me preparava para assumir um desafio que viria a ser muito maior do que eu imaginava. Havia sido eleita pelo PT, com pouco mais de 17 mil votos. No meu segundo mandato de deputada estadual fiz mais que o dobro desta votação, chegando a quase 37 mil votos em 1998. Depois vieram quase 100 mil votos para deputada federal, ainda pelo PT. E em 2006 foram mais de 186 mil votos, já pelo PSOL.
Desde 2010 estou sem mandato, o que acabou sendo muito positivo para a minha caminhada. Fundei o Emancipa, ONG de educação popular. Me formei advogada, atuei na área, fiz uma especialização em Direito Penal e um mestrado em Filosofia do Direito na USP. Fui candidata à presidência da República e à prefeita de Porto Alegre. Aprendi muito e consolidei meus ideais socialistas. Aprendi a importância de ser feminista, de lutar contra a LGBTfobia e o racismo.
Agora, 24 anos depois, volto a ser diplomada deputada estadual, pelo PSOL, partido que fundei e ajudei a construir e a fortalecer. Foram 73.865 votos. Este diploma que recebo é de cada um e de cada uma que digitou 50500 na urna. Não posso deixar de agradecer aos dirigentes do PSOL que construíram comigo esta vitória. Em nome de todos eles cito o Roberto Robaina, meu camarada desde o princípio. Sem ele nada disso teria acontecido. Junto comigo, pela primeira vez deputada, é diplomada Fernanda Melchionna deputada federal. Sua vitória é a prova de que as ideias que representei desde 1994 como parlamentar estão mais fortes. É a prova também de que as mulheres estão ocupando o seu espaço de forma cada vez mais intensa. Me orgulho de ser parte desta luta. Me orgulho da Fernanda, que como vereadora já conquistou o respeito e admiração de milhares e abre caminho para uma nova geração, assim como a Sâmia Bomfim, a Talíria Petrone, a Áurea Carolina e tantas outras que darão seguimento ao legado de Marielle Franco.
As cerimônias de diplomação em todo o país foram marcadas pela intolerância de apoiadores diretos do Bolsonaro. No Rio Grande do Sul não foi diferente. O PSOL tem lado. Nosso lado é o do povo pobre das periferias, dos trabalhadores explorados, das mulheres que se levantam contra a violência, das LGBTs que saíram do armário, da negritude que exige reparação, da juventude indignada. É para estes e estas que lutamos por este mandato e vamos exercê-lo com muita honra!