Unificar as lutas para derrotar Bolsonaro
Como expressão de todas as lutas difusas e da indignação crescente em todo o Brasil, é preciso dizer: Fora Bolsonaro!
Bolsonaro não esconde sua tentação autoritária. Depois de seu discurso na ONU, volta à carga para entregar o país e seguir estimulando a destruição da Amazônia. Em reunião com garimpeiros, prometeu que “não iria parar” – o que, para bom entendedor, significa reafirmar a política que leva à impunidade dos que promovem incêndios criminosos, invasão de terras indígenas e atividades ilegais de extração de madeira e garimpo, acelerando o desmatamento.
Ao mesmo tempo, os trabalhadores seguem alvo da crescente informalidade e da desregulamentação das leis de seguridade social e do trabalho. Foi aprovada a reforma da previdência no Senado em primeiro turno e a reforma tributária do governo, em discussão, é um presente para os patrões, rentistas, milionários e bilionários. Tudo isto num país entre os mais desiguais do mundo, em que os 5% mais ricos têm a mesma riqueza dos outros 95% da população.
Ao mesmo tempo em que crescem as dificuldades para os trabalhadores, o empobrecimento popular e o mal-estar social, as confissões de Rodrigo Janot em seu livro escancaram o caos da relação entre os Poderes e a dificuldade de que regime recupere a estabilidade. O governo, por sua vez, segue sua agenda de cortes e ataques a áreas fundamentais. Abraham Weintraub organizou um evento com a presença da imprensa para, cinicamente, anunciar o descontigenciamento de R$ 1,1 bilhão de verbas da educação, enquanto R$ 3,8 bilhões seguem cortados da Educação. Ao mesmo tempo, são gravíssimas as sinalizações para o orçamento do próximo ano – em que, por exemplo, a CAPES, financiadora da maior parte das pesquisas científicas do país, terá metade das (já escassas) verbas que teve em 2019 – e as ameaças de liquidar a carreira docente com o programa “Future-se”, que ameaça as universidades e a qualidade do ensino superior brasileiro.
A cultura e as artes seguem alvo de cortes orçamentários e ameaças de censura. Nesta semana, além disso, também foi noticiada pela imprensa uma substituição geral de coordenadores de escritórios do Iphan em todo o país, trocando pessoal qualificado por indicados de parlamentares da base de apoio do governo e “assessores”/youtubers desclassificados do PSL. O patrimônio histórico, artístico e cultural brasileiro, cuja preservação nunca foi prioridade, agora corre ainda mais riscos.
Nas periferias do país, a polícia segue impondo o medo e assassinando jovens e crianças. O Brasil de Bolsonaro é repressão, autoritarismo e retirada de direitos em larga escala: uma guerra social contra a maioria do povo brasileiro. É preciso organizar uma resposta contundente, unificando as lutas contra a extrema-direita e este governo antinacional e antipopular que pretende destruir o Brasil. Basta!
Unificar as lutas e responder com mobilização ao bolsonarismo
Existem muitas lutas e conflitos em curso. A indignação popular com o assassinato da menina Ágatha Félix, no Rio de Janeiro, expôs a política genocida de Wilson Witzel. Os ataques de Bolsonaro contra o cacique Raoni e os povos indígenas acenderam a luta em defesa da defesa do meio ambiente, da Amazônia e de nossos biomas, das terras indígenas e quilombolas.
Os estudantes, docentes, pesquisadores e trabalhadores da educação seguem resistindo aos planos de Weintraub – na Universidade Federal de Santa Catarina, organizam-se assembleias multitudinárias; e o movimento nacional da educação está convocando uma jornada de greves e paralisações de 48 horas.
As lutas de trabalhadores e suas organizações sindicais começam a aquecer-se. A greve da Embraer, em São José dos Campos (SP), foi interrompida pela ação truculenta da PM paulista de Doria. Os agentes de saúde do munícipio de Porto Alegre, liderados pelo Sindisaúde local, lutam para defender os seus postos de trabalho, contra a política do prefeito Marchezan. Também no Rio Grande do Sul, em Pelotas, os trabalhadores municipais estão organizando uma forte greve. Há exemplos desse tipo em todo o país e devem aumentar com as perspectivas sombrias de privatização generalizada, subfinanciamento dos serviços públicos, informalidade crescente e a nova rodada de desmonte de direitos trabalhistas prometida pelo governo.
Tudo isto mostra a necessidade de construir uma pauta comum entre os movimentos sociais e democráticos que se organizam e lutam contra o bolsonarismo e seus ataques. O congresso da CSP-Conlutas, apesar dos limites de sua direção no contexto de dificuldade geral do sindicalismo, deve aprovar um plano de lutas unitário. É preciso seguir os exemplos de luta no mundo – como mostrou a greve climática internacional, que se chocou com a extrema-direita e estimulou a emergência de novas lideranças.
A agenda do PSOL
O PSOL deve buscar ser a expressão política da luta contra o governo Bolsonaro. O partido deve ser uma ferramenta de apoio e construção das muitas lutas em curso – por direitos democráticos e contra o autoritarismo; em defesa da educação, da ciência e da tecnologia; pela preservação do meio ambiente, da Amazônia e das terras indígenas e quilombolas; pela soberania nacional e contra as privatizações e o entreguismo; em defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro; entre tantas outras. Ao mesmo tempo, o partido deve oferecer uma agitação que mostre ao povo brasileiro um caminho, exigindo a taxação das fortunas dos milionários e cobrando dos rentistas, banqueiros e bilionários o fim de seus privilégios e os recursos necessários para atender as necessidades populares.
Como expressão de todas estas lutas difusas e da indignação crescente em todo o país, é preciso dizer: Fora Bolsonaro! Enquanto se organiza como ferramenta de luta, o PSOL deve defender esta síntese como expressão geral da indignação nacional, que pouco a pouco ganha as ruas do país. Nas últimas semanas, milhares de novos filiados têm procurado nosso partido como um espaço de organização contra Bolsonaro, os ataques deste governo e da extrema-direita. Nosso partido deve estar à altura dessa necessidade nacional.