Uma noite, três eleições, múltiplos sentidos

Israel Dutra analisa as eleições nacionais de Argentina e Uruguai, e as eleições municipais na Colômbia.

Israel Dutra 28 out 2019, 13:52

Foi uma noite eleitoral. No domingo, três países vizinhos foram às urnas. Enquanto na Argentina a eleição se decidiu no primeiro turno, o Uruguai terá uma segunda volta, entre a Frente Ampla e o Partido Nacional. No caso colombiano, foram eleições municipais, onde o uribismo do presidente Duque sofreu uma derrota histórica. 
O mais significativo foi a derrota de Macri, com Alberto Fernandez proclamado novo presidente da Argentina. Cristina Fernandez Kichner volta à Casa Rosada, agora como vice presidente. 
Os resultados devem ser melhor analisados, incluído aí um olhar que possa ver as diferenças e especifidades de cada pleito, bem como entender quais são as tendências profundas que se revelam. 
Impossível separar os processos eleitorais das rebeliões populares contra o ajuste. Chile e Equador apontaram um caminho. 
Duas tendências gerais se avivam: 
o pêndulo gira para o lado oposto ao neoliberalismo e da direita. A votação na chapa de Fernandez/Fernandez representou um voto castigo, cheio de esperança para derrotar o ajuste. Na Província de Buenos Aires, Axel arrasou a candidata de Macri, Eugenia Vidal. E isso também pode ser comprovado na votação da Frente Ampla- a despeito de todo desgaste. A mais importante vitória no Uruguai, contudo, foi a derrota em plebiscito vinculante da proposta direitista de reforma da segurança pública. Uma multitudinária marcha juntou centenas de milhares na quarta-feira para expressar rechaço a essa proposta penalista.
A polarização social e política. Os resultados da direita não são nada desprezíveis. Macri superou 40% com toda tempestade. A direita está viva para disputar o segundo turno no Uruguai. Com mais crise e recessão, a polarização, entre projetos e das ruas vai seguir. 

A eleição colombiana, com resultados onde a centro-esquerda e partidos menores, com acento democrático, indica a derrota do presidente Duque e sua política. O mais parecido com Bolsonaro dos presidentes sul-americanos amarga uma derrota na noite de domingo. E as lutas na Colombia seguem marcando terreno, com greves e protestos agendados. Na Argentina, Fernandez já busca uma “mudança pactada”, o que com o cenário economico desalentador, levará a choques com as demandas do movimento de massas. 
À esquerda radical cabe buscar construir pontes entre as lutas sociais, tratar com unidade e sem sectarismo a experiência que os setores mais avançados do povo fazem com os governos. A FIT U teve um modesto, porém valioso resultado, com Myrian Bregman atingindo 6%, quase entrando como deputada na capital. Aqui a divisão da esquerda custou caro, porque somados aos votos de Luiz Zamora(apoiado também pela corrente Novo Mas), a esquerda teria mais uma cadeira nacional. 
A realidade se volta mais violenta e complexa. O neoliberalismo sai derrotado na batalha de domingo. A direita, neoliberal e autoritária não está morta e luta, de forma resiliente, para retomar a iniciativa. As experiências do social-liberalismo, que no Brasil foram lideradas pelo PT de Lula, preparam pratos amargos para o amanhã. Construir uma nova esquerda é uma tarefa necessária. E possível, se tomamos a bússola orientada pelos ventos do povo, que sopram fortes nas ruas de Quito e Santiago.


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Camila Souza