Revista Movimento nº 54
A atual edição da Revista Movimento dá sequência à anterior ao apresentar aos seus leitores uma coleção com alguns dos textos mais significativos publicados por ela ao longo dos seus oito anos de existência. Se naquela o fio condutor escolhido foi a teoria marxista, esta edição tem como tema a política internacional. Em Vértices da política internacional publicamos uma série de artigos e entrevistas que buscaram refletir o atual estágio do capitalismo contemporâneo, em suas diferentes manifestações nacionais, e suas imbricações com a política local em diferentes países e regiões. Uma vez mais, é significativa a atualidade dos textos, aqui resgatados, publicados ao longo desta quase uma década da revista. Do fortalecimento de Trump ao conservadorismo de Putin, passando pela centralidade da Questão Palestina, a edição sublinha as permanências de uma conjuntura internacional imersa em um impasse. Como na anterior, dividimos a edição em quatro grandes seções.
Em O capitalismo adaptativo de Washington, Moscou e Pequim apresentamos textos que discutem o capitalismo e a política nos Estados Unidos, na Rússia e na China. Trata-se, afinal, de três países-chave da
contemporaneidade, dos quais não podemos nos furtar de buscar analisar, sem o que qualquer consideração sobre o atual estado das coisas ficaria incompleta. Por um lado, Estados Unidos e China, as duas maiores economias do planeta, disputam a liderança hegemônica global numa disputa tecnológica feroz. De outro, a Rússia, outrora polo antagônico dos norte-americanos, se movimenta na geopolítica deste início de século visando reposicionar-se na nova ordem mundial. Mais do que analisar seus movimentos transfronteiriços, entretanto, a seção privilegia análises que visam discutir profundamente alguns dos principais determinantes internos da política e da economia de cada um desses países.
Em Colonialidade, mente e poder na Palestina, publicamos textos que tratam da importância da luta pela emancipação desse Estado sob duas perspectivas diversas. Por motivos óbvios, em um momento no qual
a reafirmação da importância da autodeterminação do povo palestino ganha contornos dramáticos, a seção é também uma forma de solidariedade à luta anticolonial de um povo que, estando sob os jugos dessa dominação em plena era dos drones e da inteligência artificial, revive a memória de outro povo que a fez na época da máquina a vapor e da máquina-ferramenta. Incongruências perenes da tecnologia e da política sob o modo de produção capitalista.
Teoria apresenta textos que se debruçam uma vez mais sob manifestações do capitalismo em diferentes contextos nacionais e históricos. Ela nos permite analisar a cultura, a sociedade, a economia e a política
institucional desde a ótica do marxismo, revelando as potencialidades das ferramentas críticas dessa teoria.
Finalmente, a última seção é dedicada a dois documentos elaborados por dirigentes do Movimento Esquerda Socialista (MES), organização política que impulsiona esta Revista Movimento. Ela apresenta,
assim, duas análises sobre política internacional elaboradas no interior desse círculo de atuação política. Revela que, ao fim e ao cabo, essas e as demais análises aqui publicadas só de fato florescem quando aliadas à prática e à intervenção concreta na realidade. Que o contato com os textos possa servir como fermento à inquietação, antessala da ação, é o que desejamos.
Boa leitura