Diante dos podres poderes da República desnudados o prosseguimento da Lava-Jato

Diante dos podres poderes da República desnudados, defendemos o prosseguimento das investigações da Lava-Jato e a luta contra as reformas, confiando na força do povo

Secretariado Nacional do MES 1 abr 2017, 18:47

Na semana passada, a revelação via o jornal Estado de São Paulo da lista dos indiciados pelo ministro Fachin, a partir da delação dos executivos da Odebrecht, desnudou as mais promíscuas relações entre governantes e as empreiteiras que comandam o país há décadas.

Essa é mais grave crise política do pacto constituído na Nova República. Um pacto que teve como grande salto a incorporação do PT ao jogo do poder. São citados inúmeros “políticos”. Entre eles, todos os ex-presidentes da Nova República: Collor, FHC, Lula e Dilma. Um terço do Senado está citado. E boa parte dos principais deputados e líderes de bancada, com destaque para Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Vicente Cândido, relator da reforma política. Nove ministros estão implicados, ampliando a lista anterior que era encabeçada por Padilha e Moreira Franco.

O fato de Aécio ser o político mais citado também derruba por terra dois argumentos: o de que a OLJ era uma operação “contra o PT” e de que a direita era a paladina da luta da corrupção.

O Rio de Janeiro é o ponto mais alto dessas revelações, onde a combinação das operações contra a corrupção levou para cadeia Eike, Cabral e quase todo seu secretariado e ameaçam a Paes, Picciani e mesmo Pezão.

A crise política se coaduna com a crise econômica. O corte de gastos foi superior ao imaginado. O desemprego se alastra, os municípios e estados estão quebrados. A burguesia precisa aprovar a reforma da Previdência e o novo regime de recuperação fiscal dos estados. A divulgação da lista paralisou o parlamento nacional.

Resistência e greve geral

A luta contra a reforma previdenciária, apesar do boicote das direções tradicionais do movimento, que agora se sabe que receberam muito dinheiro para trair diversas greves, vem se configurando na principal queda de braço entre o governo, seus planos e o movimento de massas.

As fortes manifestações conseguiram algumas vitórias na nova versão que deve ser apresentada, como mudanças na regra de transição, separação de categorias como professores e servidores da segurança pública, a defesa da aposentadoria dos trabalhadores rurais e um embate sobre o pagamento da integralidade de pensões. Todas essas medidas são progressistas, porém o governo entrega os anéis para manter os dedos. Seu centro é a manutenção da mudança na idade mínima e no índice de taxação de ativos e inativos.

As lutas dispersas enfrentam a dificuldade da não existência de uma alternativa, e do peso do cadáver insepulto do lulismo. Porém, obtém importantes vitórias como a greve dos servidores de Florianópolis e a greve dos servidores de Cachoeirinha. A preparação da greve geral está transbordando as direções, sendo que o setor de transporte de todo país vem decidindo parar, em assembleias e agitações na frente das garagens. Também deve ser grande a adesão no setor industrial, onde há disposição de luta superior a do dia 15.

Para dar continuidade à luta contra as reformas não podemos cair em manobras dos aparelhos, mantendo a independência política do campo combativo.

O ato pró-Lula convocado para o dia 3 de Maio, em Curitiba, será uma ato de campanha eleitoral, onde seu êxito vai fortalecer a linha de grande acordo nacional que busca se costurar, entre Jobim, Bresser-Pereira, apelando a Lula, Mendes e FHC.

O PSOL deve seguir a resolução votada por sua executiva e jogar todas as forças para que a greve geral triunfe.

Defender a Lava-Jato e as investigações

A Lava-Jato deve ir até o final. Estamos completamente contra qualquer pacto que signifique estancar a sangria. Devemos ir para a ofensiva na nossa atuação parlamentar para denunciar medidas que salvem a pele dos corruptos e corruptores, como a anistia ao caixa dois. No caminho inverso, nossa defesa deve ser: aprofundamentos das investigações; prisão para os corruptos, cassação do mandato e perda dos direitos políticos. Defendemos a prisão dos corruptores, a expropriação da Odebrecht e das grandes empreiteiras sobre o controle público.

É necessário refundar a República, com novas instituições e novos marcos. Por isso, é premente a convocação de eleições diretas e gerais imediatamente. É preciso uma assembleia popular constituinte para uma verdadeira revolução política no país, para responder ao sentimento (justo) de indignação que toma conta das ruas e dos lares brasileiros.

Em defesa de Luciana Genro e do PSOL

Precisamos dizer em alto e bom som que somos o único partido que está fora da Lista Fachin, porque não recebemos estatutariamente dinheiro de empreiteiras e proibimos o caixa dois.

Devemos ir a uma ofensiva nessa direção. Em Porto Alegre, prontamente Luciana Genro colocou à disposição sua troca de mensagens com Alexandrino de Alencar como comprovação de idoneidade e de que nossa moral não é a mesma que a deles. A repercussão local demonstrou o acerto dessa entrevista, ficando a opinião pública a favor de Luciana.

Luciana é um patrimônio do PSOL e da esquerda brasileira. Nossa porta-voz, defende o direito das mulheres, das LGTB, fez uma campanha histórica para presidente e segue como principal figura da esquerda gaúcha. Tem sido responsável por articular as diferentes lutas da juventude e do povo, seja em âmbito local ou nacional. Como fundadora do PSOL é antítese do que representou Lula e a burocracia do PT que precisaram expulsar os radicais – Luciana, Babá, Heloisa Helena e João Fontes – para concluir seu curso de conversão em agentes do capital financeiro.

Por isso reafirmamos nosso compromisso com Luciana Genro, em desagravo a ela, com a certeza de que nos orgulha como figura pública e dirigente nacional do Partido.

As tarefas imediatas do PSOL

Nosso eixo deve ser combinar a luta contra a corrupção e a luta contra o ajuste. A greve geral do dia 28 será o mais importante teste de forças nesse sentido. O Partido deve ir com cara própria, com capacidade de mobilização, para derrotar as reformas da Previdência e trabalhista.

Devemos defender um plano unificado de lutas após a greve, que caminhe para a construção de uma nova greve de 36 horas, um plenário unificado dos sindicatos, da juventude e das organizações de esquerda para discutir os rumos do país.

Defendemos a Lava-Jato, confiando apenas na força do povo, para empurrar para frente as investigações, tomar as ruas e o Partido se postular como uma ferramenta para coordenar e apresentar uma alternativa, contra a direita e o lulismo. Por isso vale a reafirmar a votação unânime de pré-candidatura própria, rumo a o lançamento de uma alternativa de esquerda de verdade.


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Pedro Micussi