Clipping semanal da Fundação Lauro Campos 01/08-07/08

Reproduzimos material organizado pelo Observatório Internacional da Fundação Lauro Campos sobre as principais notícias do mundo da primeira semana de agosto.

Charles Rosa 9 ago 2017, 17:33

Da primeira semana de agosto, o Observatório Internacional da Fundação Lauro Campos destaca em seu clipping de notícias a lei imigratória sancionada por Donald Trump nos EUA e o agravamento da situação política venezuelana com o estabelecimento de uma Assembleia Constituinte. Enquanto na América do Norte, boa parte dos analistas se debruçam sobre as consequências da restrição à entrada de estrangeiros no país, na América do Sul, os venezuelanos se defrontam com a intensificação da cisão interna no país e com o cerco imperialista.

Outros temas que abordamos neste compilado de artigos e reportagens internacionais são: a continuidade na prisão de Ollanta Humala, a ruptura do Alianza País no Equador, o aumento do número de mortes na fronteira EUA-México, a indecisão do governo britânico sobre qual estratégia tomar para o Brexit, a mobilização popular na Polônia para barrar a concentração de poderes no Executivo, a inacabável purga de Erdogan no Estado turco, as dificuldades de Rohani para fazer avançar suas prometidas reformas no Irã, a rota de colisão entre Índia e China no Himalaia, as sanções da ONU sobre a Coreia do Norte, o caos ingovernável na Líbia e as eleições presidenciais do Quênia sob forte risco de confronto militar entre as forças concorrentes.

Na segunda parte, destinada aos debates realizados pela esquerda mundial, como não poderia deixar de ser, o complexo problema venezuelano ocupa novamente a maior parte do espaço. A fim de fomentar as discussões, buscamos contemplar diferentes posições sobre o governo Maduro e a Constituinte que ele patrocinou. Ademais, realçamos uma entrevista com o economista grego Costas Lapavitsas sobre os desafios da esquerda europeia, um artigo-denúncia da ditadura de Kagame em Ruanda, as possibilidades de uma rebelião contra o governo Erdogan na Turquia, as reflexões sobre o socialismo nos EUA e a luta das mulheres no Chile para pautar a violência misógina na agenda eleitoral.

Uma ótima leitura a todos!

 

ESTADOS UNIDOS NA ERA TRUMP

Trump sancionou na quarta-feira (02/08) projeto de lei que restringe a concessão de ‘green cards’, pretendendo reduzir a imigração total nos EUA em 41% no primeiro ano e em 50% no décimo ano.

Editorial do NY Times (07/08): “Trump abraça uma proposta imigratória sem sentido” (inglês)

“O presidente Trump aprovou a legislação que reduziria a imigração legal pela metade, principalmente através da redução do número de vistos concedidos aos parentes dos cidadãos, ao mesmo tempo em que favorece as pessoas que falam inglês e possuem diplomas avançados. O projeto de lei, que não faria nada para resolver os desafios econômicos e de imigração do país, provavelmente não se tornará lei. A única maneira de entender o apoio vocal do Sr. Trump de um fracasso óbvio é mais uma tentativa de dinamizar sua base cada vez menor de apoiadores nativistas e de direita.”

Wahsington Post (02/08): “Trump diz que o projeto de lei de imigração aumentará os salários para os americanos. Não vai.”, Jeremy Robbins (diretor executivo da New American Economy)

“Os economistas que estudam imigração imensamente concordam que a imigração é uma benção econômica para nosso país. Na verdade, quase 1.500 economistas republicanos, democratas e independentes – incluindo seis prêmios Nobel – lançaram recentemente uma carta enfatizando o “acordo quase universal” entre economistas de todas as listras sobre “o amplo benefício econômico que os imigrantes deste país trazem”. (…) cortes drásticos nos níveis legais de imigração prejudicariam o crescimento econômico e resultariam em menos empregos para os americanos. Fechar nossas portas aos imigrantes não irá reverter a automação, a globalização ou o aumento da tecnologia. Em qualquer caso, tira os Estados Unidos da nossa maior vantagem competitiva na economia global: atraímos tantos empreendedores talentosos e inovadores e indivíduos de tantos lugares diferentes.”

Donald Trump assinou na quarta-feira (2) a legislação que impõe novas sanções à Rússia. As novas sanções econômicas foram aprovadas no do Congresso dos Estados Unidos no final de julho.

Editorial do The Guardian (06/08): “Sanções: uma ferramenta essencial” (inglês)

“A presidência de Trump tornou mais difícil o uso de sanções, não mais fácil. Ele ataca o multilateralismo e se preocupa pouco com os direitos humanos. Ele diminuiu o soft power que ajuda a construir o consenso. Seus tweets irritados e erráticos criam ofensa gratuita, não política. A recente e unânime adoção de novas sanções contra a Coréia do Norte pelo Conselho de Segurança da ONU foi um raro triunfo da diplomacia sobre o Twitter. As sanções precisam de uma abordagem crível com objetivos alcançáveis. No entanto, nas mãos do Sr. Trump, são embriagadas por problemas políticos de sua própria criação – verifique seu discrição sobre se levantar um embargo comercial contra o Sudão por causa de divisões e falta de pessoal. As sanções, cada vez mais o baluarte do sistema internacional, podem funcionar. Mas não o farão se a Casa Branca estiver paralisada pela indecisão, ou, quando for confrontada com escolhas complexas, atacar sem se preocupar em consultar os outros.”

VENEZUELA

BBC (06/08): “Cinco eventos inéditos que marcaram uma semana turbulenta na Venezuela”

“Se os últimos meses na Venezuela foram marcados por protestos massivos e eleições contestadas, a última semana viu as tensões escalarem em ritmo ainda mais intenso no país. O clima de enfrentamento cresceu com mortes nas ruas, reações do Mercosul e a posse, na sexta-feira, da polêmica Assembleia Nacional Constituinte do governo Nicolás Maduro, que pretende reformar o Estado e redigir uma nova Constituição. Neste domingo, o governo venezuelano disse ter contido um ataque contra uma base do Exército em Carabobo (noroeste do país), cujos autores, vestidos com roupas militares, afirmavam se tratar de um levante para “restaurar a democracia”.”

EBC (05/08): ‘Constituinte da Venezuela inicia trabalhos e substitui procuradora-geral”

“Em sua primeira sessão, a Assembleia Constituinte da Venezuela, que tomou posse na sexta-feira (4), nomeou Tarek William Saab como novo procurador-geral do país, após destituir do cargo Luisa Ortega Díaz, considerada opositora do governo de Nicolás Maduro.”

BBC (02/08): “Como o lobby do petróleo pode ter feito Trump focar sanções em Maduro, e não na Venezuela”

“Mas por que os Estados Unidos decidiram se focar nos investimentos e negócios pessoais do presidente venezuelano? Para especialistas consultados pela BBC Brasil, as respostas passam pelo lobby da indústria americana do petróleo, que não quer ver preços mais altos nos postos de gasolina, por possíveis críticas internacionais a sanções mais drásticas contra o país e pela possibilidade de um eventual fortalecimento de Maduro – que poderia reagir a bloqueios contra a Venezuela com novas medidas radicais ou autoritárias. O xadrez geopolítico inclui ainda o risco de aprofundamento da crise humanitária no país sul-americano – que já sofre com desabastecimento, escassez de alimentos e uma escalada sem precedentes de violência que deixou pelo menos dez mortos durante protestos no último fim de semana.”

UOL (05/07): “Mercosul impõe nova suspensão à Venezuela”

“Os chanceleres de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai decidiram pela suspensão política da Venezuela do Mercosul, em reunião realizada na Prefeitura de São Paulo, neste sábado (5). O Mercosul anunciou suspender a Venezuela do bloco por ruptura da ordem democrática. A decisão, unânime, é sanção máxima prevista nas regras do bloco. (…) Com a suspensão pelo Protocolo de Ushuaia, a Venezuela só pode voltar ao bloco após uma mudança de regime, com eleições democráticas.”

FOLHA DE S.PAULO (06/08): “EUA não devem intervir militarmente na Venezuela, diz assessor de Trump”

“O assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, Herbert Raymond “HR” McMaster, descartou uma intervenção militar de seu país na Venezuela, atingida por uma grave crise política e econômica, em entrevista divulgada neste sábado (5). “Não. Acredito que não”, respondeu o tenente-geral ao ser consultado sobre o assunto. (…) O alto militar destacou as “consequências devastadoras” do que chamou de “ditadura” sobre a Venezuela. No entanto, recordou que a história de intervenção americana na América Latina causou “problemas no passado”, e que Washington não quer dar a “este regime ou a outros” a oportunidade de dizer que os americanos “são a causa do problema”. ”

PERU

G1 (04/08): “Tribunal peruano determina que ex-presidente Humala permaneça preso”

“Um tribunal de apelação peruano decidiu nesta sexta-feira que o ex-presidente do país Ollanta Humala e sua mulher devem continuar em prisão preventiva por até 18 meses, enquanto procuradores preparam as acusações de lavagem de dinheiro contra eles. O ex-mandatário peruano e a ex-primeira-dama Nadine Heredia são acusados de aceitarem doações de campanha ilegais da Odebrecht.”

EQUADOR

BBC (03/08): “Presidente Lenín Moreno retira “todas as funções” do vice Jorge Glas” (espanhol)

“A suspensão de todas as prerrogativas do vice-presidente do Equador, Jorge Glas, por parte do presidente do Equador, Lenín Moreno, é -por ora- o último capítulo de uma luta de poder no seio do partido do governo que também envolve o ex-presidente Rafael Correa. Desde a mudança presidencial em 24 de maio, os equatorianos viram os principais líderes do Alianza País passar da celebração de um novo mandao -depois de 10 anos no governo- a se distanciar publicamente com declarações feitas, em sua maioria, através das redes sociais”.

MÉXICO

The Guardian (03/08): “Trump para Peña Nieto: o muro da fronteira não é tão importante – apenas não diga que não pagará” (inglês)

“Reportagem revela transcrições vazadas de chamada telefônica entre presidentes dos EUA e México, em que Trump pede a Peña Nieto que não diga à imprensa que não pagará pelo muro”.

ONU (04/08): “Aumenta número de mortes ao longo da fronteira entre EUA e México, diz ONU”

“Nos sete primeiros meses de 2017, 232 mortes foram registradas ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México. É o que revela um levantamento divulgado nesta semana pela Organização Internacional para as Migrações (OIM). Número representa um aumento de 17% na comparação com os 204 óbitos identificados no mesmo período, em 2016. Cinquenta corpos foram descobertos no mês passado.”

BREXIT

El País (06/08): “Qualquer opção de Brexit é pior que sua alternativa”, Xavier-Vidal Folch (espanhol)

“O informe da consultora Oliver Wyman (lembram-se? a mesma da crise da banca espanhola de 2012) para preparar o setor financeiro inquietará: calcula que o Brexit super-duro aumentaria os custos da banca instalada em Londres em cerca de 4% e que as entidades deverão reforçar seu capital até um terço (quase 60 bilhões de euros). Porque afrontarão todas as dificuldades para cumprir as regras dos europeu, o grosso de seus clientes favoritos. Vários bancos anunciam seu deslocamento parcial ou total ao continente, mais Frankfurt que Amsterdã. Como o HSBC e outros asíáticos e norte-americanos que caíram junto ao Tâmisa porque este desembocava então na Normandia. A emigração afetará entre 20 000 e 40 000 bancários qualificados, entre uma quarta parte e metade do pessoal do setor financeiro local.”

CRISE ECONÔMICA GLOBAL

Editorial do El País (05/08): “Herdeiros do ‘crash’”

“Dez anos depois, é possível constatar que a crise financeira e econômica mais grave desde a Grande Depressão deixou sua marca nos mercados globais. Embora esteja formalmente superada, suas sequelas se estendem no tempo e ainda são visíveis. O colapso financeiro, que começou com a crise das hipotecas subprime, a quebra de grandes instituições financeiras nos Estados Unidos (Bear Stearns, Lehman Brothers) e continuou com os resgates bancários muito dispendiosos pagos com dinheiro público, se prolongou em uma recessão econômica global que destruiu milhões de empregos (mais de 8 milhões nos EUA; na Espanha, por exemplo, foram entre 2,5 milhões e 3 milhões). Dez anos depois, o crescimento mundial ainda não conseguiu materializar sua capacidade potencial e permanecem em vigor as políticas monetárias excepcionais. Estamos convalescendo da Segunda Grande Depressão.”

POLÔNIA

Carta Capital (04/08): “Na Polônia, pressão popular barra interferência na Suprema Corte”

“As gigantescas manifestações de rua e o repúdio internacional levaram Andrzej Duda, presidente de direita da Polônia, a vetar em 24 de julho duas controversas leis que permitiriam ao Partido da Lei e da Justiça, que governa o país, a interferir na independência do Poder Judiciário.”

TURQUIA

NY Times (02/08): “O presidente Recep Tayyip Erdogan da Turquia substitui os principais chefes militares” (inglês)

“O presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, aprovou na quarta-feira novos líderes para o exército, a marinha e a força aérea, na maior reestruturação desde que ganhou novos poderes para a presidência em um referendo em abril. As nomeações ocorrem em meio a uma purga contínua do governo de oficiais e civis suspeitos de participar de um golpe fracassado no ano passado, mas também como parte de um esforço a mais longo prazo para impor o controle civil sobre as forças armadas turcas dominantes”.

IRÃ

The Guardian (04/08): “O acordo nuclear não é um desastre – mas o seu desmantelamento poderia ser” (inglês)

“Rouhani prometeu que o acordo traria prosperidade. A economia iraniana está crescendo novamente; ele diminuiu a inflação e estabilizou a moeda. Mas a pobreza aumentou, um quarto dos jovens está desempregado e o investimento estrangeiro permanece bem abaixo das projeções. Os iranianos ainda não sentiram os benefícios que eles esperavam. Paralelamente à insatisfação econômica, outras preocupações são geradas. As pessoas mais jovens querem especialmente a reforma, para ver mais mulheres no governo e melhores ligações com o mundo exterior. Enquanto isso, os adversários da linha dura do presidente, incluindo a Guarda Revolucionária e o Judiciário, retrataram o acordo como uma capitulação por pouca recompensa – não menos importante, porque desafia seus interesses. Eles sentem a oportunidade; note a recente detenção do irmão do senhor Rouhani. Os presidentes iranianos geralmente ficam enfraquecidos em seu segundo mandato e o aiatolá Ali Khamenei disparou um tiro no gol do presidente, insinuando um paralelo com Abolhassan Banisadr, um reformista retirado do cargo cedo.”

ISRAEL

The Guardian (04/08): “A polícia israelense confirma que Netanyahu é suspeito em investigação de fraude” (inglês)

“O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi nomeado como suspeito em duas investigações sobre alegações de “fraude, violação de confiança e subornos” com seu ex-chefe de gabinete assinando um acordo com promotores para testemunhar contra ele. Os movimentos marcam a crise política mais séria para o líder israelense, o único primeiro-ministro a enfrentar o pai fundador David Ben-Gurion pela longevidade no cargo. As suspeitas contra Netanyahu, que nega qualquer irregularidade, foram reveladas pela primeira vez em um pedido judicial de detetives na quinta-feira buscando um pedido de mordaça sobre o relatório de negociações com Ari Harow, o ex-chefe de gabinete, para se tornar uma testemunha estatal. As negociações foram concluídas na sexta-feira com Harow assinando um acordo no qual concordou em testemunhar.”

BUTÃO

Editorial do NY Times (04/08): “Dois poderes se chocam sobre o Butão” (inglês)

“O minúsculo Butão encontra-se no meio de uma disputa territorial entre a Índia e a China, duas potências nucleares com embriões ambições nacionais à beira do conflito. Em questão está um remendo de 34 milhas quadradas do território remoto himalaio no planalto Dolam. Em 16 de junho, as tropas chinesas que acompanham uma equipe de construção de estradas entraram em uma área que tanto o Butão como a China reivindicam. O Butão solicitou assistência indiana, e a Índia socorreu com tropas, vendo uma ameaça ao Corredor de Siliguri que liga a massa central da Índia ao seu território nordestino. Com a economia agora crescendo mais rápido do que a China, e com uma forte cautela militar e profunda sobre as ambições da China na Ásia, a Índia, sob a liderança do primeiro-ministro Narendra Modi, está determinada a enfrentar a China.”

CHINA

The Guardian (07/08): “Trump desafiar a China no comércio provocaria uma resposta “muito agressiva”, especialista prevê” (inglês)

“Movimentos de Donald Trump para enfrentar a China no comércio provocariam uma resposta “muito agressiva”, disse um ex-negociador de comércio dos EUA, já que Pequim disse que uma próxima visita do presidente dos EUA ajudaria a “mapear” o próximo meio século de laços entre as duas maiores economias do mundo.”

COREIA DO NORTE

El País (06/08): “Coreia do Norte ameaça responder às sanções com um “mar de fogo” sobre os EUA”

“O Conselho de Segurança aprovou, no sábado, uma nova rodada de sanções econômicas contra a Coreia do Norte, com o objetivo de bloquear as compras de elementos como carbono, ferro e chumbo feitas por Pyongyang, além de mariscos e outros produtos. Segundo os cálculos da ONU, sua entrada em vigor reduzirá em um bilhão de dólares (3,1 bilhões de reais) por ano a renda obtida pelo regime através do comércio exterior. A efetividade dessas medidas depende quase totalmente da China, origem e destino de 90% das transações comerciais da Coreia do Norte. Pyongyang é objeto de sanções econômicas desde 2006, mas seu programa nuclear, longe de terminar, intensificou-se sobretudo com a chegada do jovem Kim Jong-un ao poder. Washington, Seul e Pequim entraram em acordo, neste domingo, quanto ao endurecimento das sanções. A China, contudo, relativizou seu apoio dizendo que punir Pyongyang “não deveria ser o objetivo primordial”.”

QUÊNIA

DW (07/08): “Medo de violência na véspera das presidenciais no Quênia”

“Cerca de 19 milhões de quenianos são chamados às urnas na terça-feira (08.08) para decidir o destino político do país. O resultado das presidenciais mostra-se imprevisível. Sondagens de opinião antecipam uma luta renhida entre os dois principais candidatos, o Presidente Uhuru Kenyatta e o rival Raila Odinga. Os cidadãos também elegem um novo Parlamento e representantes locais. Esta segunda-feira (07.08), alguns quenianos armazenaram comida e água, e a polícia preparou kits de emergência, devido ao temor generalizado de que o pleito acabe em violência.”

LÍBIA

Terra (04/08): “Na Líbia, o caos governa”

“Desde a queda de Kadafi, país vive intensa luta pelo poder. Hoje, há dois centros políticos rivais, em Trípoli e Tobruk, e nenhum detém o controle efetivo sobre o território líbio e os grupos armados que o apoiam.A Líbia sempre foi um país extremamente dividido, mas, desde a morte do ditador Muammar Kadafi, em 2011, o caos tomou conta de seu território, com milhares de milícias lutando pelo poder.”

DEBATES DA ESQUERDA MUNDIAL

VENEZUELA

1- Portal de La Izquierda (01/08): “Constituinte fraudulenta – Manifesto da Plataforma Cidadã em Defesa da Constituição ao povo da Venezuela”

“No domingo passado, 30 de julho, se consolidou um atropelamento generalizado aos direitos constitucionais e legais do povo venezuelano ao que a palavra ‘fraude’ não alcança minimamente para descrever. Também passou um fraude, mas em realidade o que passou foi muito mais do que isso, e muito mais grave.”

2- Rebelión.org (03/08): “Declaração de experts eleitorais que observaram eleição Constituinte a consideram satisfatória”

“Do ponto de vista técnico – electoral, o que caracteriza a natureza do CEELA, como de seus integrantes, alheios ao político, manifestamos que cremos total e absolutamente na veracidade dos resultados da votação para integrar a Assembleia Nacional Constituinte, dadas todas as garantias ao longo do processo, especialmente as auditorias prévias à jornada eleitoral, além da confiabilidade e segurança que oferecem tanto a máquina eleitoral como o dispositivo de autenticação integral – CAPTA HUELLAS. Para esta Missão, a auditoria sobre os votos depositados se faz durante o escrutínio, é a garantia para a confiança no resultado apresentado pela Presidenta do CNE.”

3- Sin Permiso (06/08): “A tragédia da Venezuela”, por Michael Roberts (espanhol)

“Setores importantes das elites do governo de Maduro utilizaram a crise para seu próprio benefício pessoa. Compraram dívida pública com fortes rendimentos, enquanto que ao mesmo tempo se asseguram que não fará uma bancarrota pública, tudo isso às custas da queda dos níveis do povo que deve pagar esta dívida através dos impostos e os ingressos do petróleo não-percibidos. As divisas destinadas ao pagamento da dívida externa foram compensadas pela redução das importações de alimentos, medicamentos ou insumos industriais essenciais”.

4- Atílio Borón (07/08): “Verdades incômodas sobre Venezuela e a fúria das oligarquias midiáticas. Reflexões em defesa própria” (espanhol)

“Na Venezuela, a oposição está composta por dois setores. Um, que aceita o diálogo com o governo. Outro, totalmente oposto a ele e disposto a quebrar a ordem constitucional e derrubar Nicolás Maduro apelando qualquer recurso, legal ou ilegal. Desgraçadamente, esta fração foi a que até a semana passada tem hegemonizado a oposição ameaçando o setor dialoguista com uma brutal represália se cedesse aos chamados do governo”.

5- Sin Permiso (06/08): “A Assembleia Constituinte Madurista”, por Edgardo Lander (espanhol)

Os severos problemas que hoje enfrenta o país não são de ordem jurídico-normativo. Não é mediante modificações constitucionais que se vai resolver a severa crise humanitária nos âmbitos da alimentação e da saúde, a profunda recessão e a deterioração do aparato produtivo ou a existência de uma dívida externa que não tem como ser paga. Menos ainda pode se esperar que uma constituinte que, no melhor dos casos, não contou com o respaldo de 58,47 por cento do padrão eleitoral, possa servir como instrumento de diálogo e de paz”.

6- SEPLA-México (07/08): “O imperialismo estadunidense contra a Venezuela” (espanhol)

“Ante a incapacidade da oposição de derrubar pela força o governo de Maduro e de impedir a realização da Assembleia Constituinte, o imperialismo estadunidense aumenta sua ingerência. Um por um obriga aos governos subordinados (de México, Colômbia, Argentina, Brasil e até Porto Rico) para impulsionar, à margem da própria OEA (ministério de colônias), e de qualquer instância genuinamente latino-americana, uma ofensiva final contra o governo bolivariano. Sepla-México rechaça a ofensiva imperialista e exige que o governo de Enrique Peña Nieto e a seu chanceler aprendiz restabeleçam os princípios de não-intervenção e de autodeterminação dos povos”.

7- Portal de la Izquierda (04/08): “Os resultados da Constituinte não são nada confiáveis”, entrevista com Gonzalo Gomez (Marea Socialista) – espanhol

“Ao longo da entrevista, lhe foi perguntado sobre as diferenças entre o chamado “chavismo crítico” e o “madurismo”, ao qual o porta-voz de Marea Socialista respondeu enfatizando as diferenças na prática da democracia e falou do “falso antiimperialismo” do governo de Nicolás Maduro e do PSUV. Concluiu reafirmando a necessidade de que os setores da população, que considera majoritários, e que não estariam com nenhum dos polos confrontado que nos vêm levando a uma “guerra civil”, façam sentir seu peso, se organizem e expressem politicamente com uma nova referência política, porque isso não vai ser resolvido com uma “varinha mágica”. ”

8- Rebelión.org (07/08): “O olhar da China sobre a Venezuela”, por Raúl Zibechi (espanhol)

“Ainda que circunspecta, a análise chinesa revela três questões centrais. A presença chinesa na região chegou para ficar; está claro que existe um conflito com os Estados Unidos; e não vão interferir nas relações direita-esquerda, porque –ainda que o neguem– sua presença é de caráter estratégico. (…) A seguir por este caminho, a China terminará substituindo os Estados Unidos como principal mercado do petróleo venezuelano, sendo o país que ostenta as maiores reservas mundiais de petróleo cru. Esta realidade, mais do que o socialismo do século XXI, explica os motivos de Washington para derrubar Maduro.”

9- Sin Permiso (06/08): “O retrocesso ‘nacional’-stalinista”, por Pablo Stefanoni (espanhol)

“Trata-se de uma esquerda que poderíamos denominar “nacional-stalinista”. Um tipo ideal que permite captar um mais ou menos difuso espaço que junta um pouco de populismo latino-americano e outro de nostalgia staliniana (coisas que no passado se conjugavam mal). Dessa mescla sai uma espécie de “estrutura de sentimento” que combina retórica inflamada, escassíssima análise política e social, um binarismo empobrecedor e uma espécie de neo-arielismo frente ao império (mais do que análises marxistas do imperialismo, há amiúde certa moralina que leva a entusiasmar-se com as bondades de novas potências como a China ou com o regresso da Rússia, para não falar de simpatias com Bashar al-Assad e outros próceres do antiimperialismo). Na medida em que a onda rosa latino-americana se retrai, o populismo democrático que explicou a onda de esquerda na região perde força e esta sensibilidade nacional-stalinista, que tem alguns intelectuais em suas fileiras –vários dos quais encontraram um refúgio na Red de Intelectuales y Artistas en Defensa de la Humanidad– ganha visibilidade e influência nos governos em retrocesso ou nas esquerdas debilitadas. O nacional-estalinismo é uma espécie de populismo de minorias que governa como se estivesse resistindo na oposição. Por isso, governa mal.”

10- Aporrea.org (04/08): “A Constituinte deve criar condições para um Novo Estado verdadeiramente democrático e participativo”, entrevista com Stalin Pérez Borges (LUCHAS)

“Todos podemos considerar que foram duas gestões distintas e que Nicolás não tem o carisma, a liderança e a personalidade de Chávez. Porém, é um fato que a maioria das conquistas sociais conquistadas pelo povo com Chávez ainda se mantêm, independentemente de que não tenha o mesmo efeito social que antes. (…) Os setores populares as colocam na balança na hora de tomar decisões, valorizando o fato de que o governo mantenha ainda esses benefícios, que permanentemente os dirigentes e militante da MUD dizem publicamente que desapareceriam uma vez que eles chegassem ao poder”.

CHILE

IHU-Unisinos (05/08): “Violência contra mulheres pauta a agenda eleitoral do Chile”

“Por não haver mais tolerância em relação à violência contra mulheres, o tema entrou na pauta das eleições que ocorrerão no Chile em 19 de novembro. Isso se deve a um acontecimento do passado do deputado Ricardo Rincón, que agrediu sua mulher em 2002. Rincón acabou condenado pela Justiça a seis meses de terapia psicológica, mas não cumpriu a sentença. No último sábado (29/7), ele foi escolhido candidato para reeleição pela Democracia Cristã, mas teve sua candidatura revogada pela presidente do partido, a senadora Carolina Goic.”

SYRIZA E PODEMOS

Saltamos.net (05/08): “Se Podemos não radicaliza seu programa, será destruído como Syriza”, entrevista com o economista Costas Lapavitsas (espanhol)

“É preciso ter claro que um país pequeno como a Grécia ou de tamanho médio como a Espanha não poderia ser completamente livre na economia internacional porque, obviamente, estariam sob a pressão dos mercados internacionais e os poderes financeiros. Pelo que não é uma questão de romper a Europa ou a UE e crer que já poderíamos fazer o que quisermos. O que se trata é de criar situações onde possam se alcançar maiores graus de liberdade que nos dêem a possibilidade de implementar políticas que favoreçam as classes trabalhadoras e ao interesse da economia nacional. Para isso se necessita criar sua própria liquidez, mediante uma moeda própria. Ademais, terão que ser criados novos instrumentos econômicos e levar adiante reformas nas políticas de comércio, de investimento, fiscais e monetárias. Tudo é perfeitamente alcançável e deve ser o plano que a esquerda deve trabalhar para sair da Europa”

EUA

South China Morning Post (05/08): “Naomi Klein volta sua ira para a ficção distópica do Trumpismo”, resenha de Allen Lane sobre o livro ‘No Is Not Enough’ (inglês)

“Donald Trump é uma ficção distópica ganhando vida, escreve Naomi Klein, explicando que uma característica deste gênero é que leva tendências para sua conclusão lógica, então pergunta: você gosta do que vê? Não só é um “não” dessa ativista social mais vendida, ela também declara que a rejeição não é suficiente – o trumpismo precisa ser derrotado.”

Jacobin Magazine (01/08): “O que os socialistas devem fazer?”, Joseph M. Schwartz e Bhaskar Sunkara (inglês)

“Os socialistas podem e devem estar na vanguarda de lutas como esta hoje. Para isso, devemos adquirir as habilidades necessárias para definir quem detém o poder em um determinado setor e como organizar aqueles que têm interesse em tirá-lo. Mas não podemos simplesmente ser os melhores ativistas das lutas de massa. Os grupos de problemas únicos muitas vezes atacam alguns atores corporativos particularmente ruins, sem também argumentar que uma determinada crise não pode ser resolvida sem reduzir o poder capitalista.”

POLÔNIA

Sin Permiso (06/08): “UE-Polônia: retóricas jurídicas e realidades políticas”, pelo historiador Mike Macnair (espanhol)

“O ‘estado de direito’ depende de um apoio político massivo. Entretanto, se é dada uma prioridade radicalmente aos interesses das classes possuidoras, o resultado será precisamente a perda do apoio político do qual depende. Os marxistas têm a esperança de que nesse apoio possa ser redirigido rumo a uma democracia radical e emancipatória – mas igualmente pode acabar desviando-se para uma demagogia autoritária de tipo católica, islâmica , Hindutva, Brexiteriana, Trumpetiana. Aliar-se a um liberalismo que interpreta o “estado de direito” como a proteção dos direitos de propriedade por cima de todos os demais é colaborar na vitória de uma demagogia autoritária”

TURQUIA

Rebelion.org (03/08): “Quais as perspectivas do levante em massa da oposição”, Emre Öngun

“Na comemoração do fracasso do golpe de Estado de 15 de julho, quando ao redor de 90 mil mesquitas do país difundiam depois da meia-noite as orações em homenagem aos mortos durante o movimento para fazer fracassar a tentativa, Erdogan prometeu “arrancar as cabeças dos traidores”, recordando que este regime não conhece a marcha atrás. Além da resistência mostrada por uma grande parte da população curda, primeira vítima dos atropelamentos do Estado, a “marcha pela justiça” e o enorme comício que a encerrou indicam a disponibilidade das massas turcas para uma mobilização, ao menos sobre uma base democrática mínima, contra o regime e contra o neoliberalismo autoritário”.

RUANDA

Rebelión.org (05/08): “Assim é Paul Kagame, o homem que ‘ganhará’ as ‘eleições’ em Ruanda”, por Federação de Comitês de Solidariedade com a África Negra – UMOYA (espanhol)

“Em 4 de agosto, Ruanda celebra ‘eleições’ presidenciais sem surpresas. O atual presidente, Paul Kagame, ‘ganhará’ com cerca de 100% de ‘apoio’. A esta vitória ajudarão fatores como ter modificado a Constituição para poder ser presidente vitalício ou ter assassinado, encarcerado ou forçado ao exílio todos os seus oponentes. Para ser justos é preciso dizer que a última que tentou ser sua oponente, Diane Rwigara, só foi proibida de se registrar como candidata, sem que lhe cortassem a cabeça ou a encarcerasse. Paul Kagame é o homem que tem governado o país desde que assaltou o poder pelas armas, em 1994. Ele e uma camarilha de chegados, cada vez mais escassos, governam este pequeno e povoado país do centro da África mediante o terror e a opressão. Ele e sua camarilha saqueiam o rico país vizinho,República Democrática do Congo, para benefício pessoal e de seus padrinhos ocidentais. Seu regime gasta um autêntico dinheirama na ‘assessoria” das empresas de relações públicas mais caras do mundo, como a do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e de sua esposa, para lavar sua imagem pessoal e a de seu despótico e sanguinário governo.”


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 05 nov 2024

Depois das eleições, combater o pacote antipopular

A luta contra as propostas de austeridade fiscal do governo federal deve ser a prioridade da esquerda neste momento
Depois das eleições, combater o pacote antipopular
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Pedro Micussi