Balanço do 3º Congresso Nacional da CSP Conlutas

Compartilhamos aqui o nosso balanço sobre o Congresso da CSP-CONLUTAS realizado entre os dias 12 a 15 de outubro.

MOVER 23 out 2017, 12:51

1 – A CSP Conlutas em 2017

Foram quatro dias de intensa discussão política entre mais de 2000 pessoas presentes, mais exatamente 1953 delegados e 264 observadores, além de convidados e enviados internacionais. Em relação ao último congresso de 2015, houve um ligeiro aumento do quantitativo das delegações mas uma queda no número de entidades filiadas.

É possível colocar algumas hipóteses: a queda do número de entidades filiadas pode estar relacionada com a política sectária e autoproclamatória da força majoritária da central nessa conjuntura complexa e agitada, o que impediu que a central fosse identificada amplamente como referência para a classe. Uma parte significativa da vanguarda sindical do país, além do mais, foi convencida (especialmente pela burocracia lulista) de que nossa central teria apoiado a manobra golpista que nos trouxe ao governo Temer, o que não é isento de consequências. Quanto ao aumento do número de delegadas e delegados, pode ser um reflexo do aquecimento da vida política interna e da disputa no interior da central, com o PSTU tendo pela primeira vez uma oposição política efetiva e um desafio sua condição majoritária.

O acirramento da luta de classes no país somado ao surgimento de um bloco mais coeso de oposição a majoritária, trouxe para a CSP Conlutas uma dinâmica interna mais viva. As reuniões da Coordenação Nacional realizadas esse ano já revelavam um fortalecimento da participação e da disputa de orientações e políticas no interior da central. O Congresso o ratificou.

2 – O Bloco “Somos Tod@s CSP Conlutas”: por uma central classista, democrática, plural e de massas.

A principal expressão desse aumento da dinâmica no interior da central foi a constituição do Bloco “Somos Tod@s CSP Conlutas”. Formado por uma maioria de correntes e organizações do PSOL, juntamente com entidades e militantes independentes, o Bloco foi capaz de reunir cerca de um terço do Congresso, em número de delegações, mas cumpriu um papel político bem mais amplo. Disputou politicamente o congresso, defendendo o caráter fundacional da CSP Conlutas, como espaço organizativo de frente única e não como espaço político de uma organização ou partido. Uma central classista, combativa, democrática e plural para que possa ser de massas. Capaz de assumir protagonismo no enfrentamento à patronal e seus governos, capaz de agregar setores que rompem com as velhas burocracias e capaz de participar ativamente na reorganização do movimento sindical que se avizinha, com as consequências da reforma trabalhista.

A reinvenção da CSP Conlutas nesse sentido responde às exigências do período atual da luta de classes no Brasil, quando a burguesia lança uma duríssima ofensiva contra o povo trabalhador. As duas tarefas imediatas e centrais do movimento sindical e popular são agora a construção da mais ampla unidade de ação para enfrentar as contrarreformas de Temer e de toda a burguesia; e, por outro lado, a articulação de um polo político independente da classe trabalhadora: democrático, revolucionário e anticapitalista, para disputar o poder com a classe dominante e derrotar politicamente o lulismo e a conciliação de classe. A CSP Conlutas deve ser vanguarda na construção desses dois movimentos, distintos mas combinados. Esse recado foi dado no ato público do Bloco, que contou com a participação de Luciana Genro. Também presentes na mesa estavam Silvia Ferraro, Hamilton Assis, Plininho e o PCB. O ato reuniu várias centenas de militantes sindicais e populares polarizando a noite de sábado do congresso, apresentando a emergência de um rumo alternativo para a CSP Conlutas.

3 – Mover! Por um sindicalismo democrático e anticapitalista construído pela base.

Como parte desse processo político intenso na central que leva também à constituição do Bloco, foi lançado no congresso um novo agrupamento político sindical: MOVER! Plataforma Sindical Anticapitalista. Impulsionado a partir de militantes, quadros e dirigentes sindicais do Movimento Esquerda Socialista (MES) e independentes, MOVER nasce como uma nova ferramenta para a militância sindical que se dispõe a lutar organizadamente por um sindicalismo combativo contra o sindicalismo de gabinetes, pela democracia sindical de base contra os aparatos burocráticos, numa perspectiva classista e anticapitalista, inimiga de todas as formas de opressão fundadas nos preconceitos conservadores machistas, racistas e lgbtfóbicos que operam a serviço da manutenção da ordem estabelecida que esmaga os trabalhadores.

MOVER está a serviço da reafirmação de um sindicalismo a altura dos desafios postos pelo momento que vivemos. É preciso recusar todo sectarismo, apostando na luta unitária mais ampla contra os ataques da burguesia. É preciso também se colocar a tarefa de contribuir na construção de uma alternativa de poder para a classe trabalhadora, que possa estar na linha de frente da luta pela revolução democrática e anticapitalista que é cada vez mais necessária para libertar o povo brasileiro do arrocho dessa classe dominante, escravocrata e mafiosa por definição. Mover a classe a partir das bases, ligando o sindicalismo com o movimento e a luta popular nos bairros e territórios, e com as demais lutas sociais e políticas de interesse do povo trabalhador, é a razão pela qual nos lançamos à construção dessa nova plataforma sindical.

4 – Balanço e perspectivas

A CSP-CONLUTAS cumpriu um importante papel na construção das greves gerais de 2017 e na resistência organizada no dia 24 de Maio em Brasília, mas ainda precisa romper muito de seus preconceitos e políticas centradas em si própria.

De modo geral, o congresso teve pouca contribuição a dar no que se refere a armar a classe para as lutas que estão postas na conjuntura. Diante da reforma trabalhista e da verdadeira terra arrasada que tende a promover no mundo do trabalho e da organização sindical, o congresso da CSP Conlutas dedicou ao tema muito pouca atenção. Não é aceitável negligenciar uma tarefa tão urgente como o desenvolvimento de uma estratégia para enfrentar os efeitos desagregadores da reforma trabalhista sobre o movimento sindical. A preocupação hegemonista da força majoritária da central e sua formulação política esquemática e simplista leva a um posição autoproclamatória que impediu qualquer readequação de rumo mais efetiva. A conquista da paridade (50% – 50%) entre homens e mulheres na Secretaria Executiva Nacional da central foi o avanço mais significativo. A mobilização unitária do dia 10/11, contra as reformas trabalhista e previdenciária, foi o centro do plano de lutas definido no congresso.

É preciso garantir uma forte mobilização da central nas bases para fazer do dia 10/11 um dia de forte pressão da classe que demonstre a indignação do povo trabalhador com a sequência interminável de ataques impostos por políticos corruptos a serviço de grandes capitalistas mafiosos. É fundamental também associar a luta contra a corrupção à luta contra as reformas e o ajuste fiscal, para incidir sobre a crise do governo e do regime e disputar o protagonismo nessa pauta justa capturada pela demagogia da extrema direita. Do mesmo modo, a central precisa incorporar de modo mais sério e vivo a luta contra as opressões, que não podem ser vistas como questões secundárias ou temas laterais. Ao contrário, dizem respeito aos modos concretos através dos quais as pessoas vivem sua condição de classe e sua condição humana. As opressões machista, racista e lgbtfóbica são problemas de toda a classe, porque o ataque a um@ é um ataque a tod@s.

Seguem colocados importantes desafios políticos e organizativos – como o fortalecimento das instâncias regionais, por exemplo – necessários para fazer da CSP Conlutas um instrumento efetivo a serviço das necessidades da luta da classe trabalhadora brasileira nesse momento histórico grave. De todo modo, entendemos que se agrupa na central hoje uma parte bem considerável do que há de mais avançado no movimento sindical brasileiro. Dessa forma, ajudar a construir a central disputando seu rumo e orientações é uma tarefa que assumimos e levaremos adiante, em unidade com todas as forças que buscam fazer dela uma central classista, democrática, plural e de massas. A isso nos lançamos!


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