As origens e os significados do stalinismo

O artigo oferece inovador ponto de vista sobre a ascensão do stalinismo, a coletivização forçada no campo e o papel dos “kulaks” no debate político do período.

Kevin Murphy 25 nov 2017, 14:26

Quando o Segundo Congresso dos Soviets foi convocado, em 25 de Outubro de 1917, 505 dos 670 delegados chegaram comprometidos a transferir “todo o poder aos soviets”1. Estes deputados representavam por volta de 402 soviets locais de operários e soldados o que, incluindo as famílias, significava dezenas de milhões de pessoas. Vinte anos depois, o regime stalinista já havia aprisionado alguns milhões de prisioneiros políticos, sendo Stálin pessoalmente responsável pela ordem de prisão de algumas centenas de milhares, baseado em cotas a priori. O regime executara, entre 1937 e 1938, por volta de 680 mil pessoas. Intelectuais anticomunistas, aliás, fizeram carreira acadêmica buscando conectar 1917 e 1937, ou seja, ligando a existência da revolução ao sistema repressivo stalinista como seu resultado inevitável. Socialistas sempre recusaram esta afirmação, mas é preciso explicar a tragédia da Revolução Russa e como foi possível a emergência do regime stalinista.

Com a abertura dos arquivos, não precisamos mais especular a respeito do alcance e da brutalidade do regime stalinista. Este guardou registros detalhados das prisões, da repressão e das iniciativas populares contra estas políticas. Gostaria de sumarizar alguns dos eventos cruciais e os pontos de virada no desenvolvimento do stalinismo à luz das pesquisas que se valeram destes documentos. Gostaria ainda, e com algum senso de proporção, de reexaminar criticamente as controvérsias teóricas sobre a natureza do regime stalinista.

Para começar, lembro que devido ao atraso econômico da Rússia, a estratégia bolchevique da revolução se apoiava em uma revolta europeia. No Soviet de Petrogrado, em 25 de outubro de 1917, Lenin argumentou: “Seremos ajudados pelo movimento mundial da classe trabalhadora que já começa a se desenvolver na Itália, Grã-Bretanha e Alemanha”2. Esta perspectiva era compartilhada por todo dirigente bolchevique e repetida centenas de vezes, mesmo por Stálin em seu Fundamentos do Leninismo (1924): “Podemos vencer e assegurar a vitória definitiva do socialismo em um único país sem os esforços combinados de proletários dos diversos países avançados? Certamente não.” Sete meses depois, este argumento seria revisado: “Formalmente, a vitória da revolução em um país foi considerada impossível. Agora este ponto de vista não mais se encaixa nos fatos”3.

O prognóstico da Revolução Russa como elo de uma cadeia de revoltas europeias não se realizou. Por um tempo, em 1918, conselhos operários emergiram por toda a chamada Europa Central. Não cabe discutir estas revoltas aqui, mas para uma abordagem internacional da tragédia da Revolução Russa é fundamental lembrar da revolução alemã de 1918, das ocupações de fábrica na Itália em 1920 e assim por diante.

Também é preciso lembrar que os bolcheviques herdaram uma catástrofe econômica de grandes proporções. A triste realidade foi que, ao invés dos trabalhadores europeus conseguirem auxiliar a Revolução Russa, foram as classes dominantes europeias que conseguiram auxiliar a contrarrevolução, tanto por meio de intervenção militar direta, como por meio da ajuda aos exércitos brancos. Ao invés de guerra civil, o correto seria chamar a devastação de 1918 e 1920 por guerra imperialista, já que sem a ajuda externa as mirradas forças brancas seriam incapazes de construir um exército. Quando as forças brancas antissoviéticas se aproximaram de Rostov, na primavera de 1918, estas eram essencialmente um corpo militar profissional sem um exército: dois terços dos 3.685 homens eram oficiais, incluindo 36 generais e 200 coronéis4. Por volta do final do verão de 1918, mais de 150 mil soldados estrangeiros estavam na Rússia oferecendo um apoio crucial às posições brancas em todo o front norte, Ucrânia e no Cáucaso. Cargueiros de aliados aos brancos incluíam centenas de milhares de rifles, mil peças de artilharia com milhões de morteiros, sete mil metralhadoras, duzentos aviões e uma centena de tanques. Muito deste apoio inicial vinha da Grã-Bretanha e França, mas o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Robert Lansing, convencera Woodrow Wilson a injetar secretamente dezenas de milhões de dólares nos exércitos brancos em um esforço por estabelecer um “governo russo estável” por meio de uma “ditadura militar”5.

Na medida em que as condições e mantimentos deterioraram, operários em Moscou, Petrogrado e outros centros se deslocaram para o campo em busca de comida. Em minha pesquisa, documentei o impacto da Guerra Civil entre trabalhadores na fábrica Hammer and Sickle [Martelo e Foice], em Moscou. Dos mais de 3 mil operários em 1917, apenas 772 estavam empregados nos meados de junho de 1920 e, devido a falta de combustível, a fábrica produzia apenas 2% do metal que produzia antes da guerra. A produção industrial na União Soviética ao final da guerra civil era por volta de um quinto daquilo que havia sido antes da guerra6. A classe trabalhadora industrial estava tão devastada – tanto numérica como politicamente – que Lenin chegou a declarar que o proletariado “deixara de existir como tal”7. Para os marxistas da época, isso significava um enigma teórico profundo.

Como materialistas, os marxistas precisam reconhecer que esta catástrofe social, econômica e política que durou sete anos de guerra e guerra civil tornou as possibilidades de construção do socialismo muito frágeis. Por volta de 3 milhões de soldados foram mortos, 13 milhões de civis morreram prematuramente, a maioria durante as crises de fome e gripe entre 1921 e 19238. Politicamente, os imperativos da guerra civil e a ruptura por parte dos socialistas com o poder soviético significaram para os bolcheviques, ao contrário de um sistema soviético pluralista, a substituição da democracia soviética dos operários e soldados pelo poder do partido. Em janeiro de 1921, Lenin declarou: “Devemos ter a coragem de encarar a verdade amarga. O partido está doente” e chamou o Estado que sobrevivera à guerra civil “um Estado operário com distorções burocráticas”9.

A amplitude desta distorção burocrática era enorme. Ao final da guerra civil, o Estado empregou quase seis milhões de funcionários, cinco vezes o número de operários industriais na época10. Foi por meio desta burocracia que Stálin construiu sua ditadura pessoal. O Partido Comunista detinha por volta de 400 mil funcionários partidários e muitos historiadores concordam hoje que, a partir de 1922, como Secretário Geral do Comitê Central, Stálin passou a usar sua posição administrativa em benefício próprio. Com uma equipe pessoal de mais de 600 pessoas na Secretaria do partido, Stálin foi capaz de construir uma rede leal de controle no interior do aparato partidário, indicando funcionários leais em todos os níveis, removendo dissidentes e usando a polícia secreta (GPU) contra opositores políticos 11.

Para entender o stalinismo é preciso algum entendimento teórico a respeito das aspirações que a burocracia representava. Ao olhar para os vários volumes que Trotsky escreveu a respeito do stalinismo e da burocracia, é possível perceber que mudou sua posição muitas vezes, em uma forma de análise dinâmica e por vezes contraditória. Alguns de seus argumentos são muito mais úteis do que outros e alguns estão baseados em erros factuais grosseiros.

Em 1930, Trotsky argumentou sobre o stalinismo e a burocracia algo muito útil: “Stálin não criou o aparato. O aparato o criou”12. Esta noção do stalinismo como representação das aspirações da burocracia é muito útil, pois permite mapear a base social deste fenômeno. A autonomia relativa do Estado também era percebida por Lenin em março de 1922:

“O Estado está em nossas mãos; mas ele operou a Nova Política Econômica da maneira que gostaríamos no último ano? Não… a máquina recusou a obedecer a mão que a guiava. Foi como um carro que não se dirigia para o destino desejado pelo motorista, mas na direção desejada por outro alguém; como se estivesse sendo dirigido por uma mão invisível, desgovernada, sabe Deus por quem, talvez um aventureiro, ou um capitalista privado, ou ambos. Seja como for, o carro não está indo exatamente na direção que o homem sobre as rodas imagina, e às vezes chega a ir em uma direção completamente distinta”13.

Em 1928, Trotsky começa a definir a burocracia soviética como um regime bonapartista. Em Estado e Revolução, Lenin havia sumarizado o papel do Estado como um instrumento de exploração da classe oprimida, apesar de também citar Engels a respeito da “exceção”, em “momentos em que as classes em luta se equilibram a tal ponto que o poder ostensivamente mediador do Estado adquire, por um momento, um certo grau de independência de ambos”. Este seria o caso do bonapartismo do Primeiro e Segundo Impérios na França, de Bismarck na Alemanha e, completava Lenin, de Kerenski em 1917. Em 1928, Trotsky começou a descrever o regime stalinista dentro deste quadro teórico, como “kerenkismo reverso”. Este modelo resume muito de seu pensamento sobre o stalinismo, visto que Trotsky se referiu ao bonapartismo soviético em mais ou menos uma centena de artigos e entrevistas ao longo dos doze anos seguintes. Trotsky argumentaria mais tarde que, por volta de fins de 1924, o Termidor havia triunfado, ou seja, que o domínio stalinista sobre o partido a partir daí se tornara definitivo14.

Como mostrou Moshe Lewin, mesmo enfermo Lenin poderia ter resistido às políticas e usos do aparato por Stálin15. Também se sabe que os delegados bolcheviques do 10o Congresso do Partido, em março de 1921, haviam sido democraticamente eleitos com base na adesão a uma das três plataformas adversarias cujos programas foram publicados no Pravda, e que duas frações menores apresentaram suas próprias plataformas e a expuseram extensamente. Mesmo assim, a indicação por Lenin de Stálin como Secretário Geral e a política aprovada no congresso de banir certas frações contribuíram para o fortalecimento das tendências burocráticas no aparelho.

Como marxistas devem olhar para os primórdios do regime soviético e para suas “distorções burocráticas”, para usar as palavras de Lenin? A caracterização de Lenin é descritivamente correta, mas parece insuficiente para discutir o sistema nos termos de suas contradições e desenvolvimento nos anos 1920. Neste sentido, o modelo bonapartista de Trotsky parece útil para analisar o advento do stalinismo, mas é preciso ser usado criticamente. O modelo bonapartista descreve a autonomia relativa do Estado que oscila entre classes em conflito agudo. Trotsky argumentou que o Estado oscilava entre os interesses da classe operária, o que é parcialmente verdadeiro, e a pressão dos camponeses ricos ou “kulaks”, o que é incorreto. Em seus escritos tardios, Trotsky abandonou as referências aos kulaks e passou a enfatizar o Estado em si mesmo como uma classe em luta16.

Ainda que esta declaração tenha sido feita tardiamente, ela oferece um modelo para olhar para diferentes pressões sociais e para a base de apoio à Stálin durante a NEP, entre 1921 e 1928. Para tal, um modelo bonapartista revisado oferece um quadro teórico para a compreensão do desenvolvimento do stalinismo e das tendências adversárias no interior do aparelho durante toda a década de 1920. Contudo, é importante destacar o erro de Trotsky na análise dos conflitos de classe, o não reconhecimento da burocracia como uma das classes em conflito e a definição dos “kulaks” como uma classe específica.

O ditame stalinista de 1924, “socialismo em um só país” era um apelo à estabilidade no interior do aparato. É preciso lembrar que enquanto Stálin construía sua máquina leal no interior do aparato, ele também era apoiador da NEP e das políticas sindicais que Lenin havia introduzido. Políticas, aliás, que viriam a colidir posteriormente com os interesses estatais. Apesar da catástrofe econômica da Guerra Civil, o Estado soviético iniciara uma série de políticas durante a NEP que eram explicitamente favoráveis aos trabalhadores e muito distintas das relações industriais capitalistas. No 10º Congresso do Partido, em março de 1921, a posição sindical de Lenin enfatizava a persuasão diante da coerção.

Em novembro de 1922, o Código do Trabalho estipulou que os salários seriam negociados por meio de acordos coletivos entre as corporações e os sindicatos, nos quais os trabalhadores teriam voz e o direito de ratificar os contratos. As Comissões dos Conflitos de Taxas (RKK), compostas por administradores e operários se encarregariam dos conflitos não contratuais; a jornada de trabalho se limitaria a 8 horas (6 horas para jovens); a hora-extra seria compensada em 150% em relação à hora normal; as mulheres receberiam licença maternidade remunerada equivalente a 16 semanas17.

O historiador E.H Carr descreveu este período como o do “compromisso difícil”, o que parece uma ideia útil se associada ao modelo bonapartista para descrever um contexto de “trégua” temporária de classe. Central para este compromisso era a garantira pelo Estado do aumento regular dos salários dos operários para que em 1926 estes se tornassem salários reais, tomando como medida aqueles de 1914, antes da guerra, quando a jornada de trabalho era ainda de 8 horas, e não 1018. As greves durante a NEP eram resolvidas pela persuasão e arbitragem e não pela repressão. Relatórios mensais e regulares escritos para Stálin entre 1922 e 1928 mostram que em apenas cinco situações trabalhadores haviam sido presos durante greves e que 45% de todas as greves haviam sido encerradas pela concessão aos trabalhadores de algumas de suas demandas19. Evidências destes relatórios refutam a tese muita repetida da historiografia soviética do trabalho a respeito da repressão.

Na fábrica Hammer and Sickle, o sindicato dos metalúrgicos e o zhenotdel – a organização de mulheres – eram ambos simpáticos às preocupações dos trabalhadores no início da NEP, e muito menos por volta de 1928. O sindicato dos metalúrgicos lutou sistematicamente contra a administração a respeito de contratações, horas-extra, categorias salariais e questões relativas às diversas seções, a tal ponto que, em 1925, a fábrica reclamou que os deputados sindicais – e não os administradores – é que detinham o controle real das seções20.

Os sindicatos também poderiam enviar disputas para “arbitragem”. A arbitragem só era útil se os operários acreditassem que haveria uma chance razoável de vitória. Em 1924, a Comissão de Conflito na Hammer and Sickle lidou com casos envolvendo mais de 13 mil operários (3 vezes o tamanho da força de trabalho na fábrica) e 65% das disputas foram resolvidas em favor dos trabalhadores21. Esta arbitragem das disputas do trabalho se dava da mesma maneira em toda a União Soviética. Nos últimos três anos da NEP mais de 8 mil casos envolvendo 7 milhões de trabalhadores foram resolvidos por meio da arbitragem22.

As reuniões quinzenais de mulheres propiciavam o espaço onde mulheres na Hammer and Sickle podiam levantar preocupações sobre salários, cuidado com as crianças, benefícios de saúde, administradores abusivos. Elas podiam também solicitar apoio tanto para o partido, como para o sindicato dos metalúrgicos e esperar uma resposta positiva. A participação voluntária de mais da metade das operárias nestes encontros ilustra bem a maneira como valorizavam o espaço. Por volta de 1927, no entanto, quando o partido passou a enfatizar a produtividade acima de todas as outras questões, as mulheres perderam o interesse e simplesmente pararam de frequentar estas reuniões23.

O historiador tcheco Michel Reiman, em seu excelente estudo, O nascimento do stalinismo, argumenta de maneira crucial a respeito das origens do sistema stalinista. Enquanto Stálin detinha o controle do aparelho de Estado no início dos anos 1920, suas políticas sociais repressivas foram uma reação à profunda crise social que marcou a fase tardia da NEP. Muitos fatores relacionados contribuíram para esta crise. Primeiro, a colheita de 1927 foi tão ruim que, no início de 1928, foi introduzido o racionamento de comida. Este foi seguido por uma colheita ainda pior em 1928. A crise rural foi combinada, ainda, com uma crise na indústria. Se a economia soviética havia se recuperado aos níveis anteriores à guerra por volta de 1928, os equipamentos começaram a quebrar e não havia mais fundos para uma expansão industrial futura. Hiperinflação, falta de alimentos e desemprego crescente levaram a processos generalizados de agitação urbana. O stalinismo não era um “plano bem pensado”, demonstrou Reiman, mas uma resposta estatal “extrema” para esta crise. Esta envolveu a requisição forçada de grãos contra os camponeses, um prelúdio à coletivização forçada que se seguiria24.

A crise tardia da NEP é importante para compreensão das políticas sociais do stalinismo: enquanto está claro que desde o início Stálin aspirou ser um ditador, nada nos arquivos do Politburo ou das reuniões do Comitê Central revelam evidências de que o stalinismo – como sistema social – teria sido planejado ou concebido antes de 1928. As políticas draconianas do stalinismo foram uma resposta a uma crise social profunda.

A fábrica Hammer and Sickle, em 1928, ilustra a resposta a esta crise. Os operários eram muito mais críticos em relação à organização partidária, ao sindicato dos metalúrgicos, ao comitê de fábrica e à seção de mulheres. Uma antiga liderança feminina do comitê de fábrica perguntou “Seria o partido uma instituição correcional? Por que eles aceitam todo o tipo de lixo e mantém aqueles que só fazem coisas reprováveis?”. Outra declarou “Eu não vou entrar no partido porque os comunistas são estelionatários e ladrões”. Quando um membro do Comitê Central, Mikoyan, falou na fábrica, ele recebeu uma longa lista de questões hostis e declarações, incluindo uma que dizia “O rei é uma saqueador”, e outra que dizia “Camarada orador, em toda reunião nós todos ouvimos de você que esta cidade possui kulaks… se você examinar os habitantes e em seguida suas próprias posses, terá uma imagem que mostrará quem é o kulak baseado em propriedades”25.

O retrocesso do sindicato dos metalúrgicos significava que os trabalhadores estavam mais críticos a ele. “O comitê de fábrica perdeu sua autoridade” devido aos baixos salários. “O preço dos alimentos sobem e o pagamento não, viver ficou difícil para os operários”. Outro trabalhador argumentou “membros dos comitês de fábrica ao lado da administração estão com medo de defender os interesses dos trabalhadores de maneira firme”. Os trabalhadores também criticaram a comissão de conflito, pois a maioria dos conflitos era decidida em favor da administração. Em fevereiro, as mulheres da seção de parafusos organizaram uma greve e responsabilizaram o comitê de fábrica e a administração pela paralisação, acusando-os de ignorar suas demandas. No Dia Internacional das Mulheres, em 1928, um grupo de mulheres invadiu a celebração e “gritando como soldados” interrompeu o discurso dos oradores homens, sendo removido à força26.

Significativamente, a Oposição Unificada conectou-se com a raiva de muitos trabalhadores em 1928, mais ainda do que um ano antes, quando expulsa. Um relatório enviado a Trotsky em outubro de 1928 mostra que os trotskistas eram muito ativos em muitas cidades ucranianas, incluindo Kharkov, Kiev, Ekaterinoslav, Odessa e na região de minas de Donbas onde um ano antes não possuíam nenhum apoio. Em Krasnoiarsk eles possuíam membros nas três maiores fábricas. Em Ekaterinoslav a Oposição de Esquerda cresceu de 100 para 220 membros e 99% dos oposicionistas aí eram operários. O trotskismo também alcançou o cinturão industrial do centro da Rússia, incluindo Moscou, Leningrado, Tula, Ivanovo e Saratov, e no Cáucaso em Tiflis e Baku27.

O Primeiro Plano Quinquenal iniciado retrospectivamente no último quarto de 1928 representou um ponto de virada fundamental na história soviética. Os complexos debates econômicos durante a NEP se centraram em acumular capital suficiente pelo aumento de impostos para camponeses supostamente ricos. A brutal coletivização e industrialização de Stálin foi nada menos que um ataque total tanto para a classe trabalhadora, como para o campesinato, para que ambos pagassem pela industrialização.

A coletivização levou milhões de antigos camponeses a se deslocarem para as cidades. O historiador econômico Alec Nove observa que a ofensiva stalinista contra a classe operária e camponesa levou ao “mais agudo declínio dos padrões de vida em tempos de paz da história”, uma regressão que envolveu “miséria e fome massivas”28. Nas fábricas, os sindicatos foram transformados em órgãos de produtividade do Estado, as horas de trabalhos foram estendidas para 60 por semana, o dissenso aberto foi silenciado. A polícia política, o OGPU, registrou os sentimentos dos operários de Moscou:

“Nossos políticos amadores levaram o país à pobreza extrema”. ‘A situação material dos operários está melhorando’ [dizem]. Sim, melhor com pão seco e água e às vezes repolho. Vocês são todos parasitas, parasitas piores que os burocratas e arrivistas tzaristas. Este é o Estado que vocês oferecem ao trabalhador. Estamos com fome e não podemos trabalhar até que nos seja dado pão, carne, casa e roupas”.

“Eu preferia a guerra, pois estou cansado deste regime. Não há carne; não há pão; não há nada. Fazemos filas para tudo. É uma pena que eu tenha ficado sem nada em minha vila, pois eu iria embora e voltaria para lá”.

“Gênios, fodam-se. Tudo o que sabem fazer é implorar e pedir dinheiro”.

“Fodam-se todos. Que tipo de poder soviético é este que minha esposa precisa ficar seis horas em uma fila para um pedaço de pão?”.

“Eu espero que o diabo os carregue. Tudo o que vocês dizem é mentira. Uma vez por mês vocês oferecem batatas podres, e nem sequer sopa para as famílias. Se fosse possível viver ao menos um dia como antes – tudo o que precisávamos estava disponível. Hoje a única coisa que sabem é roubar os camponeses, quebrar as igrejas e jogar pessoas nas prisões. Seus bastardos, bandidos”29.

Estes poucos exemplos da Hammer and Sickle e de operários de fábricas próximas aparecem repetidos em milhares dos relatórios publicados da GPU para Stálin. Stálin estava ciente da miséria e descontentamento tanto no campo como nas fábricas30. Apesar disso, poucos casos de resistência organizada foram registrados nas fábricas.

A única exceção foi no centro da indústria têxtil na região de Ivanovo, como mostra o estudo de Jeffrey Rossman, Resistência operária ao stalinismo. Ivanovo foi palco de algumas das maiores greves durante o Primeiro Plano Quinquenal, e a revolta de Virchuga em abril de 1932 poderia ser considerada uma insurreição local. Cerca de 15 mil trabalhadores têxteis se levantaram contra a fome devido ao racionamento, organizaram um comitê de greve e confrontaram a política com pedras e bastões. Operários de Virchuga atacaram as instituições de autoridade, incluindo escritórios, tanto do partido como da polícia política, bateram e ameaçaram matar funcionários estatais. Os rebeldes tomaram o centro da cidade, com líderes grevistas declarando “nós não destruímos o soviet, mas a OGPI (polícia política), a polícia civil e o comitê distrital do partido”31.

Em um telegrama para Kalinin, um membro do Comitê Central, um líder local do partido relatou que “devido à redução das rações alimentares, a massa de 15 mil operários abandonou as fábricas e parou de trabalhar, já a 5 dias. A massa trabalhadora se enfrentou com a polícia e órgãos da OGPI de maneira sangrenta… Os trabalhadores insistem em que três representantes do Comitê Executivo dos Soviets venham imediatamente para o local para resolver o conflito”. Existe ainda a evidência de que camponeses armados com machados e enxadas começaram uma revolta em solidariedade, atacando o soviet da vila para “ensinar a eles uma lição”. O que é significativo é que o membro do Comitê Central, Kaganovich, respondeu não com repressão, mas com a concessão aos trabalhadores de aumento das rações de alimentos32.

Como então considerar a diferença entre operários que odiavam as políticas sociais stalinistas em toda a União Soviética e os operários de Ivanovo, que resolveram partir para ação militante? Rossman aponta que as precárias condições dos operários têxteis esmagavam estes trabalhadores muito mais do que em outras indústrias. Além disso, a proporção maior de mulheres no chão de fábrica levou a uma quantidade maior de greves – sobre as mulheres pesava muito mais o fardo da falta de alimentos e das longas jornadas de trabalho – e elas “possuíam maior liberdade que os homens para se engajar em atos de protesto” sem serem demitidas ou presas, o que também era verdadeiro para as revoltas camponesas33. Um terceiro fator pode explicar: os operários em Ivanovo eram os mais militantes durante a NEP. Esta tradição de militância, bem como as redes de opositores, persistia e teve um importante papel nas ações de greve durante o Primeiro Plano Quinquenal.

A resistência ao stalinismo foi muito mais difundida nas zonas rurais, onde as mulheres camponesas lideraram a revolta contra a coletivização forçada. O trabalho de Lynne Viola, Rebeldes camponeses sob Stálin, documenta o nível da rebelião camponesa. Relatórios da polícia política oficial registram 13.754 revoltas camponesas envolvendo dois milhões e meio de camponeses, muitas delas abarcando vilas inteiras – não se tratavam de revoltas de “kulaks”. Entre elas, 176 rebeliões tiveram caráter de massa, envolvendo milhares de camponeses em saques ao soviet local. Quase metade das rebeliões, 6.528, ocorreu em março de 1930 no auge da coletivização34.

A OGPU registrou que 3.700 dos distúrbios de massa envolviam quase exclusivamente mulheres, e nas demais as mulheres eram maioria ou parte significativa da rebelião. A polícia política reclamou que “a excessiva leniência dos órgãos punitivos com as mulheres ajudaram a difundir a opinião de que as mulheres não são punidas”. Em uma rebelião, a OGPU relatou que uma mulher teria dito “não temos medo de ninguém, já fomos à OGPU e não fizeram nada e não vão fazer”. Em outra rebelião, as mulheres baniram os homens de participar declarando “esta é nossa causa camponesa, vocês não tem que interferir”35.

O argumento de que a coletivização era uma batalha entre o Estado dos soviets e os camponeses ricos, “kulaks”, está hoje completamente refutado. O livro de Moshe Lewin sobre a coletivização mostrou que “kulak” era uma propaganda e não um termo econômico, usada com frequência para os camponeses médios e mesmo pobres, e que significava coletivização por meios violentos “contra setores inteiros das massas camponesas em geral”. Como argumenta o líder da Federação Socialista Russa, “se não possuímos kulaks, precisaremos arranjar alguns por nomeação”36. Um estudo sobre os relatórios da polícia secreta para Stálin mostra que em 1924 esta ainda simpatizava com a situação dos camponeses, mas os relatórios cada vez mais hostis ilustram que a polícia secreta havia perdido fé em sua própria propaganda, que o termo “kulak” passou a ser intercambiável com “camponeses”37. Reuniões nas vilas frequentemente nomeavam viúvas, pessoas idosas e mesmo aleatoriamente para preencher a cota de 5% de “deskulakização” da polícia secreta38.

Mesmo as estatísticas soviéticas, que tentavam transformar a resistência à coletivização no bode expiatório dos “kulaks”, registram que a maioria dos camponeses envolvidos em rebeliões em 1930 era média ou pobre39. Apenas em 1931, quase dois milhões [1.800.392] de pessoas foram exiladas como “kulaks”40. Os dados são tão impressionantes que os textos-padrões da história da União Soviética se referem hoje à coletivização como a “guerra contra os camponeses” de Stálin. O número total de mortos nesta guerra, incluindo a coletivização, dekulakização, fome e camponeses que morreram a caminho ou no interior dos Gulags supera em muito os 6 milhões, incluindo ainda metade dos 700 mil presos políticos executados entre 1937 e 193841.

É preciso ter em conta que a análise de Trotsky da coletivização e dos kulaks tinha sérios problemas. Em abril de 1929, Trotsky foi muito explícito a respeito do papel dos kulaks em sua análise: “O problema do Termidor e do bonapartismo está na base do problema do kulak”42. Trotsky usaria a terminologia do “kulak” centenas de vezes no início dos anos 1930. Também era problemática a aceitação por Trotsky da caracterização stalinista da coletivização voluntária. Em fevereiro de 1930, ele argumentou:

“As portas do mercado estavam fechadas. Os camponeses se viram aterrorizados diante delas por um tempo, e então se apressaram pela única porta aberta, aquela da coletivização. A liderança ela mesma não ficou menos surpresa com a corrida repentina dos camponeses para os coletivos, com a liquidação da NEP”43.

Além disso, Trotsky continuou a caracterizar as implacáveis políticas classistas antitrabalho como uma virada “à esquerda”: “O período entre 1928-1931 – se deixamos de lado as oscilações e recuos – representa uma tentativa da burocracia de adaptar-se ao proletariado”44. Como mostrou o historiador russo Alexey Gusev, os trotskistas na Rússia depois de sua expulsão viam a si mesmos como oposição leal a Stálin, apoiavam as greves econômicas, mas se opunham de maneira categórica às greve políticas que pudessem ameaçar o regime45. Apesar do amplo apoio da classe operária, a oposição trotskista amarrou as próprias mãos devido às análises equivocadas que viam o stalinismo como uma posição centrista. E pior: acabaram por ficar ao lado do Estado durante a guerra brutal de Stálin contra os camponeses soviéticos.

Podemos avaliar a escala da repressão stalinista hoje por meio dos quadros que a polícia política registrou. Em 1926, o total de prisioneiros na Federação Socialista Russa era por volta de 110 mil, 11 mil destes eram presos políticos46. O número de condenados e enviados para a prisão por crimes políticos entre 1922 e 1926 esteve entre dois e oito mil por ano. Este número estava em torno de 13 mil em 1928, dobrou no ano seguinte e cresceu para 114 mil em 193047. Entre 1934 e 1940, quase quatro milhões [3.750.000] de pessoas foram enviadas para campos prisionais. Nos anos mais repressivos de 1937-1938, 1,6 milhão de pessoas foram condenadas e praticamente a metade, 680 mil, executada48.

Estes números não contam toda a história do que significou o stalinismo. Eis o que aconteceu com Isaac Rubin, economista menchevique e autor de Uma história do pensamento econômico. Em janeiro de 1931, um prisioneiro foi exibido para Rubin e lhe foi dito que se não confessasse ser um membro de uma organização menchevique contrarrevolucionária este prisioneiro seria morto. Rubin se negou e o prisioneiro foi executado diante de seus olhos. O processo se repetiu na noite seguinte. Depois do segundo assassinato, Rubin negociou uma “confissão” com seus inquisidores, sendo que estes insistiram que ele implicasse seu mentor David Riazanov como membro de uma conspiração menchevique secreta. Rubin foi completamente destruído como pessoa e finalmente executado em 1937.49 Ataques similares se deram contra todas as tendências de oposição existentes fora e no interior do Partido Comunista, incluindo a execução de todo oposicionista trotskista no Gulag de Vorkuta em 193750.

A infame ordem 00447 do Politburo de agosto de 1937 tinha como alvo “antigos kulaks, criminosos e outros elementos antissoviéticos”. O que é impressionante a respeito desta ordem é que ela estabelecia cotas prévias para prisão de mais de 250 mil pessoas, das quais 73 mil deveriam ser executadas51. Para citar um exemplo, Stálin enviou Lazar Kaganovich para Ivanovo. Em três dias, no que ficou conhecido por “tornado negro”, Kaganovich acusou todos os membros da liderança local do partido de “inimigos do povo” e deu a ordem de execução a 1.500 pessoas52. Apenas no final de 1938 Stálin “desligou” a máquina de execução.

Qual era a lógica desta loucura? Por volta de 1930, Stálin estava dedicado a realizar uma rápida industrialização e aparentemente acreditava que os problemas estruturais eram causados por pessoas que não estavam comprometidas com o projeto e inibiam sua implementação. Ao final de 1938, estava claro que sua ampla abordagem em rede para reprimir se tornara contra-produtiva aos objetivos. Mas precisamos explicitar a natureza do terror de massa: não havia nenhum complô contrarrevolucionário, espiões estrangeiros ou agentes – este foi um movimento centrado no Estado e orquestrado de cima, com consequências brutais.

Qual era, então, a motivação para a rápida industrialização, capaz de fazer tanto operários, como camponeses suas vítimas? O discurso de Stálin para Administradores Industriais, em fevereiro de 1931, oferece uma hipótese:

“Às vezes me perguntam se não é possível desacelerar o tempo e, de alguma forma, controlar o movimento… Diminuir o tempo significaria ficar para trás. E os que ficam para trás são derrotados. Nós não queremos ser derrotados. Não, recusamos a derrota! Uma característica da história da velha Rússia eram as contínuas derrotas que esta sofreu devido seu atraso. Ela foi derrotada pelos khans mongóis. Ela foi derrotada pelos governadores turcos. Ela foi derrotada pelos lordes feudais suecos …. Todos a derrotaram devido o seu atraso, atraso militar, atraso cultural, atraso político, atraso industrial, atraso agrícola… Estamos cinquenta ou cem anos atrás dos países avançados. Devemos tomar uma boa distância nos próximos dez anos. Ou fazemos isso ou seremos destruídos”53.

Stálin falava aqui não como socialista, mas como líder de uma classe dirigente que havia claramente rompido com os ideais da Revolução de 1917. O impacto das políticas estatais na vida das massas trabalhadoras não importava mais. Para convencer uma geração nova de ativistas sobre o socialismo, é preciso dizer que os ataques de Stálin aos operários e camponeses soviéticos não tinha nada a ver com socialismo e representaram uma completa cisão com as ideias igualitárias de 1917.


Notas

1 Alexander Rabinowitch, The Bolsheviks Come to Power (New York, 1976) 291, 304. Apenas dois delegados votaram contra e doze se abstiveram. Os mencheviques e socialistas revolucionários de direita já haviam abandonado o congresso.

2 Lenin, Collected Works (Moscow 1972) vol. 26: 240.

3 Donny Gluckstein, The Tragedy of Bukharin (London, 1993) 120.

4 Bruce Lincoln, Red Victory (New York 1989) 89.

5 David Foglesong America’s Secret War Against Bolshevism, 1917-1920 (Chapel Hill,

1995), 87, 104.

6 Murphy, Revolution and Counterrevolution, 63-67.

7 Tony Cliff, Lenin vol. 3, The Revolution Besieged, (London, 1975) 115.

8 R.W. Davies, Soviet Economic Development from Lenin to Khrushchev (Cambridge 1998) 22.

9 V.I. Lenin, Collected Works, (Moscow 1965) vol. 32: 43.

10 Tony Cliff, Lenin: Revolution Besieged (London 1973) 158.

11 Stephen Kotkin, Stalin (New York, 214) 422-424.

12 Leon Trotsky, Notebooks, 1930, cited in Kotkin, Stalin, 424.

13 V.I. Lenin, Collected Works, (Moscow 1965) vol. 33: 279.

14 Tom Twiss, Trotsky and the Problem of Soviet Bureaucracy (London 2104).

15 Moshe Lewin, Lenin’s Last Struggle (London, 1975).

16 Twiss, Trotsky and the Problem of The Soviet Bureaucracy, 367-439.

17 Murphy, Revolution and Counterrevolution, 83.

18 R.W. Davies, The Industrialization of the Soviet Union 3: The Soviet Economy in Turmoil, 1929 (London, 1980) 10-11.

19 Kevin Murphy, “Strikes During the Early Soviet Period, 1922 to 1932”, in A Dream Deferred edited by Donald Filtzer, Wendy Goldman, Gijs Kessler, Simon Pirani (Bern, 2008) 181.

20 Murphy, Revolution and Counterrevolution, 92-95.

21 Murphy, Revolution and Counterrevolution, 93.

22 E.H. Carr, Foundations of the Planned Economy 1926-1929 (London, 1969) 1: 600-601.

23 Murphy, Revolution and Counterrevolution, 124-125.

24 Michal Reiman, The Birth of Stalinism (Indiana, 1986) 8, 41-43, 115-122.

25 Murphy, Revolution and Counterrevolution, 140-152.

26 Murphy, Revolution and Counterrevolution, 107-108, 112, 134.

27 Tony Cliff, Trotsky: The darker the night (London, 1993) 167.

28 Alec Nove, An Economic History of the U.S.S.R. (New York, 1989) 199.

29 Murphy, Revolution and Counterrevolution, 197, 205, 207, 214-215.

30 “Sovershenno sekretno” in Lubianka–Staliny o polozhenii v strane (1922-1934 gg.) (Moscow, 1992-2004).

31 Jeffrey Rossman, Workers Resistance Under Stalin (Cambridge 2005) 207-231.

32 Jeffrey Rossman, Worker Resistance Under Stalin (Cambridge 2005) 207-231.

33 Jeffrey Rossman, Worker Resistance Under Stalin (Cambridge 2005), 231-237.

34 Lynne Viola, Peasant Rebels Under Stalin (Oxford, 1996), 142, 238.

35 Lynne Viola, VP Danilov, N.A. Ivnitskii, Denis Kozlov editors, The War Against the Peasantry 1927-1930 (New Haven, 2005) 349-350.

36 Moshe Lewin, Russian Peasants and Soviet Power: A Study of Collectivization (New York, 1975) 77, 491.

37 Hugh Hudson, ‘The Kulakization of the Peasantry: The OGPU and the End of Faith in Peasant Reconciliation, 1924-27’ Jahrbücher für Geschichte Osteuropas, vol 1, 2012.

38 Orlando Figes, The Whisperers, Private Life in Staln’s Russia, (New York, 2007) 87.

39 Viola, Peasant Rebels, 143.

40 Oleg Khlevniuk, The History of the Gulag (New Haven 2004) 11.

41 Ronald Suny, The Soviet Experiment (Oxford, 2011) 235-250.

42 Leon Trotsky, Writings, 1929 (New York 1975) 113.

43 Leon Trotsky, Writings, 1930 (New York 1975) 111.

44 Leon Trotsky, Writings, 1931 (New York 1975) 215.

45 Alexei Gusev, “The Bolshevik Leninists Opposition and the Working Class” in Filtzer, A Dream Defered, 162-163.

46 John Scherer and Michael Jakobson “Collectivization of Agriculture and the Soviet Prison Camp System” in Europe-Asia Studies, Vol. 45, No 3. 1993, 553.

47 Arch Getty and Oleg Naumov, The Road to Terror (New Haven, 1999).

48 Khlevniuk, The History of the Gulag, 304-305.

49 Roy Medvedev, Let History Judge (New York, 1989) 279-284.

50 Tariq Ali (editor), The Stalinist Legacy (London, 1984) 178.

51 Oleg Khlevniuk, The History of the Gulag (New Haven, 2004) 145-146.

52 Medvedev, Let History Judge, 347.

53 J. V. Stalin, Problems of Leninism (Moscow, 1953) 454-458.


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