Eleições chilenas, um breve comentário

Suscintas observações preliminares sobre o resultado eleitoral do pleito presidencial ocorrido no último fim de semana no país.

Israel Dutra 21 nov 2017, 12:36

O primeiro turno da eleição chilena foi um importante sintona para uma analise mais ampla da América Latina. No próximos 10 meses, uma série de eleições devem acontecer no continente, seus resultados influenciam diretamente. Olhar o Chile, assim, é olhar para as tendências políticas em choque, salvando as diferenças próprias de cada país.

Logo mais teremos mais elementos, dialogando com nossos camaradas, de forma mais ordenada, com nossas posições. Vai aqui um comentário inicial, com minhas impressões individuais.

O erro das pesquisas, uma direita aquém das expectativas. Pinera, ex-presidente, milionário, e candidato da direita chegou em primeiro lugar, com 36,6% dos votos. As pesquisas o colocavam entre 41-45%, o que gerou um sabor amargo para seu resultado. Distante do sonho de vencer já no primeiro turno, enfrenta o candidato governista, Guiller numa segunda volta indefinida. Guiller, apoiado por Bachelet, por uma coalizão liderada pelo PS e pelo PC(Nova Maioria) somou 22, 6%. As pesquisas e a tese unilateral da “onda conservadora” foram desmoralizadas.

A coalizão governista tem pouco a comemorar. Se dividiu em duas candidaturas, Guiller e Carolina Goic, da Democracia Cristã(5.88%) dos votos. Perdeu muitos postos parlamentares e quase perdeu a vaga no segundo turno para Beatriz Sanches, da Frente Ampla. A política de “buscar o centro” também é outra derrotada. O mandato de Bachelet foi reprovado nas urnas como sinal da crise do regime chileno. Uma crise que envolve corrupção, falta de reformas estruturais e esvaziamento das demandas populares.
A grande surpresa foi a Frente Ampla. Com quase 21% dos votos, Beatriz Sanches ameaçou a hegemonia da “Concertação”, quase passando para um inédito segundo turno contra a direita. A Frente Ampla elegeu um Senador e agora é a terceira força parlamentar, saltando de 2 para 21 deputados nacionais. Sai fortalecido como espaço político e anuncia um novo ciclo na vida institucional chilena.

A FA também demonstra que se pode representar no âmbito político as latências da sociedade. Boa parte das lideranças estudantis, forjadas nas revoltas que tiveram seu momento alto em 2011, hoje são parte do comando dessa vitória. Dar nome, sentido e programa às ruas é uma tarefa política que a FA cumpriu com êxito. O “efeito Podemos” entrou pesado na eleição chilena. Já tinha se antecipado na vitória de Sharp, em 2016, na prefeitura de Valparaíso.

Kast, o Bolsonaro chileno fez quase 8%, uma perfomance nada desprezível, num país que tem muito presente o trauma da ditadura sangrenta de Pinochet. O que também indica que nos momentos de crise, a busca por saída extremas é elevada num outro patamar do debate político. Algo a ser tomado em conta, pelas posições retrogradas e atrasadas desse sujeito, que chegou em quarto lugar.

A Frente Ampla, contudo, também sofreu crises, por conta de pressões para moderar seu programa e pelos critérios democráticos para tomada de decisões internas. Tal como o Podemos espanhol, que vem errando feio em relação a Catalunha, muito precisa ser discutido como parte dos novos fenômenos, mas também não pode se contentar adotar uma forma radical para um conteúdo de reciclagem do regime. É necessário abrir um processo de ruptura constituinte para atender as reinvindicações como a educação pública universal, a ampliação da cobertura da previdência pública, um novo modelo político, de um Chile que vive nas ruas um processo por parte dos estudantes- como no levante de 2011- e do movimento dos trabalhadores em defesa da previdência (No +AFP).

No Brasil, também precisamos construir uma alternativa nova, por fora das velhas estruturas, unindo a esquerda socialista com um programa de ruptura e de enfrentamento.


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