Manifesto #VidasNegrasImportam

Lutamos por mais direitos, contra o genocídio e encarceramento em massa do povo negro, contra a exploração sexual das mulheres negras e contra a perseguição às religiões de matriz africana.

Juntos Negras e Negros 21 nov 2017, 12:21

Já cantou Elza Soares que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. Os mesmos que nos impuseram a escravização, nos mandam forçados às prisões e caixões. O Brasil é o país mais negro fora da África, e é onde 1 jovem negro morre a cada 23 minutos. Os que não morrem entram na massa de pessoas negras criminalizadas que compõem os 60% de negras e negros nos presídios brasileiros. Desde a escravização nos jogam para os lugares que eles preparam pra nós, das senzalas às cadeias.

Mas se a história deles é de opressão, a nossa é de resistência. Desde que fomos trazidos ao Brasil temos nos rebelado contra a exploração do povo negro. A existência dos Quilombos é tão antiga quanto a da escravização no Brasil. Nunca deixamos de nos organizar, e não deixaremos. Cada dia, a nossa luta se fortalece: por justiça, reparação, direitos e empoderamento político! E por isso não podemos esperar! Nossas demandas são necessárias e urgentes!

Acreditamos no empoderamento político e na organização como forma de garantir nossos direitos. É preciso empoderar jovens, mulheres, LGBTs, trabalhadores negros porque os rumos da nossa história nós que devemos definir. Os políticos tradicionais brasileiros – no Congresso, no Executivo, nas Câmaras e Assembleias – não representam senão seus próprios interesses, que são totalmente opostos às necessidades do povo negro. O ajuste fiscal – que corta de áreas essenciais como saúde, educação e segurança, a Reforma do Ensino Médio e da Previdência Social, a redução da maioridade penal, por exemplo, são ataques diretos às negras e negros.

Somos maioria entre os desempregados, maioria nos postos de trabalho mais precarizados. Mesmo quando ocupamos postos de trabalho, a diferença de salários entre brancos e negros é absurda. Ainda, a maioria da população em situação de rua – a quem os direitos são completamente negados, principalmente o de viver com dignidade – também é negra.

Michel Temer e o Congresso, composto majoritariamente por homens velhos e brancos, já começam suas defesas de uma reforma do sistema carcerário brasileiro, abrindo espaço para privatização dos presídios e de um novo regime de superexploração do trabalho do povo negro. E isso não aceitaremos! Uma reforma no sistema penal e prisional deve ser feita, mas para acabar com o encarceramento em massa do povo negro, não para criminalizar e aprisionar mais.

Mais que necessário, precisamos também de uma outra forma para lidar com as drogas. A “guerra às drogas” é uma verdadeira guerra ao povo negro, e é uma das principais causas do encarceramento e do extermínio de jovens negras e negros

Exigimos o fim das guerras contra nós. Exigimos que os poderosos reparem os danos que foram feitos às comunidades negras sob forma de reparações e investimentos direcionados. Queremos ter acesso à educação de qualidade, ao transporte realmente público, à políticas de moradia, às universidades, à saúde especializada e ao emprego não precarizado. Basta de nos reservarem somente os cargos mais precarizados, sem garantia de direitos e em regimes de semi-escravidão. Precisamos de uma verdadeira revolução da política econômica pras negras e negros.

Sabemos, também, que nossa luta não se limita às nossas próprias fronteiras. Nos solidarizamos à negritude de todos os países, que também paga com a vida o preço da exploração dos de cima. Estamos juntos à negritude nos Estados Unidos, que resiste bravamente aos ataques de Donald Trump e toda a casta política do imperialismo, na América Latina (Cuba, Haiti, Jamaica, Colômbia, entre outros), na França e em toda a Europa, onde negras e negros refugiados sofrem com o peso da política segregacionista e, principalmente, em todas as nações africanas, vítimas da violenta colonização e do estigma cotidiano.

A nossa luta nasce de um sonho. O sonho de um mundo diferente, com justiça e igualdade para todas e todos. Mas a libertação coletiva só pode existir quando nós, negras e negros, formos de fato livres. Por isso, vamos seguir na nossa luta em busca da nossa utopia, dos nossos sonhos. Lutamos por mais direitos, por uma outra política econômica, por outra política de drogas, contra o genocídio e encarceramento em massa do povo negro, contra a exploração sexual das mulheres negras e contra a perseguição às religiões de matriz africana.

É por nossos sonhos. É por justiça, reparação e liberdade, porque as nossas vidas importam. As vidas negras importam!


TV Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti

O PL da Uber é um ataque contra os trabalhadores!

O projeto de lei (PL) da Uber proposto pelo governo foi feito pelas empresas e não atende aos interesses dos trabalhadores de aplicativos. Contra os interesses das grandes plataformas, defendemos mais direitos e melhores salários!

Greve nas Universidades Federais

Confira o informe de Sandro Pimentel, coordenador nacional de educação da FASUBRA, sobre a deflagração da greve dos servidores das universidades e institutos federais.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 21 abr 2024

As lutas da educação e do MST indicam o caminho

As lutas em curso no país demonstram que fortalecer a classe trabalhadora é o único caminho para derrotar a extrema direita
As lutas da educação e do MST indicam o caminho
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 48
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão