Honduras – Convocar uma paralisação cívica nacional e anular as eleições fraudulentas

A situação em Honduras é altamente explosiva. Passamos abruptamente da resiliência das massas a uma situação de descontentamento generalizado.

PSOCA 5 dez 2017, 22:15

A situação em Honduras é altamente explosiva. Passamos abruptamente da resiliência das massas, que vinham de suportar os brutais planos de ajuste econômicos do governo de Juan Orlando Hernández (JOH), a uma situação de descontentamento generalizado, com assomos insurrecionais, ante o manuseio, manipulação e evidente mudança das cifras eleitorais por parte do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) de Honduras.

Abruptamente, sem maiores explicações, a vantagem de quase 5% dos votos que tinha Salvador Nasralla foi paulatinamente diminuída, pelos magistrados do TSE, até que finalmente o candidato oficialista foi colocado com quase 2% dos votos de vantagem, situando-o como o virtual ganhador das eleições. Até o momento de encerrar esta edição, com cerca de 93% das atas apuradas, JOH aparecia com cerca de 42,9% dos votos enquanto que Nasralla aparece com 41,42% dos votos.

Esta atuação pouco transparente do TSE acendeu a chama do protesto popular. Honduras está praticamente paralisada. Os seguidores de Nasralla de maneira espontânea começaram a tomar pontes e pontos estratégicos das estradas, e os pontos nevrálgicos das principais cidades, como uma tradicional forma de protestar contra a fraude eleitoral. Produziram-se enfrentamentos violentos com a Polícia que tenta desalojar os piquetes de protesto.

As coisas ficaram complicadas para o Partido Nacional. A cúpula nacionalista acreditou que, com a divisão do voto opositor, a reeleição de JOH eram favas contadas. Mas a agradável surpresa dada pelas massas que se inclinaram massivamente por Nasralla, superando os preconceitos ideológicos, como uma forma de manifestar seu repúdio à reeleição presidencial em Honduras. Nasralla não só ficou ombro a ombro com JOH, mas que mostrava uma clara tendência a ganhar as eleições, até que os magistrados do TSE começaram a reverter os dados que lhe eram favoráveis.

Mas, inclusive, se somamos os votos da Aliança e do colaboracionista Partido Liberal (PL) temos o fato de que mais de 60% dos eleitores, manifestaram seu rechaço à reeleição de JOH. Este dado sozinho explica o incêndio revolucionário que começa a se produzir em Honduras.

A estas alturas, quinta (30/11) pela noite, já deveria haver um ganhador das eleições, mas se ainda não existe uma declaração oficial se deve, em primeiro lugar, à resistência espontânea das massas que pressionam desde a rua, ameaçando com uma verdadeira insurreição popular.

Na medida em que a crise se agudiza, chama poderosamente a atenção que os principais dirigentes da Aliança de Oposição contra a Ditadura, como Mel Zelaya e o próprio candidato Salvador Nasralla, quase desapareceram da cena, deixando completamente sozinhos e sem orientações claras a seus seguidores. Na segunda-feira, 27, Nasralla chamou a defender o voto, mas depois assinou um Acordo com a OEA comprometendo-se a respeitar os resultados, e depois se retratou. Estes zigue-zague desorientam as massas em luta. O partido LIBRE não se pronunciou oficialmente chamando o protesto nacional, tampouco se colocou à frente da nova resistência.

O processo eleitoral foi desnaturalizado, pelas manipulações abertas e descaradas do Partido Nacional. A vontade da maioria não foi respeitada. Proclamar ganhador a JOH com base numa diferença de apenas 2% dos votos, não só é uma estupidez política, mas um aberto desprezo pela democracia que tanto apregoam e dizem defender a oligarquia e a burguesia hondurenha.

Por isso, desde o Partido Socialista Centro-americano (PSOCA) chamamos aos piquetes de autoconvocados a manterem-se firmes, a luta que se iniciou nas ruas em 30 de novembro, é o que evitou pelo momento que proclamem a JOH como novo presidente. Chamamos a Nasralla, ao partido LIBRE, a que convoquem imediatamente a um Paro Cívico Nacional, para evitar que JOH seja proclamado e ungido como novo presidente. Devemos manter a luta nas ruas até conseguir a anulação das eleições fraudulentas, e a convocatória de um novo processo eleitoral que tenha como primeiro ponto, a instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte que eleja um governo provisório e que redija uma nova Constituição.

01 de dezembro de 2017


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Camila Souza