Henrique Carneiro sobre a condenação de Lula em Porto Alegre

O professor de história Henrique Carneiro (USP) comenta a condenação em segunda instância de Lula no TRF-4.

Henrique Carneiro 24 jan 2018, 23:10

A condenação judicial de quem foi o maior líder popular do país nas últimas décadas é um motivo de tristeza.

Lula tem um inegável apoio popular e um passado de dois mandatos presidenciais que o legitimaria a ser candidato mesmo que estivesse preso, o que espero que não venha a acontecer.

Há uma diferença que é relevante, mesmo que seja de proporção, entre a magnitude em dinheiro dos crimes de que acusam a ele e os de que são acusados Maluf, Cabral, Eduardo Cunha, e mesmo os próprios delatores da Petrobrás, todos milionários.

Embora não houvesse ligação direta das reformas no apartamento e alguma decisão concreta que houvesse favorecido a empresa OAS, o julgamento declaradamente destacou a suposta responsabilidade dele com outras revelações gerais de corrupção.

Um apartamento de classe média no Guarujá comprado legitimamente, mas turbinado por um empreiteira pra virar de luxo é um motivo pífio, mas não houve uma prova evidente dessa colaboração (mesmo que eu acredite que sim , provavelmente deve ter existido).

Enquanto isso, o usurpador Temer que governa contra o povo, com um programa oposto ao que foi eleito, teve emissário com o valor de um apartamento inteiro numa só mala e um ministro com o equivalente a mais de cinquenta apartamentos em dinheiro vivo, recorde mundial ao que parece.

O calendário que julga Lula vai servir, por uma lei que ele próprio aprovou em decisão unânime dos partidos, para torná-lo inelegível, a não ser que o TSE julgue de outra maneira,

Considero que seu nome deve estar na cédula em outubro, não creio que uma temporalidade oportuna do judiciário possa se sobrepor ao necessário julgamento popular do destino do país, que, desde o impeachment e a ausência de novas eleições foi subtraído ao povo.

O movimento social e popular, porém, não pode ficar refém de apoiar quem só repete a mesma estratégia que levou à sua desmobilização e à sua desfiguração, que é a busca obsessiva da conciliação, do oferecimento de maiores lucros ao capital, especialmente aos bancos, agronegócio e mineradoras, de manutenção do sistema político, da aliança com o PMDB, da banalização das relações de colaboração com grandes empresas e da ausência de qualquer auto-crítica disso tudo e do culto à personalidade de quem já se comparou até a Cristo (sem o mesmo sentido satírico de John Lennon).

A maior lacuna é não haver nesse momento uma candidatura presidencial do PSOL, a quem cabe, por sua trajetória e sua localização liderar uma frente de esquerda que não faça do debate sobre a candidatura Lula o centro da política no próximo período, mas sim da luta contra os ataques de Temer, buscando a greve geral e a mobilização por direitos sociais específicos e gerais.

Ao PT, em último caso, resta uma saída que, aparentemente, deveria ser óbvia. Houve um golpe institucional que depôs uma presidenta sem quaisquer acusações de corrupção pessoal e, por auxílio do presidente do Senado, Renan Calheiros, ela não perdeu os direitos políticos. Por que o PT não propõe Dilma como candidata? Que Lula faça como já fez duas vezes antes e a indique candidata, quem sabe com o Renan ou a Kátia Abreu de vice.


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