As 14 razões do apoio incondicional dos EUA a Israel

O amor quase religioso que hoje professa os EUA por Israel se deve aos interesses estratégicos da própria superpotência.

Nazanin Armanin 20 abr 2018, 13:51

Ninguém esperava que Donald Trump condenasse o último ataque militar de Israel à manifestação pacífica dos palestinos na “Grande Marcha do Retorno” de 30 de março, que deixou quase vinte mortos e cerca de 2000 feridos. Os palestinos recordam ao mundo a data da apropriação de seus terras em 1976 por Israel e reclamam a volta de cerca de 700 000 pessoas expulsas de seus lares em 1948.

O mesmo fez Barack Obama (apesar de sua aparente oposição aos assentamentos judeus), qualificando de “defesa própria” ao massacre de 2205 palestinos, entre eles cerca de 400 meninos e meninas, cometido por Israel no verão de 2014.

O amor quase religioso que hoje professa os EUA por Israel não se deve a sua preocupação com a segurança de seu amado, nem por ser o refúgio de uma minoria oprimida, mas a vários fatores unidos a uma única verdade absoluta: os interesses estratégicos da própria superpotência.

Da indiferença à entrega total

Ainda que o Congresso dos EUA tenha apoiado em 1922 a criação de um estado judeu na Palestina, o amor entre Washington e Tel Aviv não veio de uma flechada. É a URSS o primeiro país que em 1948 reconhece o estado israelense. O Secretário de Estado George Marshall acreditava que reconhecer Israel afastaria os EUA dos países árabes e por conseguinte do petróleo do Oriente Médio. Além disso, suspeitava que Israel tinha inclinações para a URSS, porque vários de seus dirigentes procediam do império russo, como seus primeiros quatro presidentes (entre 1949 e 1978): Chaim Weizmann, Yitzhak Ben-Zvi, Zalman Shazar, e Ephraim Katzir. O senhor Marshall confundia a origem étnica com o pensamento político: Israel havia nascido de uma ideologia antissocialista.

Somente quando os israelenses derrotam vários estados árabes na Guerra de Seis Dias em 1967, uma Washington maravilhada começa a enviar uma generosa ajuda militar e econômica, que se multiplicará guerra após guerra até 1973. Não havia dúvida: Israel era o candidato ideal para sua porta de entrada e o guardião dos interesses naquela região longínqua.

Motivos suficientes para que chegue a perdoar inclusive quando lhe traiu: o quarto dia da Guerra dos Seis Dias, a aviação israelense atacou a USS Liberty, o navio da Marinha dos EUA no Mediterrâneo, que monitorava as comunicações da URSS e dos árabes. Houve 208 vítimas, entre mortos e feridos. Tel Aviv jurava que havia sido um erro, enquanto o diretor da CIA Richard Helms, o Secretário de Estado Dean Rusk, e os sobreviventes afirmavam que havia sido um bombardeio deliberado. Mas o presidente Lyndon Johnson e o almirante John S. McCain Jr., o pai que do atual senador republicano, encobriram os israelenses. Embaralha-se a possibilidade a que Israel pretendia: 1) evitar que os EUA descobrisse seu iminente assalto às Colinas de Golã, ação contra a qual se opunha Johnson, e 2) culpar o Egito do ataque para pressionar os EUA a entrar na guerra, em outras de suas “guerras de bandeira falsa”. Fez algo parecido em 1954 quando organizou atentados terroristas no Egito de Jamal Abdel Nasser sob a senha “Operação Susannah” para que se culpasse a Fraternidade Muçulmana. Pôs bombas nas propriedades dos EUA e Grã Bretanha no Cairo, para arrastar o Ocidente para a guerra, e provocar uma guerra civil no país.

Outras datas importantes aumentaram ainda mais o valor estratégico de Israel para os EUA e o afã de garantir sua superioridade militar:

• 1978: A criação do “Jihadismo” pelos EUA na região para destruir as forças laicas e progressistas nos países “muçulmanos” convertendo a extrema-direita islâmica, judia e cristã nos protagonistas do cenário.

• 1979: a queda do Xá do Irã, que transforma Israel no único aliado estável de Washington na zona.

• 1982: a invasão israelense do Líbano, para expulsar a OLP e destruir o Hezbollah, partido islâmico criado pelo Irã.

• 1991: a Guerra do Golfo Pérsico, com a qual os EUA ficam com o controle de milhões de barris de petróleo do Iraque, divide e debilita os árabes, destrói o Iraque que foi o contrapeso de Israel, desfere um duro golpe nos palestinos, encurralando Yasser Arafat que defendeu Sadam Hussein na guerra. Os xeques árabes castigaram a OLP, e passaram as ajudas ao grupo direitista e fundamentalista do Hamas. Arafat teve que aceitar os Acordos de Oslo. Era o fim da possibilidade de um Estado Palestino, se alguma vez existiu.

• 2001: Os atentados de 11S em 2001, e a suposta Guerra contra o Terrorismo Islâmico que deixa Israel como o grande beneficiário da imagem de bárbaro que se propaga contra os “muçulmanos”.

• 2011: As guerras contra a Síria e a Líbia, assim como o sequestro das “primaveras” do Egito e da Tunísia, beneficiaram principalmente ao estado judeu.

Por que os EUA adotaram Israel?

Por ordem de importância:

1.  Para Washington, Israel foi um refém da influências das ideias marxistas e o avanço da URSS na região. Os mísseis israelenses, assim como suas bombas atômicas, não apontavam os palestinos, mas Moscou.

2.  Durante a Guerra Fria, Israel, junto a outros países árabes da zona – Irã, Turquia e Paquistão – se converteram nos guardiões dos interesses dos EUA, quando a URSS apoiou os nacionalistas árabes no Egito, Iraque, Síria, Líbia e Argélia.

3.  Com suas contínuas ameaças aos vizinhos, Israel conseguiu militarizar a região, provocando uma corrida armamentista que disparou a venda de armas dos EUA ao Oriente Médio. Assim, Washington emprega 10 milhões de cidadãos na indústria armamentista, ganha bilhões de dólares, e controla, através das necessárias “peças de reposição”, o sistema defensivo dos clientes durante anos. Quando Israel acusa o Irã de fabricar a bomba atômica, por exemplo, recebe cerca de 3,1 bilhões de dólares (em 2015) dos EUA, e Trump recebe um cheque de 110 bilhões de dólares da Arábia Saudita num contrato de armas.

4. Ninguém esperava que Donald Trump condenasse o último ataque militar de Israel à manifestação pacífica dos palestinos na “Grande Marcha do Retorno” de 30 de março, que deixou quase vinte mortos e cerca de 2000 feridos. Os palestinos recordam ao mundo a data da apropriação de seus terras em 1976 por Israel e reclamam a volta de cerca de 700 000 pessoas expulsas de seus lares em 1948.

O mesmo fez Barack Obama (apesar de sua aparente oposição aos assentamentos judeus), qualificando de “defesa própria” ao massacre de 2205 palestinos, entre eles cerca de 400 meninos e meninas, cometido por Israel no verão de 2014.

O amor quase religioso que hoje professa os EUA por Israel não se deve a sua preocupação com a segurança de seu amado, nem por ser o refúgio de uma minoria oprimida, mas a vários fatores unidos a uma única verdade absoluta: os interesses estratégicos da própria superpotência.

Da indiferença à entrega total

Ainda que o Congresso dos EUA tenha apoiado em 1922 a criação de um estado judeu na Palestina, o amor entre Washington e Tel Aviv não veio de uma flechada. É a URSS o primeiro país que em 1948 reconhece o estado israelense. O Secretário de Estado George Marshall acreditava que reconhecer Israel afastaria os EUA dos países árabes e por conseguinte do petróleo do Oriente Médio. Além disso, suspeitava que Israel tinha inclinações para a URSS, porque vários de seus dirigentes procediam do império russo, como seus primeiros quatro presidentes (entre 1949 e 1978): Chaim Weizmann, Yitzhak Ben-Zvi, Zalman Shazar, e Ephraim Katzir. O senhor Marshall confundia a origem étnica com o pensamento político: Israel havia nascido de uma ideologia antissocialista.

Somente quando os israelenses derrotam vários estados árabes na Guerra de Seis Dias em 1967, uma Washington maravilhada começa a enviar uma generosa ajuda militar e econômica, que se multiplicará guerra após guerra até 1973. Não havia dúvida: Israel era o candidato ideal para sua porta de entrada e o guardião dos interesses naquela região longínqua.

Motivos suficientes para que chegue a perdoar inclusive quando lhe traiu: o quarto dia da Guerra dos Seis Dias, a aviação israelense atacou a USS Liberty, o navio da Marinha dos EUA no Mediterrâneo, que monitorava as comunicações da URSS e dos árabes. Houve 208 vítimas, entre mortos e feridos. Tel Aviv jurava que havia sido um erro, enquanto o diretor da CIA Richard Helms, o Secretário de Estado Dean Rusk, e os sobreviventes afirmavam que havia sido um bombardeio deliberado. Mas o presidente Lyndon Johnson e o almirante John S. McCain Jr., o pai que do atual senador republicano, encobriram os israelenses. Embaralha-se a possibilidade a que Israel pretendia: 1) evitar que os EUA descobrisse seu iminente assalto às Colinas de Golã, ação contra a qual se opunha Johnson, e 2) culpar o Egito do ataque para pressionar os EUA a entrar na guerra, em outras de suas “guerras de bandeira falsa”. Fez algo parecido em 1954 quando organizou atentados terroristas no Egito de Jamal Abdel Nasser sob a senha “Operação Susannah” para que se culpasse a Fraternidade Muçulmana. Pôs bombas nas propriedades dos EUA e Grã Bretanha no Cairo, para arrastar o Ocidente para a guerra, e provocar uma guerra civil no país.

Outras datas importantes aumentaram ainda mais o valor estratégico de Israel para os EUA e o afã de garantir sua superioridade militar:

• 1978:A criação do “Jihadismo” pelos EUA na região para destruir as forças laicas e progressistas nos países “muçulmanos” convertendo a extrema-direita islâmica, judia e cristã nos protagonistas do cenário.

• 1979: a queda do Xá do Irã, que transforma Israel no único aliado estável de Washington na zona.

• 1982: a invasão israelense do Líbano, para expulsar a OLP e destruir o Hezbollah, partido islâmico criado pelo Irã.

• 1991: a Guerra do Golfo Pérsico, com a qual os EUA ficam com o controle de milhões de barris de petróleo do Iraque, divide e debilita os árabes, destrói o Iraque que foi o contrapeso de Israel, desfere um duro golpe nos palestinos, encurralando Yasser Arafat que defendeu Sadam Hussein na guerra. Os xeques árabes castigaram a OLP, e passaram as ajudas ao grupo direitista e fundamentalista do Hamas. Arafat teve que aceitar os Acordos de Oslo. Era o fim da possibilidade de um Estado Palestino, se alguma vez existiu.

• 2001: Os atentados de 11S em 2001, e a suposta Guerra contra o Terrorismo Islâmico que deixa Israel como o grande beneficiário da imagem de bárbaro que se propaga contra os “muçulmanos”.

• 2011: As guerras contra a Síria e a Líbia, assim como o sequestro das “primaveras” do Egito e da Tunísia, beneficiaram principalmente ao estado judeu.

Por que os EUA adotaram Israel?

Por ordem de importância:

1. Para Washington, Israel foi um refém da influências das ideias marxistas e o avanço da URSS na região. Os mísseis israelenses, assim como suas bombas atômicas, não apontavam os palestinos, mas Moscou.

2. Durante a Guerra Fria, Israel, junto a outros países árabes da zona – Irã, Turquia e Paquistão – se converteram nos guardiões dos interesses dos EUA, quando a URSS apoiou os nacionalistas árabes no Egito, Iraque, Síria, Líbia e Argélia.

3. Com suas contínuas ameaças aos vizinhos, Israel conseguiu militarizar a região, provocando uma corrida armamentista que disparou a venda de armas dos EUA ao Oriente Médio. Assim, Washington emprega 10 milhões de cidadãos na indústria armamentista, ganha bilhões de dólares, e controla, através das necessárias “peças de reposição”, o sistema defensivo dos clientes durante anos. Quando Israel acusa o Irã de fabricar a bomba atômica, por exemplo, recebe cerca de 3,1 bilhões de dólares (em 2015) dos EUA, e Trump recebe um cheque de 110 bilhões de dólares da Arábia Saudita num contrato de armas.

4. Israel foi um para-raios da raiva dos árabes, fazendo com que os EUA se apresente como um árbitro neutro no conflito, quando o controle dos americanos sobre os israelenses é tal que o presidente Obama em 2014 ameaçou derrubar aviões israelenses caso atacassem instalações nucleares iranianas.

5. Através de Israel, pôde vender armas a quem não podia fazer isso diretamente: o governo do Apartheid na África do Sul, a contra nicaraguense ou a República Islâmica do Irã (entre 1985 e 1986, chamando “Escânalo Irãgate”).

6. A afinidade ideológica: O Projeto do Novo Oriente Médio desenhado pelos EUA depois do colapso da URSS, que pretende converter os países vertebrados e estratégicos da zona em mini-estados controláveis, concorda com os interesses israelenses.

7. Fortes laços entre seus serviços de inteligência: a israelense Unidade 8200 e a estadunidense Agência de Segurança Nacional criaram a maior associação de cooperação de inteligência do mundo. A Unidade 8200 e seus quase 6000 soldados captam sinais de inteligência e decifram códigos (chamadas, e-mails, ondas ou chaves de satélites). Acredita-se que tal Unidade fez possível a Operação Ópera do 1981 na qual os aviões israelense pudessem violar o espaço aéreo do Iraque e destruir seu reator nuclear sem ser detectados pelos radares, e também a Operação Horto de 2007 contra o reator nuclear sírio. Em 2010, as duas agencias lançaram a primeira ciberguerra da história, atacando com o gusano informático chamado Stuxnet, a dois centrais nucleares do Irã. Israel mostrou a valia do Serviço de Segurança Nacional, Shin Bet, quando em 1956 obteve uma gravação do discurso secreto de Nikita Kruschev, criticando Stalin e a entregou aos EUA.

8. Aliança militar: laços que se fortaleceram com a instalação da primeira base militar dos EUA no deserto do Neguev de Israel em setembro de 2017, como uma “mensagem à região e a nosso entorno de que nossa associação com nosso amigo Estados Unidos é importante”, disse o general israelense Tzvika Haimovitch, em clara referência ao Irã, que é o principal objetivo das mudanças que Donald Trump está introduzindo em seu gabinete, como a demissão de Rex Tillerson, e a nomeação de John Bulton, um dos artífices da guerra contra o Iraque. EUA assegurou a superioridade militar para seu região: é o único país que possui armas nucleares, entre outros artefatos de destruição massiva.

9. Apoio incondicional mútuo na cena internacional: Há poucos países como os EUA e Israel que sempre vão andar juntos nas votações na ONU e outros fóruns mundiais.

10. Afinidade ideológica entre a direita belicista dos EUA, representada pelo Partido Republicano e a Likud israelense de extrema-direita judia.

11. Fraternidade religiosa: O olhar do sionismo cristão dos EUA para Israel como o lugar onde será realizada a segunda vinda de Cristo à Terra Santa. Por outro lado, a maioria dos 6 milhões de judeus dos EUA se declara da etnia judia, mas não religiosos.

12. Ainda que se exagere a pressão das organizações judias, ela existe. Grupos como AIPAC têm influência, ainda que não determinem a política dos EUA para Israel. Com seus enormes recursos materiais podem comprar vontades de políticos, jornalistas ou cineastas, para que deem uma imagem positiva para Israel, apresentando seus rivais como monstros.

13. Compartilham o racismo social e a aporofobia contra os “muçulmanos” pobres e “subdesenvolvidos” frente aos “talentosos” judeus. Ilan Pappé em seu livro The Biggest Prison on Earth: A History of the Occupied Territories [2017] narra com detalhe os mecanismos da destruição de toda uma nação, por um estado colonial e a cumplicidade de quase todo o mundo.

14. Amizades pessoais entre os líderes judeus dos EUA e e de Israel, e o medo dos “não amigos” de serem etiquetados de “antissemitas”, se não rendem tributos à “causa israelense” com devoção, como foi o caso de Obama.

O dia em que Washington não ver mais utilidade em continuar com o matrimônio com seu estado cliente, vai repudiá-lo.

Nazanin Armanin é uma escritora e cientista política iraniana exilada na Espanha desde 1983.

, fazendo com que os EUA se apresente como um árbitro neutro no conflito, quando o controle dos americanos sobre os israelenses é tal que o presidente Obama em 2014 ameaçou derrubar aviões israelenses caso atacassem instalações nucleares iranianas.

5.  Através de Israel, pôde vender armas a quem não podia fazer isso diretamente: o governo do Apartheid na África do Sul, a contra nicaraguense ou a República Islâmica do Irã (entre 1985 e 1986, chamando “Escânalo Irãgate”).

6.  A afinidade ideológica: O Projeto do Novo Oriente Médio desenhado pelos EUA depois do colapso da URSS, que pretende converter os países vertebrados e estratégicos da zona em mini-estados controláveis, concorda com os interesses israelenses.

7.  Fortes laços entre seus serviços de inteligência: a israelense Unidade 8200 e a estadunidense Agência de Segurança Naciona criaram a maior associação de cooperação de inteligência do mundo. A Unidade 8200 e seus quase 6000 soldados captam sinais de inteligência e decifram códigos (chamadas, e-mails, ondas ou chaves de satélites). Acredita-se que tal Unidade fez possível a Operação Ópera do 1981 na qual os aviões israelense pudessem violar o espaço aéreo do Iraque e destruir seu reator nuclear sem ser detectados pelos radares, e também a Operação Horto de 2007 contra o reator nuclear sírio. Em 2010, as duas agencias lançaram a primeira ciberguerra da história, atacando com o gusano informático chamado Stuxnet, a dois centrais nucleares do Irã. Israel mostrou a valia do Serviço de Segurança Nacional, Shin Bet, quando em 1956 obteve uma gravação do discurso secreto de Nikita Kruschev, criticando Stalin e a entregou aos EUA.

8.  Aliança militar: laços que se fortaleceram com a instalação da primeira base militar dos EUA no deserto do Neguev de Israel em setembro de 2017, como uma “mensagem à região e a nosso entorno de que nossa associação com nosso amigo Estados Unidos é importante”, disse o general israelense Tzvika Haimovitch, em clara referência ao Irã, que é o principal objetivo das mudanças que Donald Trump está introduzindo em seu gabinete, como a demissão de Rex Tillerson, e a nomeação de John Bulton, um dos artífices da guerra contra o Iraque. EUA assegurou a superioridade militar para seu região: é o único país que possui armas nucleares, entre outros artefatos de destruição massiva.

9.  Apoio incondicional mútuo na cena internacional: Há poucos países como os EUA e Israel que sempre vão andar juntos nas votações na ONU e outros fóruns mundiais.

10.  Afinidade ideológica entre a direita belicista dos EUA, representada pelo Partido Republicano e a Likud israelense de extrema-direita judia.

11.  Fraternidade religiosa: O olhar do sionismo cristão dos EUA para Israel como o lugar onde será realizada a segunda vinda de Cristo à Terra Santa. Por outro lado, a maioria dos 6 milhões de judeus dos EUA se declara da etnia judia, mas não religiosos.

12.  Ainda que se exagere a pressão das organizações judias, ela existe. Grupos como AIPAC têm influência, ainda que não determinem a política dos EUA para Israel. Com seus enormes recursos materiais podem comprar vontades de políticos, jornalistas ou cineastas, para que deem uma imagem positiva para Israel, apresentando seus rivais como monstros.

13.  Compartilham o racismo social e a aporofobia contra os “muçulmanos” pobres e “subdesenvolvidos” frente aos “talentosos” judeus. Ilan Pappé em seu livro The Biggest Prison on Earth: A History of the Occupied Territories [2017] narra com detalhe os mecanismos da destruição de toda uma nação, por um estado colonial e a cumplicidade de quase todo o mundo.

14.  Amizades pessoais entre os líderes judeus dos EUA e e de Israel, e o medo dos “não amigos” de serem etiquetados de “antissemitas”, se não rendem tributos à “causa israelense” com devoção, como foi o caso de Obama.

O dia em que Washington não ver mais utilidade em continuar com o matrimônio com seu estado cliente, vai repudiá-lo. Nazanin Armanin é uma escritora e cientista política iraniana exilada na Espanha desde 1983.

Artigo publicado no jornal Público.


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Pedro Micussi