Sobre a construção do PSOL no Rio Grande do Norte e a candidatura de Carlos Alberto.

Sua candidatura será marcada pelo combate as oligarquias e a diferenciação do projeto de esquerda do PSOL, independente

Danillo Prisco 22 abr 2018, 15:39

O PSOL RN vêm crescendo no último período. O estado conta um diversidade grande de ativistas e vem, ao longo do último período reforçando suas colunas, ampliando sua inserção no trabalho sindical, no movimento estudantil, no movimento popular, camponês e no terreno eleitoral.

O último período recente reforçou esse caminho.

Em Natal, no campo eleitoral municipal passamos de cerca de 2.500 votos em nossos candidatos em 2012 para uma marca de 17.852 votos no PSOL em 2016. E nessa eleição, ainda não contávamos com Amanda Gurgel em nossas fileiras, segunda vereadora mais votada da cidade, em 2016, ainda no PSTU. Essa marca foi atingida pela maior inserção popular do partido e pelo êxito de nossos mandatos. Aqui com destaque para Sandro Pimentel, que em quatro anos, passou de 1300 votos para 3.700 votos.

Elegemos as duas únicas prefeituras do partido no Brasil e ampliamos nossa inserção no interior. Elegemos 2 vereadores na cidade de Janduís e 1 vereador na cidade de currais novos. Nossos mandatos são exemplares. Otton, em Jaçana, por exemplo, é aprovado por 77% da população.

A ampliação nos outros campos cabe destaque.

No campo temos em nossas fileiras dirigentes do MST e impulsionamos, em unidade orgânica com o partido, o MNT, Movimento Nossa Terra, que conta com fundadores do MST no estado, diversos assentamentos e acampamentos. Foi através dele também que o PSOL foi fundado em diversos municípios do interior, mostrando que através da unidade e construção conjunta com movimentos sociais não é novidade no PSOL. É prática.

O campo sindical tem um trabalho PSOLista histórico. Inserção em diversas categorias, mesmo em tempos de dificuldade de construção sindical, por fora das burocracias, como foram os últimos anos no País.

A inserção junto aos trabalhadores também se dá por fora das estruturas que dirigimos.

O apoio e atuação na greve da saúde e da UERN no último período, o papel central na condução da vitoriosa greve dos vigilantes e a intervenção central no movimento dos camêlos no ano passado colocaram o PSOL no centro das principais lutas de caráter econômico no estado.

Nossa juventude se tornou mais forte e ampliou sua inserção. O partido hoje conta com mais quadros jovens, com setoriais sendo dinamizadas por esses setores. E a eleição de 2018 será importante nesse sentido. Jovens com atuação na educação (diversos professores e professoras nas chapas majoritárias e proporcionais), no movimento estudantil (Camila Barbosa), jovens sindicalistas (Como é o caso de Suzanne de Tibau do Sul), expressam que crescemos nesse setor. Quantitativamente e qualitativamente.

O trabalho de mulheres também vêm avançando. Estamos hoje com uma postulante ao Senado e uma vice governadora. Em nossa chapa há uma representação feminista e feminina de peso. Sindicalistas, Jovens educadoras, ativista da causa animal, profissionais autônomas ocuparam nossas fileiras e se postularam enquanto candidatas. Quem tem trabalho no Nordeste sabe o tamanho do desafio em forjar e consolidar nossas combatentes para cumprir a tarefa de figuras públicas.

Na perspectiva eleitoral e de construção partidária no último período é que entra a polêmica com Carlos Alberto e a escolha de seu nome para o Governo.

Primeiramente, ele não foi o único deslocamento do último período. Para além de movimentos mais pontuais, dois agrupamentos vieram ao PSOL no último período.
Telma Gurgel, figura histórica da esquerda potiguar, primeira vereadora eleita pelo PT no estado, veio junto a um grupo de professores da UERN e será nossa candidata ao Senado. Telma estava afastada da política, e encontrou no PSOL potiguar um espaço para seu retorno e novamente para se colocar na disputa eleitoral. Isso é uma grande vitória do Partido.

Carlos Alberto também não veio sozinho. Deslocou junto com ele dois outros militantes do PT. Walker e Milclei. Esses dois deslocamentos não são menores. Ambos eram coordenadores zonais do partido. De duas regiões periféricas da cidade, zona Oeste e Zona Norte. Milclei aliás, é o presidente da associação dos moradores da Nossa Senhora da Apresentação, bairro mais populoso e também um dos mais violentos da cidade. Bairro onde também mora o vereador Sandro Pimentel. Representa um ganho enorme em nossa inserção popular. Me estranha não aparecer nos balanços esse dado, talvez por desconhecimento dos camaradas, talvez por desconhecimento da própria região onde esses tem inserção.

Carlos Alberto é Professor da UFRN. Fará uma campanha com o perfil semelhante a exitosa campanha de Robério Paulino ao governo. Tem diferenças, mas o perfil é muito parecido. Professores e da área de Gestão. O centro da polêmica está no fato de Carlos também ser empresário. Carlos é dono de 6 franquias de restaurantes e tem certo patrimônio acumulado. Em termos de classe, ocupa lugar na pequena burguesia. Como muitos que militam em nossas fileiras. Professores, Profissionais Liberais, Autônomos com maior poder aquisitivo. É inclusive o setor da classe de onde diversos ativistas e figuras públicas do PSOL vem. Carlos não é representante de oligarquia latifundiária, não é industrial e não é um financista ou banqueiro.

O candidato tem origem em família de esquerda. Pai bancário e mãe professora. Ambos com passado militante. Sempre esteve no PT, partido onde foi candidato, e partido em que sempre postulou críticas. Centralmente na política de alianças, na escolha da direção em se aliar com o PMDB e com outros agrupamentos das oligarquias locais (No último período o PT estevem com Robinson Faria, do PSD). Em seus negócios, nunca se portou enquanto pequeno burguês reacionário. Esse ponto não é determinante, mas o contrário seria.

Sua candidatura será marcada pelo combate as oligarquias e a diferenciação do projeto de esquerda PSOLista, independente. E nesse sentido o professor tem fala privilegiada, justamente por ter rompido com o Petismo.

Construiremos o programa de forma aberta, democrática e coletiva. Certamente será um esforço para um diagnóstico preciso do estado e para a construção de um programa que aproxime as pessoas. Ativistas e não ativistas. O PSOL sairá fortalecido do processo. Também em formulação, algo que somos carentes, ainda mais para os Rincões mais precarizados de nosso país.

Sobre a legitimidade da indicação e da tática eleitoral é importante demarcar alguns pontos. Somos mais de 60% do partido conforme aferido no último congresso. Dirigimos o partido desde sua fundação no Brasil e no Rio Grande do Norte.

Indicamos proximamente 70% de todas as vagas disponíveis para eleição. Apoiamos Telma senadora e postulamos a vice. Abrimos mão da auto construção no senado que teríamos direito.

Nas chapas proporcionais, ligadas aos nossos trabalhos, são 11 das 13 mulheres que disputarão a eleição. Nos homens mais de 20 indicações das 30 que estão colocadas. Trabalhadoras e trabalhadores, de diversos setores, cidades e trabalhos.

Não começamos ontem nosso trabalho no RN, é um dos mais antigos trabalhos do PSOL.

Temos legitimidade na escolha de nosso candidato e a certeza que sairemos fortalecidos do processo eleitoral, fato este que vêm ocorrendo ao longo do tempo. 2018 não será diferente.

É urgente responsabilidade partidária dos companheiros e companheiras. A divergência é salutar, mas o liquidacionismo rasteiro não pode ser método de disputa partidária.

Construiremos uma campanha forte, que possa ajudar o partido a atingir a clausula de barreira, que ocupe o primeiro espaço do partido na assembleia legislativa, e que fortaleça nossa posição no imaginário popular potiguar, à esquerda, separado das oligarquias, combativo, de oposição dura ao ganha ganha petista e como uma alternativa real, de construção de outra sociedade.


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Pedro Micussi