Billie Holiday, extraordinária cantora de Jazz

Morta em 17 de julho de 1959, a cantora soube refletir em sua obra a opressão racial presente na sociedade estadunidense do século passado.

Ross Harrold 17 jul 2018, 17:04

Billie Holiday tinha apenas 18 anos quando um produtor de Columbia a descobriu em um dos clubes do Harlem onde cantava por gorjetas. Durante mais de vinte anos, ela cantará com todos os grandes musicistas.

Fruta estranha

Reconhecida como imensa caontora, seu renome é também devido a um trecho em especial, Strange Fruit, que evoca o horror dos linchamentos dos negros nos sul dos Estados Unidos. Uma das canções mais potentes sobre o racismo, que a interpretação de Billie Holiday torna ainda mais comovente.

Árvores do sul produzem uma fruta estranha,
Sangue nas folhas e sangue nas raízes,
Corpos negros balançando na brisa do sul,
Frutas estranhas penduradas nos álamos.

Entre 1890 e 1939, quando Billie a cantou pela primeira vez, houve quase quatro mil linchamentos. Strange Fruit foi escrita por Abel Meeropol, um membro do Partido Comunista estadunidense, um partido muito enraizado no Harlem graças ao seu trabalho antirracista. Billie Holiday não era ninguém da “política”, mas como dizia um de seus biógrafos, Donald Clarke, “Ser negro nos Estados Unidos é como portar sapatos muito apertados. Seja militante ou não, você sente dor nos pés. Mas Billie não fazia baixo perfil. Ela vivia “Black is beautiful, antes que isso estivesse na moda”.

A desconfiança

Quando Billie nasce, sua mãe não tinha mais do que quinze anos e seu pai, que a abandona, mais que dezessete. Colocada em casas de recuperação, violada com 11 anos, Billie termina por sair dali graças ao canto. Contudo, mesmo mais tarde quando será rica e célebre, ela não escapará do racismo. No alto de sua glória, uma turnê no Sul com uma grande orquestra branca é encurtada porque ela não podia nem reservar um quarto no hotel nem comer em um restaurante com musicistas da orquestra.

Por muito tempo apresentada como uma “simples cantora de variedades”, Billie Holiday era na verdade muito consciente do conteúdo e do efeito do que ela cantava. “Strange Fruit permitia separar as pessoas de bem e os cretinos”, ela escreveu em sua autobiografia. Depois, com a escalada do macarthismo e a caça aos “vermelhos”, contrariamente a outros cantores que a tiraram de seu repertório, Billie continuava a cantá-la.

Ela mostrava esta desconfiança em relação ao que poderiam pensar as pessoas também em sua vida pessoa. Ela teve muitos amantes, mas ela também assumiam o fato de ter tido muitas amantes.

Uma vida curta demais

O fim de sua vida será tão caótica como seu começo. Álcool, heroína e cocaína acabaram por destruir seu corpo e a conduzirá a uma estadia na prisão. O Estado não a perdoou pela “imprudência” de um negra zombou as regras da boa moral. Após sua condenação por consumo de drogas ela seria proibida de cantar nos clubes de Nova York e a perseguição continuaria até o leito do hospital onte a política esperava que ela saísse do coma para prendê-la novamente. Ela não acorda, o corpo se esgota finalmente, e ela morre com apenas 44 anos.

Se Billie Holiday não existe mais em carne e osso, permanece suas canções que inspirara em comoveram milhões de pessoas. Com certeza elas continuaram a fazer isso por muito mais tempo.

Artigo originalmente publicado no site do NPA. Tradução de Pedro Micussi para a Revista Movimento. 


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