Clipping da Fundação Lauro Campos 8/08
Saiba o que de mais importante aconteceu na política mundial na última semana.
O Observatório Internacional destaca neste Clipping Semanal: os conflitos comerciais e diplomáticos da Era Trump, a luta das mulheres argentinas pela legalização do Aborto no Senado, o atentado frustrado contra Nicolás Maduro na Venezuela, a situação de Assange na embaixada equatoriana em Londres, a impopularidade do governo conservador de Angela Merkel, os protestos estudantis em Bangladesh, a repercussão contra a lei segregacionista do Estado de Israel e as conturbadas eleições no Zimbábue.
Uma excelente leitura a todos!
Notícias e artigos da imprensa internacional
Guerra Comercial entre EUA e China
CNN (01/08): “EUA ameaça aumentar tarifas para 25% sobre bens chineses no valor de 200 bilhões de dólares” (em inglês)
O governo Trump está considerando aumentar a alíquota das tarifas propostas para 25% em um valor adicional de US $ 200 bilhões em mercadorias da China. A Casa Branca já havia pedido ao Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos a possibilidade de impor uma tarifa de 10% sobre o valor de US $ 200 bilhões em produtos chineses. Mas sob um novo plano, as tarifas mais que dobrariam de tamanho. Os Estados Unidos já impuseram tarifas de 25% sobre produtos chineses no valor de US $ 34 bilhões para punir Pequim por suas práticas comerciais desleais, como forçar empresas americanas a entregar tecnologia valiosa. A China reagiu imediatamente com medidas iguais.
NY TIMES (03/08): “A China ameaça novas tarifas de US$ 60 bilhões de produtos dos EUA” (em inglês)
Na sexta-feira, a China ameaçou taxar US $ 60 bilhões adicionais em importações dos Estados Unidos, caso o governo Trump imponha suas próprias novas taxas aos produtos chineses. A ameaça ocorre apenas dois dias depois que o presidente Trump ordenou que seu governo considere aumentar a tarifa que já sobre em 200 bilhões de dólares por ano de produtos chineses – de produtos químicos a bolsas – a 25 por cento. Os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo, estão há meses envolvidos em uma crescente disputa comercial. Embora tenham visado os produtos uns dos outros, a natureza interconectada da economia global significou que outras regiões, como a Europa, também foram apanhadas na retaguarda.
Sanções contra o Irã
The Guardian (07/08): “Editorial: A UE permanece firme” (em inglês)
A hostilidade visceral de Donald Trump a qualquer sucesso ligado ao nome de Barack Obama, e à falta de firmeza dos que o rodeavam, tornaram a retirada dos Estados Unidos nesta primavera praticamente inevitável. Agora, o governo dos EUA recolocou sanções gerais e aumentará a pressão novamente em novembro, com restrições bancárias e de petróleo. A resistência da UE e especialmente dos signatários da “E3” (Grã-Bretanha, França e Reino Unido) é bem-vinda. A questão é saber se pode salvar o negócio. Ninguém sugere que é perfeito – mas foi o melhor alcançável. Agora as circunstâncias são piores: o Irã é uma força mais forte na região e o presidente moderado Hassan Rouhani perdeu credibilidade no país porque o acordo mal sobreviveu. Muito poucos acreditam que um acordo melhorado está à vista, e embora o governo dos EUA negue que seu objetivo real seja a mudança do regime, tanto seus comentários como ações sugerem o contrário.
El País (07/08): “Estados Unidos retomam sanções ao Irã e apoiam protestos populares” (em português)
Entrou em vigor nesta terça-feira um pacote de sanções dos Estados Unidos ao Irã que havia sido suspenso após o acordo nuclear de 2015 e que atinge a emissão de dívida, o comércio de metais e as transações em dólares e riais. O Governo de Donald Trump espera que, com essa asfixia econômica, o Irã se veja obrigado a retirar seu apoio a grupos terroristas e retroceder no que considera serem ingerências territoriais no Oriente Médio. Washington nega alentar a queda do regime islâmico, mas dá seu pleno apoio aos protestos de cidadãos iranianos incomodados com a corrupção e a crise financeira.
Turquia x EUA
NY Times (04/08): “Erdogan ordena sanções retaliatórias contra funcionários americanos” (em inglês)
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse no sábado que estava ordenando sanções recíprocas contra duas autoridades americanas em retaliação às medidas dos Estados Unidos contra dois de seus ministros, aumentando a disputa diplomática entre os aliados da Otan. “Aqueles que pensam que podem fazer a Turquia dar um passo para trás com sanções ridículas nunca conheceram este país ou esta nação”, disse Erdogan em um discurso na capital, Ancara. “Nós nunca cedemos nossas cabeças a tal pressão e nunca faremos isso.”
Eleições de meio-termo nos EUA
NY Times (06/08): “Por que as eleições de meio-termo não serão ganhas se jogando para a base“, por Henry Olsen (em inglês)
Pesquisas nacionais mostram que os democratas têm uma vantagem, mas como vimos em 2016, uma liderança nacional pode não se traduzir em uma vitória democrata. Ganhar o controle da Câmara e do Senado significa que os democratas têm que lutar no território republicano, e isso significa conversar com os eleitores Romney-Clinton e Obama-Trump. O quão bem eles podem conversar com os dois ao mesmo tempo – e quão bem os republicanos fazem entre os mesmos grupos – determinarão se vemos uma onda azul ou outro caso de desespero democrata.
Votação da Lei do Aborto no Senado argentino
Publico.pt (05/08): “Senado argentino dividido em véspera de votação sobre aborto”
A Argentina poderá juntar-se a uma imensa minoria de países da América Latina onde o aborto é legal – mas o Senado, que terá esta segunda-feira a votação final sobre o tema, estava muito dividido e quaisquer previsões eram arriscadas. A Câmara de Deputados aprovou por uma pequena diferença a legalização do aborto até às 14 semanas: 129 parlamentares votaram a favor, 125 contra. Na América Central e do Sul apenas Cuba, Uruguai, as Guianas e a Cidade do México legalizaram o aborto. A região tem dos quadros legais mais estritos, com alguns países a proibir o aborto em qualquer caso, sem excepção. Várias sondagens indicam uma mudança na opinião pública, com a maioria a defender agora a descriminalização do aborto. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, entre 350 mil e 450 mil grávidas abortam por ano, uma a cada minuto e meio.
DW (06/08): “Projeto de aborto estimula juventude da Argentina a lutar” (em inglês)
Embora o Senado seja mais conservador que a Câmara dos Deputados, uma pesquisa recente sugere que 59% dos argentinos são a favor do projeto. Seja qual for a votação final, é claro que o debate sobre o aborto está agora na agenda, com as mulheres compartilhando abertamente suas experiências de abortos clandestinos nas redes sociais e usando as bandanas verdes nos escritórios e nos transportes públicos. “Mesmo que o projeto de lei não seja aprovado agora, vencemos essa batalha cultural”, diz Claudia Pineiro, escritora que vem fazendo campanha a favor da lei. “Já legalizamos o aborto socialmente”.
Atentado em Caracas
BBC Mundo (05/08): “2 drones com explosivo C4 e 6 detidos: os primeiros detalhes oficiais da investigação do atentado a Nicolás Maduro” (em espanhol)
O ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Néstor Reverol, assegurou neste domingo que seis pessoas foram detidas pelo que o governo considera como um atentado contra o presidente Nicolás Maduro. Reverol afirmou que dois drones carregados com um quilo de explosivo C4 cada um detonaram próximo do ato militar que presidia Maduro no sábado. “Temos seis detidos e vários veículos desprotegidos. Foram realizadas apreensões em vários hotéis da capital. Recolhemos evidência fílmica de supostos colaboradores deste fato. Estão identificados os autores materiais e intelectuais”, afirmou Reverol.
The Guardian (05/08): “Poderes estrangeiros ou fraude: quem está por trás do ‘ataque de drones’ da Venezuela?” (em inglês)
Segundo Maduro, o complô foi inventado por uma camarilha internacional de conspiradores de direita. Afirmou que o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, estava “por trás do ataque”, apoiado por uma rede de conspiradores e financeiros com sede na Flórida, e agregou que um grupo de assassinos a soldo já havia sido capturado. aduro, cujo país está imerso na confusão econômica e política, com a inflação prognosticada para alcançar 1% anualmente neste ano, acusou a comunidade internacional de travar uma guerra econômica contra ele. Regularmente ataca os Estados Unidos como “imperialista” e diz que quer destruir o socialismo enquanto se apodera do petróleo da Venezuela, do qual possui as maiores reservas do mundo.
Conflito na Nicarágua
El Comercio (06/08): “Daniel Ortega assegura que a Nicarágua dará a ‘batalha’ na OEA” (em espanhol)
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, manifestou que seu país dará a batalha ante a Organização dos Estados Americanos (OEA) depois de aprovar a criação de uma comissão especial com o fim de apoiar o diálogo nacional e contribuir a busca de soluções à crise, que deixou entre 317 e 448 mortos. “Eu vejo que, ainda com o debilitamento que tem a OEA, temos que seguir dando a batalha. É um espaço que está aí e é preciso dar a batalha”, assinalou o mandatário numa entrevista oferecida ao jornal na linha estadunidense Grayzone Project. A formação desta comissão especial, aprovada na quinta-feira passada, recebeu o aval de 20 dos 34 países que são membros ativos da OEA, enquanto outros quatro estados votaram contra, oito se abstiveram e dois estiveram ausentes.
El Diario (07/08): “A fuga de um ativista de direitos humanos dispara os alarmes na Nicarágua” (em espanhol)
A fuga da Nicarágua de um ativista de direitos humanos, depois a do popular compositor Carlos Carlos Mejía Godoy, por ameaças atribuídas a grupos pró-governamentais, disparou hoje os alarmes entre organismos humanitários, a ONU e a OEA. Isso sucede no marco da crise que eclodiu em abril passado no país centro-americano, que causou já centenas de mortos. Representantes do Mecanismo Especial de Seguimento para a Nicarágua (Meseni) e do Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) discutiram nesta segunda-feira a situação no país depois de conhecer o exílio do ativista Álvaro Leiva por ameaças contra sua vida.
Corrupção na Colômbia
Reuters: “Ex-presidente Uribe desiste de renunciar ao Senado em meio a escândalos” (em português)
O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, acusado de interferir com testemunhas e de suborno, pediu ao Senado nesta quarta-feira que ignore sua carta de renúncia para que seu caso permaneça na Suprema Corte. Uribe, que comandou o país entre 2002 e 2010 e montou uma ofensiva militar contra guerrilhas marxistas, disse na segunda-feira que renunciaria à sua cadeira no Senado para se concentrar em sua defesa depois que a Suprema Corte o intimou a depor. Uribe, de 66 anos, é mentor do presidente eleito Iván Duque, que venceu a eleição de 17 de junho como candidato de seu partido de direita, Centro Democrático. O ex-presidente é investigado pelo tribunal devido a alegações de que fez acusações falsas e interferiu com testemunhas em um caso que ele mesmo iniciou fazendo acusações semelhantes contra o senador de esquerda Iván Cepeda.
Perseguição a Assange
La Red 21 (07/08): “WikiLeaks responde a ameaças do Equador a Assange: “Informar não é um crime‘” (em espanhol)
As diferenças entre o presidente equatoriano Lenín Moreno e o fundador do Wikileaks, Julian Assange, refugiado na embaixada do Equador em Londres se acentuam cada vez mais. Desde o início, quando assumiu o poder, Moreno advertiu Assange sobre suas atividades e foi instado a não se meter nos assuntos internos de outros países para poder permanecer na sede diplomática do Equador em Londres, onde se encontra refugiado desde 2012. Neste domingo numa entrevista no Equador TV Moreno expressou “nossa preocupação é defender os direitos humanos e portanto pedimos respeito à sua vida. É violatório aos direitos humanos que uma pessoa passe sua vida numa Embaixada”. E advertiu “ao senhor Assange puseram uma condição: que deixe de intervir na política e a autodeterminação de outros países. Em caso contrário, serão tomadas medidas”.
Corrupção na Argentina
El País (06/08): “Primo de Macri confessa ter pagado subornos para o kirchnerismo” (em espanhol)
Nunca os tribunais golpearam tão próximo de Mauricio de Macri numa investigação por corrupção. A delação de um chofer do poder, que durante 10 anos apontou em cadernos a suposta rota do dinheiro sujo do kirchnerismo, pôs ante um juiz ao primo do Presidente, Angelo Calcaterra, herdeiro das empresas do clã Macri, um dos mais poderosos da Argentina. Calcaterra apresentou-se hoje quando ninguém o esperava nos tribunais Federais e confessou a Claudio Bonadio que pagou subornos milionários a ex-funcionários do governo de Cristina Fernández de Kirchner. Por sua colaboração, Calcaterra obteve lucros como arrependido e ficou livre. Se somou assim à estratégia defensiva de outros dois executivos de empresas construtoras que durante o kirchnerismo se beneficiaram com grandes obras de infraestrutura.
Clarin (07/08): “Amado Boudou foi condenado a 5 anos e 10 meses de prisão por Ciccone e volta para a cadeia” (em espanhol)
Amado Boudou, o ex vice-presidente de Cristina Kirchner, voltará para a prisão. Não ocultou sua surpresa ante a decisão do Tribunal Oral Federal 4 que ordenou sua detenção imediata. Foi condenado nesta terça-feira a 5 anos e 10 meses de prisão ao encontrá-lo culpado dos delitos de cumplicidade e negociações incompatíveis com a função pública na causa pela venda da calcográfica ex-Ciccone. Voltará ao Cárcere de Ezeiza.
Impopularidade do governo Merkel
Reuters (02/08): “Apoio ao bloco de Merkel atinge mínima histórica, mostra pesquisa” (em português)
O apoio ao bloco conservador da chanceler alemã, Angela Merkel, caiu para uma mínima recorde, depois de uma prejudicial contenda interna sobre política de imigração, com o apoio ao grupo de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD) atingindo uma máxima recorde, mostrou uma pesquisa nesta quinta-feira. A pesquisa ARD DeutschlandTrend colocou o apoio à aliança conservadora de Merkel –a sua União Democrata Cristã (CDU) e seus aliados bávaros, a União Social Cristã (CSU)– em 29 por cento, um ponto percentual abaixo do nível do início de julho. Merkel, que lidera a Alemanha desde 2005, evitou por pouco o colapso de seu governo de coalisão no mês passado, depois de uma disputa entre a CDU e a CSU sobre política de imigração. Os partidos conservadores irmãos governam em uma grande coalisão com o Partido Social-Democrata (SPD), de tendência esquerdista. O Afd, anti-imigração, ganhou um ponto percentual na pesquisa ARD DeutschlandTrend, conduzida pelo Infratest Dimap, para um recorde de 17 por cento.
Organização da extrema-direita na Europa
El País (06/10): “O agitador Bannon avança na frente europeia” (em espanhol)
As eleições ao Parlamento Europeu costumam ser uma anódina luta entre os acalorados chamados das instituições comunitárias à participação e a indiferença de uma grande parte da opinião pública. Mas a próxima reunião com as urnas (maio de 2019) anuncia-se mais quente que nunca pelo auge dos partidos populistas, que contarão com o apoio de um personagem tão alheio à arena comunitária como Steve Bannon, antiga mão direita de Donald Trump, expulso da Casa Branca e em busca de novas batalhas.
Protesto em Israel contra lei segregacionista
ANSA (05/08): “Multidão protesta contra lei que define Israel um país judeu” (em português)
Uma multidão de 90 mil pessoas saiu às ruas de Tel Aviv e lotou a praça Rabin ontem (4), em um protesto contra a lei que qualifica Israel como um Estado exclusivamente judeu. A medida é vista como discriminatória pela esquerda israelense, por cidadãos árabes de origem palestina, por drusos e cristãos. O protesto de ontem foi liderado pelos drusos, minoria que vive no norte de Israel e os quais acusam o governo de torná-los cidadãos de segunda classe. A oposição israelense também apoiou a manifestação. Os drusos falam árabe e se consideram muçulmanos, apesar de terem práticas religiosas particulares. Eles servem ao Exército, são conhecidos por sua lealdade ao governo e mantêm uma relação de menos atrito com Israel, na comparação com os árabes-israelenses. “Apesar da nossa lealdade sem limites ao Estado, não somos considerados cidadãos iguais”, criticou o xeque Muafac Tarif, líder espiritual dos drusos.
Protestos estudantis em Bangladesh
Al Jazeera (02/08): “Protestos estudantis massivos depois de um acidente de trânsito mortal”
Dezenas de milhares de estudantes em Bangladesh se reuniram pelo quinto dia consecutivo depois que dois adolescentes foram mortos por um ônibus em alta velocidade. Os manifestantes, em sua maioria estudantes em meados da adolescência, gritavam “queremos justiça” na quinta-feira, quando desafiaram a chuva torrencial para marchar na capital, Dhaka, levando o trânsito a um impasse. A raiva não se conteve desde que um ônibus de passageiros matou Diya Khanam Mim e Abdul Karim Rajib na estrada no domingo. De acordo com relatos locais, os protestos pareciam ser espontâneos e desorganizados, com os estudantes parecendo não ter nenhum porta-voz ou liderança.
Eleições no Zimbábwe
CNN (02/08): “Emmerson Mnangagwa ganha as eleições do Zimbabwe, em meio a denúncias por fraude” (em espanhol)
O presidente Emmerson Mnangagwa, que substituiu Robert Mugabe no cargo depois de três décadas a seu lado, ganhou as eleições no Zimbábwe com cerca de 50,8% dos votos. O Governo sustenta que os comícios foram transparentes e pacíficos, mas a oposição assegura que houve fraude. O líder opositor Nelson Chamisa destacou que os resultados são ilegais e informou que sua equipe legal trabalha num plano de ação. Mnangagwa é conhecido como “O Crocodilo” por suas habilidades e longevidade política. Durante anos foi o homem de confiança de Robert Mugabe. Por isso, seus detratores insistem no continuismo do governo anterior. No entanto, Mnangagwa apoiou a derrubada de Mugabe.
Artigos e debates da esquerda internacional
Luta pelo direito ao aborto na Argentina
Rebelion.org (02/08): “Argentina: substantivo feminista?“, por Andreia Albatroz (em espanhol)
A aprovação na Câmara de Deputados do projeto de lei que permite a interrupção voluntária da gravidez é uma conquista do movimento de mulheres e feminista argentina. Neste sentido, é necessário reconhecer a importância da luta das mulheres argentinas nos últimos anos. O avanço das discussões feministas por fora dos espaços públicos tradicionais, talvez, vem permitindo que temas difíceis sejam debatidos pelo conjunto da sociedade. E, desta maneira, também, permitindo que sejam visibilizadas as problemáticas historicamente atravessadas pela religião, pelo sistema heteropatriarcal e pelo colonialismo.
NewsWeekEspanol (07/08): ” ‘Este não vai ser o momento no qual perderemos a esperança’: as mulheres na Argentina esperam o sim do Senado à legalização do aborto” (em espanhol)
De acordo com a socióloga Nayla Luz Vacarezza, quem realizou estudos sobre a interrupção de gravidezes na Argentina há mais de 11 anos, a regulação do tema no pais “é uma lei penal misógina, porque persegue unicamente às mulheres, e é classista porque entre as mulheres, somente castiga as mais pobres; as que contam com recursos podem aceder a práticas mais seguras”. Na entrevista para Newsweek en Español, a acadêmica argentina assinalou que neste país “as mulheres que foram encarceradas ou perseguidas por se praticar um aborto são de setores sociais vulnerabilizados ou empobrecidos”, os que recorrem a clínicas clandestinas ou se provocam abortos com medicamentos sem acompanhamento médico, o que pode gerar complicações médicas que levem a sua morte.
Bancos
Sin Permiso (02/08): “Criação monetária e senhoriagem dos bancos privados” (em espanhol), por Alejandro Nadal
Os lucros por senhoriagem são consideráveis e são um subsídio de toda a sociedade aos bancos privados. No Reino Unido foram estimadas em 23 bilhões de libras esterlinas anuais, montante equivalente a 1,2 % do PIB anual. Um exercício parecido no caso do México (ajustando diferenças pelo tipo de sistema bancário e a profundidade do sistema financeiro) poderia render uma senhoriagem de 0,7 % PIB anual, o que no ano corrente significaria 8,4 bilhões de dólares. Um bonito presente para os senhores do dinheiro. É evidente que qualquer discussão sobre o futuro deveria considerar os lucros associados à criação monetária e as formas de recuperar as vantagens de senhoriagem para a sociedade. Este privilégio não pode ficar nas mãos dos bancos comerciais privados.
Guerra Comercial
Sin Permiso (05/08): “O comércio mundial e o imperialismo“, por Michael Roberts (em espanhol)
O começo do século XXI pôs fim a esta onda de globalização. A rentabilidade das principais economias imperialistas chegou ao teto na década de 2000 e depois da curta expansão alimentada com crédito até 2007, que foi seguida pela Grande Recessão, e uma nova Longa Depressão. Como no final do século XIX, provocou o fim da globalização. O crescimento do comércio mundial não é agora mais rápido que o crescimento da produção mundial, mas inclusive mais lento. Portanto, a contra-tendência à baixa rentabilidade que supõem as exportações, o comércio e o crédito se esgotou. Isso é uma ameaça para a hegemonia do imperialismo norte-americano, já que um declive relativo com relação às novas potências ambiciosas como a China, Índia e Rússia. Com o Presidente dos EUA Trump tentando agora recuperar a liderança dos EUA no comércio internacional, a renovada rivalidade ameaça em desatar conflitos importantes possivelmente na próxima década.
Debate na esquerda estadunidense
Left on The Move (03/08): “O socialismo democrático, explicado por uma socialista democrática“, por Meagan Day (em inglês)
Eu sou um escritor da equipe da revista socialista Jacobin e membro da DSA, e aqui está a verdade: no longo prazo, os socialistas democráticos querem acabar com o capitalismo. E queremos fazer isso seguindo uma agenda de reformas hoje, em um esforço para reviver uma política focada na hierarquia de classes e na desigualdade nos Estados Unidos. O objetivo final é transformar o mundo para promover as necessidades de todos, em vez de produzir grandes lucros para um pequeno grupo de cidadãos.
Rebelion.org (05/08): “Os progressistas dos EUA tentarão recuperar o apoio da classe trabalhadora“, por Thomas Frank (em espanhol)
Para derrotar a direita será necessária uma estratégia que faça mais do que esperar que um imbecil seja um desastre no Salão Oval. É preciso haver um plano para desafiá-lo ativamente e reverter a situação, para que seja possível voltar a atrair aqueles eleitores da classe trabalhadora que durante décadas foram dando as costas para o Partido Democrata. Acabou-se o tempo para a feliz fantasia de um centrismo de “despacho” baseado na competência profissional de seus membros.
Atentado contra Maduro na Venezuela
Rebelion.org (05/08): “A única saída?“, por Victoria Korn
A direita não encontra saídas, ante sua total decomposição e desarticulação, onde se seguem enfrentando duas tendências: os que buscam um caminho de diálogo, concertação e negociação e outro que, desde a emergência de Hugo Chávez em 1999, trata de aniquilar por qualquer meio a Revolução Bolivariana, e conta, como já se demonstrou em múltiplas oportunidades, de apoios logísticos, comunicacionais e sobretudo financeiros de Washington, Bogotá e Madrid, e de apoios políticos desde a secretaria-geral da OEA e dos governos do chamado Grupo de Lima.
Portal da Esquerda em Movimento (04/08): “Repudiamos o atentado de 4 de agosto“, por Marea Socialista (em espanhol)
Marea Socialista condena e repudia o atentado denunciado pelo governo nacional contra a pessoa do presidente Nicolás Maduro. Pensamos que a consumação de atos terroristas só busca e pode trazer mais caos e violência para a população e para o país. As consequências que podem sobrevir a intentonas como esta, longe de propiciar soluções para a situação de crise e autoritarismo que sofre o povo, o que podem trazer é mais padecimentos, mais restrições às liberdades democráticas e mais repressão.
Aporrea (07/08): “Pepe Mujica espera que o atentado contra Maduro não desate uma caça às bruxas” (em espanhol)
Mujica assinalou que atualmente se está numa ‘época muito moderna’ onde não se deve estranhar que os drones sejam utilizados para estes fins. “Espero que este acontecimento não desate uma caça às bruxas e que não prospere esse tipo de coisas que no fundo não resolvem nenhum problema, apenas os agrava”, sublinhou o ex-mandatário e atual senador uruguaio. Por outro lado, Mujica afirmou estar preocupado com o momento latino-americano e com o mundo ocidental, atribuindo a responsabilidade ao problema de fundo à economia transnacional “que tem uma taxa de crescimento que o conjunto da gente não pode medir”.
Crise política no Peru
Nuevo Perú (01/08): “Referendo e Assembleia Constituinte com o povo“, por MNP (em espanhol)
Apenas a mobilização popular, a organização e o envolvimento ativo das e dos peruanos pode assegurar a recuperação do país e a vitória na batalha contra os corruptos que hoje sequestraram nossa Pátria. O fujimorismo e os grupos de poder econômico estão trabalhando também para se recompor, para não perder seus privilégios. Fazemos um chamado a todas as forças democráticas, às organizações populares, sindicatos, grêmios estudantis, organizações indígenas e de mulheres a impulsionar as mudanças que o país necessita.