Os multimilionários cada vez mais ricos. Como nunca antes na história da humanidade
Os multimilionários ganharam mais dinheiro em 2017 do que em qualquer outro ano documentado na história.
Os multimilionários ganharam mais dinheiro em 2017 do que em qualquer outro ano documentado na história. Os mais ricos da Terra aumentaram sua riqueza em um quinto, até os 8,9 bilhões de dólares, segundo um informe do banco suíço UBS.
As fortunas dos super-ricos de hoje têm aumento em um ritmo muito mais alto desde o começo do século XX, quando famílias como os Rothschild, Rockefeller e Vanderbilt controlavam imensas riquezas. O informe, do UBS e da contadora PWC, relata que há tanto dinheiro nas mãos dos ultrarricos que está se criando uma nova fornada de ricos e poderosas famílias por várias gerações.
“O últimos 30 anos viram muito mais criação de riqueza que a Era Dourada”, apontou o informe UBS sobre milionários de 2018. “Esse período criou gerações de famílias nos EUA e na Europa que influenciaram os negócios, a banca, a política, a filantropia e as artes durante mais de 100 anos. Com a riqueza preparada para ser transferida pelos empreendedores a seus herdeiros nos próximos anos, estão sendo criadas as famílias de várias gerações do século XXI”.
O 2.158 multimillonários do mundo fizeram crescer sua riqueza combinada em 1,4 trilhão de dólares no último ano, mais que o PIB da Espanha ou da Austrália, enquanto os mercados financeiros em alta ajudaram aos já muito ricos a conseguir o “maior crescimento absoluto de todos os tempos”.
Mais de 40 dos 179 novos multimilionários criados no ano passado herdaram sua riqueza, e dado o número de multimilionários acima de 70 anos, os autores do informe esperam que outros 3,4 trilhões sejam legados durante os próximos 20 anos.
“Começou-se uma grande transição de riqueza”, diz o informe. “Durante os últimos cinco anos, a quantidade passada entre os multimilionários falecidos aos beneficiários cresceu numa média de 17% a cada ano, alcançando os 117 bilhões de dólares em 2017. Somente neste ano, 44 herdeiros receberam mais de 1 bilhão de dólares cada um”. C
“O cálculo é simples. Há 701 multimilionários acima dos 70 anos, cuja riqueza será passada a seus herdeiros e para a filantropia durante os próximos 20 anos, dada a probabilidade estatística de esperança de vida média”. Os 30 septuagenários ou mais velhos de maior riqueza têm um valor líquido combinado de mais de 1 trilhão de dólares.
David Rockefeller, o último neto do fundador da Standard and Oil, Jonh D. Rockefeller (que se converteu no primeiro multimilionário do mundo em 1916), morreu no ano passado aos 101 anos com uma fortuna de 3,3 bilhões. Um leilão da arte e das antiguidades colecionadas por sua mulher – incluindo peças de Monet, Matisse e Picasso – angariou mais de 832 milhões para organizações de caridade que eles apoiavam.
O UBS afirmou que já não é válido o provérbio segundo o qual a primeira geração faz a fortuna, a segunda a preserva e a terceira a desperdiça. Algumas famílias conservaram enormes fortunas durante cinco ou seis gerações, e alguns de seus herdeiros inclusive aumentaram a fortuna total, segundo o relatório.
“Trabalhamos com nossos clientes multimilionários, muitos da seguinte geração parecem muito motivados, comprometidos com suas carreiras escolhidas, o negócio familiar ou fazendo filantropia”, de acordo com o relatório.
Um multimilionário disse aos pesquisadores: “A nova geração, nascida na era da internet, está mais disposta a correr riscos. Têm mais informação e podem ser mais valentes ao provar novas ideias e ser empreendedores”.
Um herdeiro multimilionário de 30 anos disse: “Creio que a minha geração quer alcançar uma vida mais holística e se desfazer de algumas das hipocrisias das gerações anteriores. Queremos ter lucros mas com impacto. Nossos investimentos deveriam refletir quem somos e no que acreditamos”.
No entanto, nem toda a vasta riqueza possuída por anciãos multimilionários será transferida para seus filhos, porque muitas das pessoas mais ricas do mundo se inscreveram no Giving Pledge (Compromisso de doação) para dar ao menos a metade de sua riqueza para a caridade.
Mais de 180 pessoas se registraram no projeto desde que este foi lançado por Bill Gatter, de 62 anos, a segunda pessoa mais rica do mundo com uma fortuna de 95 bilhões, e por Warren Buffet, de 88 anos, o terceiro mais rico com 84 bilhões de dólares.
A pessoa mais rica do mundo, Jeff Bezos, que tem uma fortuna com um valor líquido estimado em 146 bilhões, mais que qualquer outra pessoa na história, não se inscreveu no compromisso. Criou no mês passado o Bezos Day One Fund, um plano de 2 bilhões de dólares para ajudar a abordar a carência de lares e melhorar a educação dos filhos em famílias de baixa renda.
A pessoa mais rica no Reino Unido é Sir Jim Ratcliffe, o fundador e presidente-executivo da companhia petroquímica Ineos e um famoso brexiter, que tem uma fortuna estimada em 21 bilhões de libras. Ratcliffe está se preparando para trocar a Grã-Bretanha por Mônaco, território livre de impostos, somente alguns meses depois de ter sido nomeado cavalheiro por seus serviços prestados aos negócios e aos investimentos.
Ratcliffe não se juntou ao Giving Pledg. Sua maior contribuição pública foi uma doação de 25 milhões de libras para London Business School, a qual rebatizou “Ratcliffe” ao edifício principal desenhado por John Nash.
A maioria dos multimilionários do mundo está nos Estados Unidos, mas o número de gente ultra rica está crescendo rapidamente na China, onde dois novos milionários são registrados a cada semana. “Há doze anos, o país mais populoso do mundo era o lar de 16 multimilionários”, observou o informe. “Hoje, enquanto progride o “Século Chinês”, o número é de 373, quase um quinto do total global”.
Um multimilionário chinês disse aos pesquisadores: “Em nenhum outro lugar do mundo, você poderá encontrar melhores condições de crescimento que na China. O progresso continuado de criação de riqueza se apoia nas políticas do governo que liberalizam a economia, enquanto que a urbanização e um modelo de negócio disruptor vêm criando poderosos novos empreendedores”.
Artigo originalmente publicado no jornal The Guardian.