Revolta no Iraque já fez mais de 250 mortos

Os protestos contra o governo iraquiano prosseguem desde o início de outubro.

Esquerda.net 11 nov 2019, 19:30

Mais de um mês após o início das manifestações na Praça Tahrir, em Bagdad, os protestos que pedem a queda do governo não dão sinais de abrandar. Mas a repressão também não e desde 1 de outubro já morreram 250 pessoas. A praça voltou a acolher este sábado dezenas de milhares de manifestantes em protesto contra a corrupção, o desemprego e a falta de serviços públicos. Na mira dos manifestantes está o governo, mas também o vizinho Irão, acusado de usar a sua influência junto do governo de Bagdad para prosseguir a política de pilhagem de recursos do país, enquanto o povo continua na miséria.

A resposta das forças policiais foi brutal, dispersando a multidão com gás lacrimogéneo mas também com foto real. Uma pessoa morreu e 88 ficaram feridas, segundo relatos na Associated Press. No domingo, o presidente Barham Saleh fez um discurso a declarar o seu apoio a eleições antecipadas e afirmou que o primeiro-ministro Adel Abdelmahdi estaria disposto a sair, caso houvesse consenso entre os partidos para o substituir no quadro da Constituição.

Mas bastaram poucas horas para o primeiro-ministro vir desmentir o presidente. Esta segunda-feira, Abdelmahdi assegurou que “chegou o momento para a vida voltar à normalidade”. Mas a greve geral convocada para este dia, os cortes de estradas junto às principais instalações petrolíferas e os protestos nas ruas de muitas cidades do país não auguram que se venha a concretizar o desejo do líder do governo.

Também esta segunda-feira, a repressão dos manifestantes numa ponte na capital iraquiana fez sete mortos, segundo a agência Efe, citando fontes do Ministério do Interior. Na noite de domingo, a cidade santa de Kerbala assistiu a confrontos entre polícia e manifestantes que tentavam entrar no consulado do Irão. A polícia respondeu a tiro, matando três pessoas, segundo a Comissão de Direitos Humanos iraquiana, números desmentidos pelo Ministério do Interior.

Nas ruas de Bagdade e outras cidades, vive-se uma situação que se assemelha a uma revolução. Segundo a agência France Presse, em vez da polícia, são grupos de populares que fazem postos de controlo nas ruas às viaturas que passam. Em frente aos Conselhos regionais de muitas cidades no sul do país pode ler-se em faixas colocadas à entrada “Esta administração encontra-se encerrada por ordem do povo”. Numa delas, Diwaniya, a 200 quilómetros a sul de Bagdad, a entrada do edifício do governo foi mesmo transformada numa lixeira, com os camiões do lixo e muitas pessoas a depositarem ali os seus sacos do lixo.

Mesmo antes de os professores terem declarado greve, já os jovens estudantes tinham saído das escolas. “Não há país, não há escola!”, grita nas manifestações a chamada “geração PUBG”, assim batizada a partir do jogo eletrónico de combate “Playerunknown’s Battlegrounds”, que o parlamento resolveu proibir por entender que incita à violência num país já devastado por décadas de conflito.

O apoio do Irão às milícias e partidos xiitas no Iraque após a queda de Saddam Hussein em 2003 contribuíram para aumentar o peso político de Teerão nos destinos dos iraquianos. Por isso, os manifestantes responsabilizam o país vizinho pela corrupção e incompetência dos sucessivos governos do Iraque. Na semana passada, Teerão apelou ao adiamento das viagens dos iranianos ao Iraque até que estejam reunidas condições de segurança.

Artigo originalmente publicado no Esquerda.net.

TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 21 dez 2024

Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro

A luta pela prisão de Bolsonaro está na ordem do dia em um movimento que pode se ampliar
Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi