COP 25: Passar da decepção à ação

A cúpula climática de Madri COP25 decepcionou os jovens, os países que mais sofrem e a cidadania mundial.

La Aurora 21 dez 2019, 20:41

Editorial de La Aurora

A cúpula climática de Madri COP25 decepcionou os jovens, os países que mais sofrem e a cidadania mundial. A duras penas, e somente sob a pressão da maior mobilização já vista numa cúpula climática, se mantiveram os objetivos da cúpula de Paris de 2015. Mantido!!!… E tudo, sob a mesma linguagem enganosa, hipócrita, que permite “salvar a cara” de governos dos Estados mais poderosos e contaminantes, enquanto chutam a bola para frente, cúpula atrás de cúpula.

No acordo final “se exorta aos países para aproveitar a oportunidade em 2020”. Hipocrisia e engano na Cúpula. Como o do monopólio energético ENDESA, a empresa mais contaminante do estado espanhol; Santander e BBVA, bancos dos que mais investiram em combustíveis fósseis ou Volkswagen, multinacional implicada no dieselgate, que usaram o evento para “lavar de verde” sua imagem. As ilhas Marshall, próximas de serem tragadas pelo mar, Greenpeace ou 350.org, ressaltaram sua decepção e indignação em relação a uma COP que consideram que “se ligou aos interesses das empresas contaminantes” e ao “lobby dos combustíveis fósseis”. Enquanto essas grandes corporações capitalistas gozavam de um espaço privilegiado na COP, eram expulsos cem ativistas por protestar contra a inação dos governos. Essa é a realidade dessas Cúpulas.

Decepção. Essa é a palavra que mais corresponde a essa Cúpula. Mais que em nenhuma outra – e a extraordinária duração e alargamento das conversas o tornaram ainda mais evidente – ao final da Cúpula os compromissos ficaram vazios de conteúdo. De Cúpula em Cúpula climática, os governos atuam como autômatas seguindo ordens dos lobbies, adiando a tomada de qualquer decisão importante, fazendo caso omisso ao cada vez maior clamor popular e da ciência.

O motivo de fundo é que o sistema não permite a tomada de decisões que atentam contra os grandes interesses privados. O capitalismo necessita seguir a depredação do planeta terra, da natureza e dos seres humanos, para poder ele continuar sobrevivendo. Sua forma de sobreviver é manter uma classe dominante, cada vez menor e mais rica. Esse é seu crescimento. É manter privilégios que significam a morte da maioria das espécies e parte da humanidade. E nenhum argumento científico, dados objetivos, incêndios, furacões, ou razão humanitária lhe vai fazer mudar: acima de tudo aumentar o lucro privado. Inclusive “pintando-o de verde”.

Contudo, essa Cúpula foi provavelmente também o ponto mais alto de consciência da humanidade: com esse sistema vamos ao desastre, à aniquilação da vida no planeta. Dizem isso já milhões de jovens em todos os continentes. Diz isso a imensa maioria dos cientistas. Dizem isso o ecofeminismo e muitas organizações feministas. Dizem isso muitas associações de bairro frente às contaminações. Dizem isso e batalham. Mas ainda falta que o conjunto de sindicatos, organizações trabalhadoras e populares, a própria esquerda política, entrem a fundo nessa batalha e vejam que depende de todas que realmente mudem as coisas, ou das COP do clima, onde os governos dos principais Estados capitalistas e imperialistas bloqueiam as medidas que atentam contra “o desenvolvimento” e mercado capitalista.

Faz falta uma transição energética justa. Os monopólios energéticos e seus Estados a bloqueiam. Faz falta uma agricultura e pecuária ecológica e adaptada a cada país e continente. Os monopólios agroalimentares a bloqueiam, expulsam e matam de fome milhões de camponeses pobres. Faz falta passar do consumismo atual ao desfrute da vida por si mesma. Faz falta passar de uma mobilidade e transporte insustentável a outra concepção das cidades e equilíbrio entre cidade e campo. Faz falta mudar o conceito de Trabalho para este não seja a exploração do mercado, mas o gozo da atividade criativa para o bem comum.

Tudo isso é necessário para mitigar o clima e mantê-lo por debaixo do crescimento de 1,5 grau. Ou seja, temos que passar à ação, à coordenação de lutas, de esforços, de vontades e de ações criativas desde todos os âmbitos da sociedade, nos impor acima do capitalismo e seus governos títeres. Mudá-los, renovar a política para começar a planejar Estados e sociedades de transição rumo ao socialismo: o bem comum e a harmonia com a natureza. A ciência, a juventude e as futuras gerações nos dizem que devemos começar a fazer isso… agora!

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Camila Souza