Por que devemos ir às ruas no domingo?

A manifestação não é o gatilho de um golpe, ela é a trava dos golpistas.

Fernanda Melchionna 4 jun 2020, 15:17

A emergência das manifestações antifascistas no Brasil se combina com a rebelião negra e popular do EUA. Dessa forma, houve um impulso dos movimentos antifascistas e antirracistas brasileiros pela disposição de luta que vem do Norte. Domingo pode ser um dia de grandes mobilizações.

As semelhanças entre estes processos de luta nos dois países estão longe de ser mera coincidência. Como no Brasil, os EUA têm um governo negacionista, autoritário e ultraliberal. Prioriza a saúde dos mercados à saúde das pessoas. Volta sua carga ideológica contra as populações oprimidas e, ao negar as orientações científicas para o combate à pandemia, é culpado pelos altíssimos números de vidas perdidas em ambos países. Da mesma forma, nos dois países são os negros e moradores da periferia as grandes vítimas da crise, da pandemia e da polícia.

A base social de ambos governos se apoia em machistas, racistas, xenófobos, LGBTfóbicos, fanáticos, fundamentalistas e violentos. Uma base ainda desorganizada, mas suficientemente perigosa.

Frente à fragilidade de Bolsonaro, estes grupos se recrudesceram e se radicalizaram. As ruas estavam vazias, a maioria estava cumprindo com sua responsabilidade histórica e humana de preservar vidas. O movimento capitaneado pelas torcidas antifascistas e amplificado pelos movimentos negros país afora colocaram a bola novamente no meio do campo, em termos de correlação de forças. As ruas são o lugar dos direitos, não dos privilégios. Não podemos aceitar manifestações análogas às da KKK, organização que queimava negros vivos nos EUA e não podemos aceitar a continuidade do genocídio que atinge a população negra no Brasil. Isso não é aceitável e se o Estado não tem capacidade ou vontade de impedir, ou pior: se é ele o executor dessa política, nós devemos fazê-lo. É uma obrigação. Nada deste estilo deve ser naturalizado como aceitável.

Porém, as instituições brasileiras estão contaminadas de paralisia frente ao perigo que representa apologia à tortura, como foi caracterizado o AI-5, sendo feita livremente nas ruas com a presença do presidente. São ameaças, não apenas intenções. É preciso pará-los. E tem que ser nas ruas, como sempre só restaram elas.

Nesse momento, nossa manifestação tem um duplo significado. Ela é solidariedade com a rebelião negra nos EUA, que nos inspira e nos compete. O internacionalismo é, antes de tudo, solidariedade ativa entre os povos. A manifestação também é força para enfrentar um governo racista, genocida, miliciano, irresponsável e com predisposição golpista em nosso próprio país. Ela não é o gatilho de um golpe, ela é a trava dos golpistas. Por isso não há dúvidas de onde devemos estar no domingo. Com todos os cuidados necessários, de máscara, com a solidariedade que nos define, estaremos nas ruas contra o governo e seus fanáticos.

Artigo originalmente publicado no site da autora.

TV Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti

O PL da Uber é um ataque contra os trabalhadores!

O projeto de lei (PL) da Uber proposto pelo governo foi feito pelas empresas e não atende aos interesses dos trabalhadores de aplicativos. Contra os interesses das grandes plataformas, defendemos mais direitos e melhores salários!

Greve nas Universidades Federais

Confira o informe de Sandro Pimentel, coordenador nacional de educação da FASUBRA, sobre a deflagração da greve dos servidores das universidades e institutos federais.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 21 abr 2024

As lutas da educação e do MST indicam o caminho

As lutas em curso no país demonstram que fortalecer a classe trabalhadora é o único caminho para derrotar a extrema direita
As lutas da educação e do MST indicam o caminho
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 48
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão