Belford Roxo: por uma alternativa de esquerda que não se venda

A necessidade de renovação política é gritante.

Na última sexta feira, 7 de agosto, o Diretório Nacional do PT confirmou a posição que tinha sido aprovada semanas atrás no diretório municipal do município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense: o apoio à candidatura do atual prefeito Waguinho (MDB), notório apoiador de Jair Bolsonaro. O mesmo que recebeu, dias atrás, Flávio Bolsonaro e o ministro Rogério Marinho para a inauguração de obras eleitoreiras. Obras necessárias, mas que não foram feitas nos 4 anos de mandato do atual prefeito.

São bem conhecidas a prática de usar os partidos políticos como legendas de aluguel. Essa prática inclui negociar o apoio a um candidato em troca de cargos no governo, deixando de lado as lutas por melhorias nas condições de vida do povo. Ao contrário, esses apoios são dados em troca de benefícios para um punhado de pessoas. São práticas da velha política e é exatamente disso que o povo está farto! É isso que a juventude que saiu às ruas em 2013, e que permanece mobilizada na luta por direitos, queria e quer mudar.

O prefeito de Belford Roxo é o responsável por paralisar as obras do único Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Belford Roxo, que oferece cursos técnicos gratuitos, e que poderia garantir cursos de ensino superior gratuitos de primeira qualidade. Após diversas justificativas para esse enorme arbitrariedade e injustiça com a juventude de Belford Roxo e da Baixada, assim como para com suas famílias, a última desculpa é que retiraria o IFRJ para a construção de um Hospital da Mulher (há quatro meses do fim do seu mandato!).

Poderíamos ter o IFRJ ao mesmo tempo que um hospital da mulher, a melhoria do hospital local, o Joca, e os vários equipamentos de saúde pública que não existem e são direito da população. Isso poderia ter sido feito nos seus quatro anos de mandato, marcado pela perseguição ao Instituto Federal, a destruição de creches e do simbólico portal da cidade, entre outra tantas arbitrariedades.

Graças ao prefeito Waguinho, Belford Roxo perdeu sua creche modelo, teve restritas as possibilidades de que o Instituto Federal pudesse atender com dignidade cerca de 2 mil estudantes de nível médio, técnico e superior, tendo hoje apenas um prédio transitório e condições precárias.

Outra marca do prefeito é a perseguição religiosa. Recentemente, no dia 11/07, mais uma dessas ações de perseguição foi gravada: a prefeitura mandou escavar um buraco na frente do templo de candombé Ilê Ase Obá Aganju Otum Nilê, no bairro Jardim Bom Pastor.

É conhecida e propalada a ligação de Waguinho e seu governo com o presidente Jair Bolsonaro, o principal culpado pelas mais de 100 mil mortes de brasileiros e brasileiras. E, por aqui, a pandemia atingiu o município de forma drástica. Belford Roxo contava apenas com 10 leitos de UTI no começo da pandemia, e não houve nenhuma política para diminuir a circulação e garantir o isolamento social para os que mais precisam. Ao mesmo tempo, a cidade está tomada pelo crime organizado e as milícias, e não há qualquer política que gere saídas para esse problema a médio ou longo prazo.

A necessidade de renovação política é gritante, mas o sistema tem a capacidade de absorver e cooptar com dinheiro, degenerando a boa vontade de algumas pessoas e as tornando parte dessa maquinaria de exclusão social. Esse sistema corrupto tem que ser mudado pela raiz.

Por isso, nós do PSOL achamos que só é possível fazer a mudança com a construção de poder popular, organizando a juventude e os trabalhadores para fazer uma revolução política que tire os donos do poder e que crie uma gestão democrática da cidade. Essa revolução será protagonizada por mulheres, por negros e negras, respondendo ao interesse dos 99% contra o 1% que só dificulta nossas vidas para continuar lucrando bilhões às custas do povo.

No momento em que um partido se volta contra os trabalhadores – especialmente aquele que se autodenomina “dos trabalhadores”, é a hora de construir um outro partido independente das articulações da velha política com as elites. Assim como fizeram os “radicais do PT” Heloisa Helena, Luciana Genro e Babá em 2003, quando o PT lançou uma reforma da previdência que ia contra os aposentados. Esses parlamentares votaram contra essa reforma cruel e por isso foram expulsos. E foram eles que fundaram um partido independente: o PSOL.

A situação política local e nacional é uma calamidade, e o primeiro passo para mudar a situação é derrotar o bolsonarismo em todos os níveis: a nível nacional com a urgência do impeachment para salvar vidas, e a nível local combatendo a eleição dos candidatos que fortaleçam o campo governista. Para isso, temos que oferecer uma alternativa que proponha uma mudança radical. Chamamos todos os lutadores e lutadoras honestos, e principalmente a juventude, as mulheres, os negros e negras, a construir o PSOL como uma alternativa dos de baixo contra os poderosos de sempre.


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Pedro Micussi