As duas tarefas do PSOL
Derrotar Bolsonaro e apresentar uma alternativa independente para o Brasil com Glauber Braga!
A conjuntura política do país converge para a responsabilização do governo Bolsonaro pelo genocídio em curso. A CPI da Covid-19 no Senado tem desnudado os esquemas criminosos para evitar a vacinação e a perseguição, pelo governo, da “imunidade de rebanho” como estratégia desde o início da pandemia, levando à morte centenas de milhares de brasileiros. Novos fatos revelados, como o “orçamento secreto” e a canetada que elevou em até 67% os vencimentos dos ministros, geraram ainda mais indignação. A última pesquisa de opinião Datafolha, por sua vez, apontou que o desgaste de Bolsonaro ampliou-se e cresce a perspectiva de enfrentamento ao governo. Bolsonaro ataca o povo e busca restringir direitos democráticos, usando a Polícia Federal como instrumento político, além de seguir a cartilha de Guedes de mais ajuste, mais desemprego e inflação.
Na vizinha Colômbia, a rebelião popular já dura quase um mês comovendo toda a região. A partida entre Atlético Mineiro e América de Cali pela Copa Libertadores, transmitida para todo o país, foi interrompida mais de cinco vezes por conta dos gases e bombas, na repressão ao protesto do dia nacional de lutas na Colômbia. Aqui no Brasil, ainda que sigamos na defensiva, um novo clima começou a manifestar-se nos protestos da semana. O ato do 13 de maio foi forte em São Paulo e em diversas capitais, e a luta contra os cortes nas universidades promete levar o ativismo para rua. Qual o lugar do PSOL diante dessa conjuntura? Nesse editorial, tratamos das tarefas do partido em relação à luta externa e a seus debates internos.
Nossa primeira tarefa: toda força para derrotar Bolsonaro!
A mais recente pesquisa Datafolha revelou a aprovação cadente de Bolsonaro, que se encontra em seu patamar mais baixo: apenas 24% dos entrevistados consideram o governo “ótimo” ou “bom”. O contraste com os que o desaprovam é notório: 45% dos entrevistados afirmaram que o governo Bolsonaro é “ruim” ou “péssimo”. As mulheres, a negritude e os mais jovens encabeçam a rejeição ao governo.
A CPI da Covid-19 no Senado, por mais limitada que seja, trouxe para o centro da conjuntura as debilidades do governo e sua impossibilidade de responder às acusações. O depoimento de Fabio Wajngarten foi marcado pelas mentiras, que quase levaram a um pedido de prisão em plena CPI. O depoimento do executivo da Pfizer, Carlos Murillo, revelou o descaso do governo com sucessivas ofertas de vacinas. Ao mesmo tempo, vai ficando evidente que Bolsonaro organizou um “gabinete paralelo”, com participação de seu filho Carlos Bolsonaro, para promover o uso de cloroquina, sabotar as iniciativas de isolamento social e espalhar propaganda negacionista, com o objetivo de alcançar a chamada “imunidade de rebanho” e não paralisar setores econômicos.
Diante das revelações, Bolsonaro joga com toda a força para proteger-se – o que ficou evidente no caso do “orçamento secreto”, que alguns analistas apelidaram de “tratoraço”, além do escárnio da portaria que aumenta os vencimentos de ministros e do próprio presidente (em alguns casos, em 67%) num cenário de fome e desemprego assolando as grandes cidades do país.
Do ponto de visto do movimento de massas, há uma necessidade de voltar às ruas com todos os cuidados sanitários. A luta do movimento negro organizado, nas manifestações de 13 de maio, mostrou a disposição para o retorno às ruas. Com forte crítica ao massacre de Jacarezinho na semana anterior, os atos tiveram lugar em todo o Brasil, com destaque para São Paulo, onde se reuniram cerca de cinco mil pessoas. A luta contra os cortes nas universidades também marcou presença na semana. Um protesto, durante visita do ministro da educação a Porto Alegre, terminou duramente reprimido, com a prisão de três dirigentes do DCE da UFRGS, militantes também do PSOL. A UFRJ saiu às ruas nesta sexta-feira (14), num ato que reuniu milhares de pessoas. O clima nas ruas está esquentando.
É preciso conectar as lutas com a batalha geral pela saída do genocida, por meio da luta pelo impeachment. Por isso, a tarefa primeira de toda a militância do PSOL é somar forças para enfrentar Bolsonaro, em apoio à luta das universidades e com a convocatória de um ato nacional para 29 de maio.
O lugar do PSOL: afirmar uma alternativa independente
Há um novo quadro político: as pesquisas têm indicado uma mudança no ânimo do eleitorado, com Bolsonaro perdendo a dianteira das pesquisas e Lula transformando-se em favorito para a eleição de 2022. Mas Lula utiliza sua localização para costurar acordos com setores da direita, como se viu nas últimas reuniões com José Sarney, acenos para Renan Calheiros e Jader Barbalho, para o PSD de Gilberto Kassab e Eduardo Paes, além de outros personagens da política tradicional.
Com a discussão eleitoral começando a ganhar corpo, por seu papel e responsabilidade, o PSOL não pode se furtar de discutir uma política. O partido encontra-se em debate para seu VII Congresso Nacional. A tese do Movimento Esquerda Socialista, construída por milhares de militantes psolistas em todo o Brasil, defende que o PSOL se apresente de forma independente, com candidatura própria e um programa anticapitalista. Isso não significa abrir mão do centro da tática expresso na luta para derrotar Bolsonaro nas ruas e nas eleições. Nossa prioridade é a luta pelo impeachment e, no terreno eleitoral, inclusive, definimos previamente que apoiaremos no segundo turno qualquer candidato que enfrente Bolsonaro.
Há companheiros e correntes do PSOL que argumentam não ser o momento de debater e apresentar a política nacional de nosso partido, porque isso “dividiria” a esquerda, enquanto se articulam nos bastidores conversas para chapas estaduais e alianças eleitorais. Pensamos de modo oposto: é preciso abrir espaço para que a militância possa debater e decidir os rumos do PSOL nas lutas de hoje e em 2022. É papel de nosso partido apresentar um perfil independente da velha conciliação lulista e de negociações com a direita. O PSOL deve enfrentar a destruição dos direitos da classe trabalhadora e do povo brasileiro, apresentando um programa de combate à destruição nacional e à pilhagem neoliberal. O lançamento da pré-candidatura do companheiro Glauber Braga é um passo decidido para que o PSOL apresente suas posições para o Brasil.
Glauber Braga pré-candidato a presidente: por um Brasil igualitário, socialista, democrático e soberano
Nessa semana, foi lançado o manifesto em apoio à pré-candidatura de Glauber Braga à presidência da República pelo PSOL. Impulsionado pelo MES e por mais de 20 organizações políticas internas do PSOL, o manifesto foi assinado por Luiza Erundina e pela maioria da bancada federal do PSOL, além de fundadores e dirigentes do partido como Milton Temer, Luciana Genro, Ricardo Antunes, Babá, Plínio Sampaio Jr., Berna Menezes, entre mais de três mil apoiadores.
O manifesto apresenta “aos militantes do PSOL, a suas instâncias, e ao conjunto da sociedade, o nome do deputado Glauber Braga, parlamentar expressivo das bancadas de oposição no Congresso Nacional, como representante deste campo, em diálogo a ser estabelecido com outras forças políticas da oposição de esquerda ao governo Bolsonaro, na condição de pré-candidato à Presidência da República”. O documento indica diretrizes programáticas muito sólidas, como a revogação das medidas neoliberais, como o teto de gastos, a estatização do sistema financeiro, a luta por outro modelo político e social ancorado na mobilização da classe trabalhadora e da juventude, a luta contra o genocídio do povo negro, o apoio ao programa histórico do movimento de mulheres pelo aborto legal e seguro, bem como diversas medidas de caráter transicional.
Nas próximas semanas, a militância do MES estará engajada na construção das lutas pelo “Fora, Bolsonaro”, por vacinação, auxílio emergencial digno e combate à pandemia. Em conjunto com nossos companheiros do PSOL, queremos construir uma alternativa independente para o Brasil com Glauber Braga pré-candidato a presidente.