Amanhã estaremos nas ruas pelo Fora Bolsonaro e defendendo a unidade para seguir com mais força
Roberto Robaina escreve sobre os atos do dia 07 de setembro e a necessidade da retomada de ações de rua com as forças da classe trabalhadora.
No 7 de setembro, Bolsonaro dará uma demonstração de forças nas ruas. As mobilizações da extrema direita de São Paulo e de Brasília devem ser fortes. Não será uma surpresa, já que foram preparadas há mais de um mês, tendo muito dinheiro empenhado na sua convocatória e diante da decisão de centralizar nestas duas cidades seus esforços militantes.
A força da ação da extrema direita, porém, estará muito longe de indicar uma mudança na relação de forças à favor de Bolsonaro. O isolamento do presidente corrupto e genocida aumentou, não diminuiu. Ainda tem sustentação no congresso nacional, mas respaldado nas bases do centrão não em suas próprias forças parlamentares . E tal sustentação tem validade para que não seja derrubado, não para enfrentar o STF. Aliás, nenhuma ação efetiva será tentada neste dia contra as instituições da democracia dominadas pela burguesia. Não ousarão ir além do discurso. Bolsonaro teme não apenas ser deposto, mas ser preso ou ver seus filhos presos. Evitar tal desfecho está mais proximo dos objectivos reais da mobilização do que uma orientação ofensiva de golpe. Mas a demonstração de força não tende nem mesmo a reverter está dinâmica de desgaste do governo. Passado o dia 7 de setembro, o cenário da pandemia, do desemprego, do aumento dos preços em geral e da energia em particular, da possibilidade de racionamento, é o que seguirá se desdobrando. Será também o cenário das denúncias de corrupção do governo e de descontentamento social contra Bolsonaro. Nada disso será alterado. A fraqueza será ainda a marca do governo e a possibilidade de derruba-lo estará na pauta.
Amanhã, então, será um dia em que a força do bolsonarismo aparecerá mais do que sua fraqueza. A aparição desta força não deve, por suposto, ser subestimada. A extrema direita levantou a cabeça e está no governo. O poder executivo tem força de atração e instrumentos de sustentação. O golpismo é uma política do próprio governo. Ocorre que Bolsonaro não teve a capacidade de usar o poder executivo para hegemonizar a classe dominante. Suas orientações produziram uma divisão irreversível. Parte importante da burguesia resolveu, depois de muitas tentativas de conciliação e coabitação, enfrentá-lo. Daí a simpatia que ações de ministros do Supremo, por exemplo, despertam em milhões com consciência democrática.
Para quem sustenta, entretanto, que as forças da classe trabalhadora são as realmente consequentes para enfrentar e derrotar o fascismo, é fundamental a retomada de ações de rua bem preparadas. A convocação prévia de manifestações pelo Fora Bolsonaro para o dia 7, como ficou evidente, esteve muito aquém da preparação necessária e mesmo dos protestos anteriores. A ausência de um maior preparo por parte das forças que se reivindicam de esquerda pode fazer com que as mobilizações pelo Fora Bolsonaro sejam menores, é claro, do que as da extrema direita. Além do mais a extrema direita vai buscar inflar seus números. O fato é que poderá aparecer nas ruas durante um dia, no 7 de setembro, uma inversão da relação real de forças entre a oposição de rua ao governo e a extrema direita que o sustenta nas ruas. As forças da oposição de rua são muito superiores. Isso por um dia pode não ser visto. E é péssimo que ocorra, porque a extrema direita sem resposta cresce. Por isso não se pode aceitar nenhuma política que não queira mostrar a força dos trabalhadores e das correntes e partidos que se reivindicam de esquerda nas ruas; que não a convoque com determinação e de modo planejado; não se pode aceitar que apenas se aguarde a reação das instituições democráticas burguesas. Por isso também amanhã estaremos na rua firmes, apesar destes limites. Estaremos conscientes de que somos mais fortes, ainda que neste dia atuando na defensiva, como sempre sem aceitar provocações. E devemos estar nos preparando para convocar novas ações, inclusive demandando que as forças políticas da campanha Fora Bolsonaro tenham todas a consciência da necessidade de que o chamado às ruas é a unidade mais importante que deve nos orientar.