Seguir o exemplo de Volta Redonda: trabalhadores em luta por emprego e reajuste salarial
Os trabalhadores metalúrgicos da CSN mostram o caminho.
O Brasil vive uma das piores crises de todos os tempos. Com mais de 662 mil vítimas pela Covid-19, nesses últimos dois anos. Com uma das maiores taxas de desemprego dos últimos 20 anos, com uma inflação galopante e juros acima dos dois dígitos, a massa da população e a classe trabalhadora são duramente atingidos. Bolsonaro a todo momento com suas invectivas de fechar o regime e ameaçar com um golpe à democracia. A sociedade civil organizada através dos movimentos sociais e sindical, resistem e lutam pelos seus direitos. Um exemplo clássico é a luta dos metalúrgicos da CSN.
No dia de 06/04, cerca de 20 mil trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entraram em greve por reajustes salariais e melhores condições de trabalho. Tudo começou com os trabalhadores da CSN, em Congonhas (MG), que estão numa forte luta por PLR ( Participação nos Lucros e Resultados) e reajuste salarial. As paralisações ocorrem no terminal de carvão do Porto de Itagauí, na região metropolitana do Rio de Janeiro e também atraiu a atenção dos trabalhadores de outras unidades da CSN, como os que se encontram dentro da Usina em Volta Redonda. Lá os operários desencadearam uma série de paralisações e mobilizações.
No dia 07/04, os operários de Volta Redonda, contrariando a direção do sindicato e também da empresa que chegou a proibir – como nos tempos da ditadura – que a peaozada se reunissem na porta da empresa, juntaram-se ao movimentos trabalhadores que estavam dentro da Usina que foram em passeata até a sede do sindicato para desautorizar a direção pelega. De forma espontânea cerca de 50 operadores de manutenção da Usina fizeram com que as atividades do turno se fossem suspensas naquele dia as 15 horas.
A greve simultânea em três cidades tem por objetivo de pressionar a empresa a iniciar uma negociação de reajuste de salários, que não tem ocorrido no último período. A prática do presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, tem sido a de protelar com os trabalhadores, frente a uma direção dócil do sindicato, para evitar as perdas salariais.
Movimento surgido no chão da fábrica, os operários e operárias da usina entram na quarta semana, demonstrando coragem e força e enfrentando a intransigência e a agressividade da CSN que demitiu dezenas de membros da Comissão de Base, lideranças da greve, abandonados e traídos pela direção do sindicato. A Comissão de Base tem o respaldo do conjunto da categoria, ela coordenada o movimento no chão da fábrica e mantém erguida a pauta de reivindicações que é essa a seguir:
– Reintegração imediata dos demitidos;
– Reposição Salarial de 25%, mais aumento real;
– PLR de 25% dos dividendos;
– Fim do Banco de Horas e pagamento das horas extras;
– Cartão alimentação de R$800.00
– Plano de Saúde Nacional
A CSN apresenta outra proposta rebaixada e sem reintegração dos líderes da base da categoria
Na sexta-feira (22/04), a CSN e a direção traidora do sindicato anunciaram o resultado da nova rodada de “enrolação”. Confira a vergonha e compare com a proposta da Comissão dos Trabalhadores, a proposta rebaixada da CSN. Reajuste salarial:
– de 0 a R$ 3 mil: 11%;
– de 3 mil a R$5 mil : 9%
– até R$ 5 mil: 8%
– Cartão alimentação extra: R$ 800,00
– Abono: 75% do target
– Banco de horas – Cartão alimentação : R$ 800.00.
No ano passado a CSN obteve 13 bilhões de lucro. Enquanto isso o salário de um metalúrgico é de R$ 1.600.00. Na quarta feira dia (27/04) das 6h às 16h, os metalúrgicos da CSN estarão na praça Juarez Antunes para repudiar essa proposta indecorosa. Foi na praça Juarez Antunes que a peãozada obteve a primeira vitória contra a proposta da patronal, com mais de 99% dos votos contrários ao acordo coletivo que não atende os interesses dos operários. A luta dos operários da CSN serve de exemplo para todo o movimento operário brasileiro.
Em novembro de 1988 a invasão de Volta Redonda visando encerrar uma greve que reunia em assembleias praticamente diárias com mais de 50 mil pessoas, ou seja, toda a cidade e os movimentos sociais estavam comprometidos com a luta dos trabalhadores (as) da CSN e que depois de horas de confronto foram assassinados de forma brutal os operários Willian, Walmir e Barroso, com dezenas de presos e feridos, a greve continuou até conquistar todas as reivindicações e exigências. Esse legado permanece vivo! Viva os operários da CSN!