MES/PSOL participará da Caravana em Solidariedade aos Perseguidos na Nicarágua

MES/PSOL participará da Caravana em Solidariedade aos Perseguidos na Nicarágua

Movimento Esquerda Socialista será parte da caravana internacionalista que denunciará a ditadura Ortega/Murillo.

Antonio Cunha Neto 4 jul 2022, 13:13

Quando em 19 de julho de 1979 Frente Sandinista de Libertação Nacional – FSLN derrotou Anastasio Somoza, a maioria dos países sul-americanos estavam submetidos a ditaduras militares Brasil, Argentina, Chile, Paraguai etc. Vivíamos tempos de resistência e a Escola das Américas a pleno vapor treinando torturadores e assassinos com o Departamento de Estado colecionando vitórias contra a burocracia soviética em plena Guerra Fria.

Naquela ocasião, a vitória do Sandinismo foi a revanche de todos os povos latino americanos contra governos títeres do imperialismo estadunidense e dos interesses das oligarquias regionais. Militantes da esquerda revolucionária de todo o continente se alistaram em brigadas em apoio à revolução sandinista, era a segunda revolução triunfante!

Como num roteiro de filmes de ação de terceira categoria, Daniel Ortega – que assume o Governo respaldado pelo povo nicaraguense e pela esquerda mundial – se converte em seu mais brutal oponente e enterra o legado de Sandino e do Movimento Sandinista, se converte em um dos mais brutais e desumanos ditadores deste início de século persegue e prende oponentes e ex-camaradas. Pressionados pelos efeitos da crise econômica e pela necessidade de manter seus acordos com as oligarquias locais e como governo norte americano, em 2018 Daniel Ortega impõe uma dura reforma ao sistema previdenciário e o mal estar que já era grande resulta em fortes mobilizações dos aposentados que logo se converte em um levante de massas que passa a questionar governo e seus métodos, a reação de Ortega seu governo foi a mais dura e generalizada repressão contra o povo, mais de 300 mortos, centenas de presos e feridos. Ao interior da FSLN depurações e perseguições.

As mobilizações, sufocadas pela repressão, dão lugar a esperança de que nas eleições presidenciais previstas para 2021 pusessem fim à brutalidade estatal. ledo engano, meses antes do pleito, Ortega/Murillo iniciam uma nova caça às bruxas que não poupa nem mesmo os antigos camaradas de armas. Como nos processos de moscou Ortega e Murillo acusaram, condenaram e sentenciaram a prisão vários dos mais importantes comandantes da Revolução Sandinista (Dora Maria Mercedes, Comandante Dois, presa a mais de um ano de cárcere, sem direito a ver a luz do dia; Hugo Torres comandante um, morreu no cárcere sem direito a assistência médica; Mónica Baltodano vive no exílio, Zoilamérica Ortega Murillo, vitima de violência sexual vivie no exilia para não ser presa após denunciar os abusos cometidos pelo padastro), os candidatos oposicionistas (todos os candidatos com viabilidade eleitoral foram presos), e a partir de então qualquer pessoa que expressasse crítica ao governo foram presos.

Como a oposição silenciada ou presa Daniel Ortega e Rosario Murillo protagonizam a maior farsa eleitoral do país desde a derrota da ditadura de Anastasio Somoza. No Brasil PT e PCdoB celebram a farsa, no Chile a declaração do comitê central do PC chileno foi desautorizada pelo presidente eleito Gabriel Boric e por deputados do partido que tiveram que retirar a felicitação ao novo mandato.

Infelizmente parte importante da chamada esquerda democrática o campismo silencia diante das atrocidades cometidas pela Ditadura Ortega/Murillo, um silêncio conivente que vai desde a cúpula do PT ao Governo da Bolívia passando pelo também autoritário Nicolás Maduro, que como Ortega enterra o legado da revolução bolivariana.
Daniel Ortega não é apenas um ditador mais, não é apenas outro governo neoliberal de caráter autoritário que chegou ao poder por um vazio político ou por uma experiência frustradas com um governo do chamado campo progressista. Daniela Ortega e Rosário Murillo chegam ao governo e assumem o poder na nicarágua com o respaldo da esquerda Nicaraguense que lutou contra Somoza, das esquerda latino americana que derrotou ditaduras e golpes de estado, mas sobretudo Daniel Ortega chega o poder em nome da esquerda e do legado da revolução sandinista, seus crimes vão bem mais além das centenas de jovens assassinados pelo aparato de Estado, ou as perseguições a seus camaradas de armas. Com suas políticas de colaboração com o governo dos Estados Unidos (assinou o TLC, colabora com a DEA é o principal dique de contenção da onda migratória que assola o continente) entre outras políticas que atacam o direito do povo nicaraguense Ortega e Murillo enterram o legado da revolução sandinista e mancha com sangue a Bandeira libertária da esquerda revolucionária.

Felizmente nem toda a esquerda mundial está conivente ou ignora o curso autoritário de Ortega e as violações e atrocidades cometidas pelo governo. As declarações do Gabriel Boric e os posicionamentos públicos de Gustavo Petrus são apenas uma expressão de que não estamos sós na luta por um futuro de liberdade.

Nos próximos dias 06. 07 e 08 de julho uma delegação de internacionalista de vários países, encabeçada por parlamentares da esquerda latino americana e por entidades de direitos humanos vai desembarcar em San José, na Costa Rica, país vizinho a Nicarágua, para denunciar a ditadura Ortega/Murillo o MES – Movimento Esquerda Socialista será parte desta caravana, em nome do Bureau da IV internacional vamos compor a delegação conjuntamente com a CSR – parte da sessão da IV no México, MAS – Panamenho e com o MTC da Costa Rica.

Além de prestar solidariedade aos milhares de nicaraguenses exilados na Costa Rica, nossa missão e encontrar a ex-combatente Mónica Baltodano, com que nos últimos meses vimos trabalhando no sentido de denunciar as atrocidades da Ditadura Ortega/Murillo, articular com a bancada de parlamentares da Frente Ampla na Costa Rica novas iniciativas de apoio a resistência nicaraguense e finalmente, aos bordes da fronteira com a Nicarágua fazer um ato de protesto contra as violações de direitos humanos e as perseguições do regime familiar dos Ortega/Murillo.


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Pedro Micussi