Vitória indígena histórica no Equador
Vitória histórica indígena detém o boom do petróleo e da mineração na Amazônia.
Vitória histórica indígena detém o boom do petróleo e da mineração na Amazônia. Graças à mobilização dos povos indígenas, camponeses e do povo em geral, o governo concordou em reformar o Decreto 151 para deter a expansão da mineração e revogar o Decreto 95, restringindo a exploração e produção de petróleo em áreas protegidas. Além disso, uma plataforma de vários pontos alcançados pela mobilização indigena, camponesa e popular são o resultado de anos de luta (30 anos de revoltas indígenas e populares) e 18 dias de Greve Nacional.
Esta longa jornada de luta das organizações indígenas, além de produzir novas aprendizagens, gerou um questionamento sobre as lideranças dentro de suas organizações, deslocando e desmascarando com a mobilização, lideranças tóxicas que haviam submetido a luta histórica de suas organizações a patronal e a direita oligárquica, sob o triste e pueril argumento de impedir o retorno do “Correismo”.
Desta forma, uma nova e jovem direção, emcabeçada por Leonidas Iza, conseguiu recuperar a postura de luta de uma organização que havia sido amarrada por uma camarilha reacionária que havia transformado a luta histórica e combativa dos povos e nacionalidades originais do Equador em um estilo de vida.
Os acordos alcançados após 18 dias combativos de greve nacional, beneficiam toda a sociedade equatoriana, na medida em que uma redução e congelamento do preço do combustível, um aumento dos recursos para a obtenção de financiamento, o perdão de dívidas de até 3000 mil dólares dos camponeses empobrecidos, a redução de até 50% do valor de uma saca de uréia, a duplicação do orçamento para a educação intercultural além das propostas de uma reforma educacional que fortaleca o ensino em línguas nativas, bem como a melhoria da infra-estrutura educacional, etc., etc., etc.
Também está estabelecido que estes acordos alcançados serão implementados através do debate entre as organizações indígenas e camponesas, com o governo e mediadores do acordo durante os próximos 90 dias.
A mobilização também dá um golpe em um governo conservador que, em um ano de gestão, conseguiu a desaprovação de 87% dos equatorianos, além de enfraquecer as organizações políticas que, com seu voto ou cumplicidade, se alinharam com Laso.
O panorama político nacional consolida agora o movimento indígena e o “Correismo” como atores importantes frente as próximas eleições de “meio-tempo”, que acontecerão nos próximos meses, graças ao fato de que o bloco legislativo da UNES, como o Correismo é identificado no país, iniciou um processo de “muerte cruzada” que conseguiu somar 82 dos 137 membros doparlamento, enfraquecendo a capacidade de manobra do executivo e fortalecendo o Correismo como um ator fundamental contra o governo.
Mas a lição relevante é, sem dúvida, que nada é alcançado através da conciliação, mas através da mobilização e da luta do povo.