Em 17 de agosto, o subsecretário de Governo, Alejandro Encinas, apresentou o relatório preliminar emitido pela Comissão da Verdade e Acesso à Justiça de Ayotzinapa, lançado pela atual administração.

A informação divulgada mais uma vez derruba a suposta “verdade histórica” fabricada pelo ex-procurador Jesús Murillo Karam e outras autoridades federais para ocultar os fatos, e menciona algo muito importante vindo da boca de um representante do poder executivo federal: que a desaparição dos 43 estudantes é um crime de Estado. 

Este reconhecimento oficial é produto das enormes mobilizações nacionais e internacionais que acompanharam desde o primeiro momento os familiares e companheiros dos estudantes desaparecidos e que não se curvaram apesar dos embates dos governos durante estes anos. Milhares de pessoas solidariamente saíram às ruas exigindo a aparição dos estudantes com vida, punição aos culpados e assinalando com todas as letras que foi o Estado. 

Apesar de celebrarmos os avanços das investigações, a detenção de Murillo Karam e as ordens de apreensão emitidas contra militares e funcionários dos três níveis de governo, consideramos que o reconhecimento do caso Ayotzinapa como um crime de Estado deve passar obrigatoriamente pela investigação e punição dos que estavam a mando do Estado mexicano na época, lamentavelmente ausentes deste relatório: o ex-secretário da Defesa Nacional, Salvador Cienfuegos; o ex-secretário de Governo, Miguel Ángel Osorio Chong, e claro, o ex-presidente Enrique Peña Nieto.

Além disso, é necessário investigar a fundo o Exército, que se infiltrou na Normal Rural de Ayotzinapa com fins de espionagem, para que saia à luz em que outros movimentos sociais se infiltrou. 

Chamamos os movimentos, organizações populares e ativistas a seguir com a solidariedade com os pais, as mães e os companheiros dos 43 estudantes desaparecidos por todos os meios possíveis para possamos em breve localizar seu paradeiro, se esclareçam os motivos do crime, sejam punidos os responsáveis de maneira exemplar e nunca mais volte a acontecer algo semelhante no México.