Forças Armadas disseminam nova mentira sobre eleições
À Folha, militares anunciaram acordo com o tribunal para fazer apuração paralela de urnas. TSE desmentiu.
Em mais um aparente ato de desinformação do governo Bolsonaro, um dos principais jornais do país divulgou, nesta segunda-feira (12/9) a informação de que técnicos das Forças Armadas fiscalizariam, em tempo real, a totalização de 385 urnas nas eleições de 2 de outubro. A medida, inédita na história da democracia brasileira, teria sido autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo a Folha de S.Paulo, militares iriam a seções eleitorais em todo o país para fotografar o QR Code dos boletins de urna para o Comando de Defesa Cibernética do Exército, em Brasília, que faria um trabalho paralelo de contagem dos votos. O resultado seria comparado com os dados dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
Antes mesmo do fim da manhã, o TSE divulgou nota à imprensa desmentindo as informações repassadas por militares à mídia.
“O Tribunal Superior Eleitoral informa, em relação à apuração das eleições 2022, que não houve nenhuma alteração do que definido no primeiro semestre, nem qualquer acordo com as Forças Armadas ou entidades fiscalizadoras para permitir acesso diferenciado em tempo real aos dados enviados para a totalização do pleito eleitoral pelos TREs, cuja realização é competência constitucional da Justiça Eleitoral”, diz trecho do comunicado.
A Corte ainda reiterou que os Boletins de Urna (BUs) serão publicados na internet após o encerramento da votação “para acesso amplo e irrestrito de todas as entidades fiscalizadoras e do público em geral”. E ainda lembra que, “como ocorre há diversas eleições, qualquer interessado poderá ir às seções eleitorais e somar livremente os BUs de uma, de dez, de trezentas ou de todas as urnas”.
As tentativas desesperadas da extrema direita em burlar o processo eleitoral parecem crescer em volume, mas não é de hoje que o presidente Bolsonaro dissemina desconfiança nas urnas eletrônicas para contestar o resultado do pleito. Para a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), o mais chocante é que as repetidas situações – como o uso das cerimônias de 7 de setembro como palanque – não encontram consequência alguma nas instituições competentes.
“As informações desencontradas são parte de mais uma tentativa de Bolsonaro para confundir eleitores e ameaçar as eleições. É revoltante ver a extrema direita cometendo crimes eleitorais NENHUMA responsabilização”, protestou.
“Os militares brasileiros lideraram uma ditadura por mais de 20 anos. Eles não entendem de eleições democráticas, muito menos têm autoridade para moderá-las. Estamos atentos e seremos intransigentes com quem quiser tumultuar o resultado eleitoral e desrespeitar a vontade popular”, afirmou a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).