Parlamentares do PSOL repercutem tentativa de atentado contra Cristina Kirchner
Segundo deputados, ação é reflexo dos discursos de ódio propagados pela extrema direita.
A Polícia Federal Argentina está investigando o apartamento e as relações sociais do brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, que tentou disparar dois tiros contra Cristina Kirchner, vice-presidenta do país, na noite de quinta-feira, 1º de setembro. De acordo com informações preliminares, foram encontradas duas caixas de munição na residência do suspeito nesta sexta. O material passará por perícia, bem como o computador pessoal de Montiel, informou a juíza federal María Eugenia Capuchetti.
A tentativa de atentado ocorreu em frente à casa da vice-presidenta no bairro Recoleta, em Buenos Aires, capital argentina. As câmeras flagraram a imagem de Montiel apontando uma arma de fogo contra Kirchner quando ela descia do carro, que estava rodeado por populares. A arma, porém, falhou e ela saiu ilesa do local. O homem foi preso em flagrante.
A tentativa de assassinato foi repudiada por parlamentares do PSOL, que usaram as redes solciais para repercutir o episódio, qualificado por todos como um perigoso efeito colateral dos discursos de ódio da extrema direita.
“Gravíssimo o atentado que quase matou Cristina Kirchner. Informações apontam para a autoria de um brasileiro, o que só comprova as consequências mortíferas do discurso de ódio propagado por Bolsonaro. Que se investigue! Toda solidariedade à Cristina. Abaixo a violência política!”, afirmou a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
“A tentativa de assassinato contra Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, tem que ser condenada por todos. O discurso de ódio da extrema-direita apertou aquele gatilho, que, felizmente, falhou. A violência política ameaça a vida de todos os defensores da democracia!”, completou o deputado distrital Fábio Felix (PSOL-DF).
O que se sabe sobre o suspeito
Segundo o Ministério da Segurança da Argentina, o homem que tentou atirar em Cristina Kirchner é um brasileiro, filho de um chileno e de uma argentina, que mora no país vizinho desde 1993. Fernando Andrés Sabag Montiel tem 35 anos e recebeu autorização do país para trabalhar como motorista de aplicativo. O atirador já teria antecedentes criminais: foi detido em março de 2021, após ser flagrado com uma faca de 35 cm ao ser abordado por policiais dirigindo um carro sem placa.
Conforme o jornal La Nación, entre as páginas que Montiel seguia nas redes, havia muitas ligadas a grupos radicalizados ou de ódio. Havia curtidas em páginas como “Comunismo Satânico” e “Coach antipsicopata”. Em fotos que circulam na internet, o agressor exibe uma tatuagem de um Sol Negro e de uma cruz gamada, símbolos bastantes populares entre neonazistas. De acordo com a reportagem, o suspeito apareceu na TV duas vezes nas últimas semanas. Na Crónica TV, canal focado em reportagens ao vivo, ele fez críticas à classe política.
Montiel será recolhido a uma penitenciária federal enquanto durar o processo. Ainda não há informações sobre o que o suspeito disse em depoimento à polícia.