Voto crítico em Décio e Bia para enfrentar o bolsonarismo em Santa Catarina

Voto crítico em Décio e Bia para enfrentar o bolsonarismo em Santa Catarina

Em um dos estados que mais apoia Jair Bolsonaro, a esquerda socialista não pode ficar à mercê dos erros da precária maioria no PSOL-SC, que tentou fazer seus acordos com e fracassou. É necessário chamarmos voto crítico no petismo local.

Márcio Vargas 26 set 2022, 17:43

A fragmentação das direitas catarinenses está evidenciada em pesquisas de opinião, como indicamos anteriormente, mas ignorado pela precária maioria partidária do PSOL-SC. Refletimos sobre a disputa local e a necessidade de uma alternativa socialista, mas os acordos de gabinete prevaleceram e ficamos sem alternativa. Também falhou nosso acúmulo possível no campo à esquerda do PSOL-SC, que inviabilizou ocuparmos o vácuo e termos uma chapa com uma governadora e senadora, sem pudor de ser o PSOL com Lula e na luta. Agora, a maioria das candidaturas proporcionais do PSOL faz uma chamada tímida de voto em Décio e Bia, para o governo estadual ou deixa vazia essa posição, refletindo os erros da maioria na direção e perdendo a necessidade de enfrentarmos o bolsonarismo, nesse caso, nas urnas. Ainda há tempo de chamarmos voto crítico para afrontar o bolsonarismo em Santa Catarina.

É necessário, mesmo nessa reta final de campanha, oportunamente, trazer um elemento sobre como a maioria, burocraticamente estabelecida no 7º Congresso do PSOL, não consegue mais ser direção de fato em Santa Catarina. A reunião extraordinária do Diretório Estadual, que chancelou termos apenas candidato para senador, foi uma derrota política para a maioria formal: foram 13 votos favoráveis e 14 votos em abstenção. Fizemos a mediação possível para mantermos um mínimo de unidade interna para encararmos a eleição burguesa, pela construção partidária, a despeito da degeneração do setor que garante a maioria em SC com a corrente majoritária.

Não temos muitas opções sobre como decidir o voto para governador em Santa Catarina. As candidaturas são: o atual governador, dito ex-bolsonarista, mas do mesmo partido do Mourão; o senador cloroquiner, que quer ser exclusivo do Jair; o ex-prefeito de Floripa, do asfaltaço/zero-saneamento, declarado bolsonarista também, da terceirização do serviço público, do arrocho dos servidores e etcétera; o chefe de um dos “clãs tradicionais de SC”, ex-governador, ex-prefeito, atual senador em meio de mandato; e, dentre os outros (dos liberalóides até a esquerda auto proclamatória), a apagada figura pública da CNB/PT, associada ao golpista/senador convertido à centro-esquerda, pretendendo a reeleição, mas aceitando qualquer coisa no possível próximo governo Lula. Em resumo: é o fim da várzea!

A esquerda mequetrefe de Santa Catarina, ou seja, aquela que mantém pequenos poderes para satisfazer “seu” status quo, tanto como petistas “tradicionais”, quanto pelos psolistas que preservam mais suas “amizades” de décadas, têm em comum a necessidade de manter esse pequeno poder. Isso foi decisivo para determinar a falta de alternativa à esquerda, pois nosso melhor quadro, enquanto expressão pública, esperou ser o senador do Lula e agora se regozija com as vaias no comício ao golpista. Em vista dos erros de método como o próprio petismo enfiou goela abaixo o senador golpista para a reeleição na base petista, nosso candidato a senador tem todas as condições de absorver uma parte do voto do petismo e alcançar o melhor desempenho do partido em eleições para o Senado em SC, mas qual o acúmulo para o PSOL?

Talvez, seja importante lembrar o porquê do PSOL-SC não termos candidaturas majoritárias, como defendemos no 7º Congresso do PSOL:

“Precisamos estar cientes do nosso peso para eleição de 2022, somos um aguerrido, mas ainda um pequeno partido em SC. Por isso, é fundamental fazermos da disputa eleitoral uma momento de ecoar as lutas nas quais estamos envolvidos, utilizando das eleições para a disputa de consciência de setores da classe trabalhadora com baixa organicidade, tendo cara própria: das mulheres, dos indígenas, da negritude, das LGBTs e da juventude. Nesse sentido, defendemos candidatura própria do PSOL para governadora, vice-governadora e senadora, com proporcionais alcançando as diferentes regiões do estado, numa verdadeira campanha militante.”

Entretanto, é necessário fazer justiça à nossa precariedade de organização na esquerda socialista. Desde organizações que se anularam no último Congresso, até aquelas que fazem apenas figuração na direção partidária. Mantendo essa postura, não há como não definir como parte dessa esquerda mequetrefe, referida anteriormente, também quem privilegia exclusivamente sua autoconstrução.

Nesse momento específico, há um desafio relativamente fácil de superar em SC. Temos peso social suficiente para, pelo menos, eleger um/a deputada/o estadual: é fato! 3 cadeiras na câmara da capital, diretórios municipais importantes organizados, ou se reorganizando, uma chapa potencializada, tanto entre estaduais, quanto em federais, principalmente pela resolução nacional de apoio às mulheres, à negritude, às LGTQIA+, com apoio local a uma baita liderança indígena, mandatas coletivas pulsantes e várias lideranças locais e regionais dando a cara à tapa nesse estado que muitos acham que é exclusivamente bolsonarista. Esse é o momento de colocarmos nossa cara na ALESC!

Mas, falta ainda uma coisa: precisamos chamar voto crítico e declarado em Décio e Bia. Não podemos nos resumir ao acesso à coxia do comício, enquanto o PSOL é ignorado e não sobe ao palco com Lula e Dilma, pois isso é sobre o erro reiterado dessa direção decadente. É sobre enfrentar o proto-fascismo. Assim como não esperamos uma ruptura revolucionária com Lula e seremos Oposição de Esquerda, tampouco esperamos que sequer Décio faça um enfrentamento decente ao bolsonarismo em SC, mas é uma batalha importante, nessa Santa Catarina dita bolsonarista, envidaremos nossos esforços para que, talvez, a pujança que tem Lula, arraste Décio e Bia para o 2º turno.

Não é tempo de vacilação: por voto crítico em Décio e Bia.


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